TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um só povo, uma só nação Cariri - Por José Nilton Mariano Saraiva

Se, enquanto teoria, a criação da Região Metropolitana do Cariri conseguiu ludibriar muita gente, através da propagação de mentiras e devaneios mil, na prática, a partir do momento em que passou a ser operacionalizada, converteu-se em um colossal embuste, uma farsa sem tamanho, uma nua crua e indigesta realidade. 

Fato é que, para camuflar a escolha de uma única cidade (Juazeiro do Norte) como receptora preferencial dos investimentos governamentais ao sul do Ceará (assim como o fizera com Sobral, ao norte), o Governo do Estado contou com uma legião de treinados e amestrados “multiplicadores” (deputados estaduais da sua base e secretários de Estado) que, hipócrita e irresponsavelmente, saíram às ruas a dourar a pílula, alardeando, difundindo e propagando as futuras benesses advindas da criação da Região Metropolitana do Cariri; só que, internamente, entre quatro paredes, já havia a determinação política em se evitar a pulverização dos investimentos governamentais entre as diversas cidades da Região do Cariri (desprovidas do “componente político”), centrando-os em uma só urbe, na ilusória (ou mafiosa) perspectiva que os benefícios fluiriam e se espraiariam entre as demais comunidades (naquela ocasião, alertamos aqui sobre o perigo da passividade com que aquela conversa mole passara a ser digerida, o que nos valeu diversos rótulos desabonadores: bairrista, conservador, retrógrado e tal). 

Mas foi assim, verbalizando tal lorota (em alto e bom som), diuturnamente, e valendo-se de um pseudo “regionalismo” alavancador do progresso, que foram criados e passaram a operar em Juazeiro do Norte (e só em Juazeiro) o Aeroporto Regional de Cariri, o Hospital Regional do Cariri, a sede regional da Receita Federal, o campus regional da UFC/Cariri, a delegacia regional da Polícia Federal, a unidade regional da Receita Federal e tudo o mais que pudesse ser rotulado de “regional”, obstaculando qualquer tentativa de descentralização; tudo tinha obrigatoriamente que ser em Juazeiro (posteriormente, na esteira do prestígio chancelado pela preferência governamental, os empreendimentos privados foram apenas conseqüência). Quanto às demais cidades da região (inclusive e principalmente o Crato), ficaram a ver navios, a esperar por quem não ficou de vir, e tendem à estagnação absoluta, à involução, a virarem meros satélites errantes a vagar sem rumo e sem norte na órbita juazeirense. 

O mais estapafúrdio nisso tudo é que, à época da criação da tal Região Metropolitana do Cariri, por deslavada conveniência política, falta de justificativa consistente para esconder o marasmo administrativo, ou mesmo na vã tentativa de justificar o injustificável, os (maus) cratenses, inclusive e principalmente suas atuais autoridades constituídas (que deveriam, sim, ser responsabilizadas pelo estágio a que chegamos), convencionaram e passaram a adotar o cretino bordão de que, como éramos “UM SÓ POVO, UMA SÓ NAÇÃO CARIRI”, o progresso e a aura desenvolvimentista viriam de forma equânime, igualitária, simétrica (e ai de quem ousasse pensar diferente).

Deu no que deu. E como o esvaziamento do Crato é notório e acachapante, hoje, hipocritamente, as mesmas autoridades e formadores de opinião que engoliram o bolo sem mastigar, que teceram loas àquela criminosa ação governamental, que se deixaram bovinamente estuprar intelectualmente, que se extasiaram com o canto da sereia, e que covardemente se omitiram em questões cruciais, posam de indignados, choram ante as câmeras, manifestam surpresa, reclamam do tratamento “desigual” a que foram submetidos Crato e as demais cidades da região. 

Pura hipocrisia, deplorável jogo de cena, falsidade em estado latente.

E Juazeiro do Norte, que nasceu, cresceu e tonificou-se à sombra de um grande embuste, uma farsa grotesca (o tal do “milagre da hóstia”), continua adotando e valendo-se do mesmo heterodoxo “modus operandi”, da mesma estratégia suspeita de tramar na calada da noite, que o catapultou à condição de centro receptor de tudo que provém do poder central estadual (com a inestimável colaboração do “componente político”).

Quando vamos reagir ???


 

Um comentário:

Anônimo disse...
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