TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Brisa

Ao entrares nesta casa:
tira as sandálias,
bate os pés,
sacode os ombros.

Este lar é sagrado.

Apesar das fissuras nas paredes
das nódoas no teto
da poeira, dos bichos
e dos sonhos:
este lar é sagrado.

Se não gostas da minha voz
não suportas o meu silêncio
odeias minha poesia:

tira as sandálias,
bate com mais força os pés
e lança distante teus ombros.

Eu te darei um abraço em brasa
que te queimará a alma
e desabará tua mente
em frangalhos.

Se pensas meu inimigo
logo deixarás de sê-lo.

Reflete,
pois se vier
ao teu coração receio:

vai-te,
põe-te para fora

e leva com o vento
o suor da tua mão

que tocara
minha porta.

Um comentário:

Íris Pereira de Souza disse...

Quero-me sempre tua amiga
quero-me sempre descalça
quero-me sempre limpa e arrumada
pronta pra receber teu abraço gelado, nunca em brasa...
Sinto tua falta em minha casa
vai a porta está sempre aberta
aias, não tem porta só tem uma entrada.
Receber-te irei com abraço quente, mas não te queimarei...
Íris Pereira