Na verdade a decisão das eleições acontecerá apenas no domingo. Os candidatos, a militância e toda máquina montada da campanha continuarão ativos até o domingo à noite. Depois a militância de um dos lados comemora, a outra lamenta, mas vida que segue. Apenas quero dizer que nada ainda decidiu-se. Isso o eleitor é quem dirá e não a opinião de quem quer que seja.
De qualquer modo não deixa de ser estranho que um articulista da Folha de São Paulo, que tanto agrediu a situação nesta disputa, publique o que publica. Além de quase afirmar o que ocorrerá no próximo domingo, ele começa a pôr a culpa em José Serra. Que por ser o candidato se torna o alvo, mas não é apenas ele: é o PSDB e os partidos coligados. Além dele são os mecanismos criados pela internet, são instituições ou partes delas escolhendo temas e veiculando, são as pessoas que acreditam na prática, enfim, é uma imensidão que caberia em tal qualifação do Fernando de Barros, que pega mal este tipo de jogar pedra no Serra.
Aliás isso já será a antecipação do que os correligionários dirão do candidato caso ele não vença. Leiam o artigo da Folha:
Da Folha
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Jogo estranho
SÃO PAULO - Este foi um segundo turno estranho. Digo "foi" porque há a sensação de que, além de estranho, já acabou. Por exaustão. Por carência de ideias. Por excesso de chatice. Pelas falsas polêmicas...
Acabou, antes de mais nada, porque Dilma Rousseff deve ser eleita no domingo, a não ser que José Serra produza em cinco dias o milagre que não foi capaz de fazer desde que se lançou, em abril.
Tem-se, hoje, a impressão de que o tucano não encontrou o tom da campanha e esgotou suas armas. Quais foram elas? Um capacete na cabeça e um crucifixo na mão.
Insistência no tema do aborto, com o trololó religioso que durou semanas, e a valorização estridente da agressão de que foi vítima no Rio são sintomas de um candidato sem foco, desesperadamente em busca de algo em que se agarrar.
Só isso explica, também, o acesso populista do tucano austero, que promete elevar o salário mínimo a R$ 600, aumentar em 10% o valor da aposentadoria e pagar 13º para os beneficiários do Bolsa Família. Serra quis parecer o Lula do Lula.
Mobilizando a agenda conservadora ou mimetizando a pauta petista, o tucano apostou sempre e tão somente em si mesmo, na sua capacidade de fazer, mandar, decidir.
Pode soar estranho, porque se trata de um personagem doente de tão racional, mas Serra é um candidato com forte traço messiânico.
Mas o que ou quem ele quer salvar? Os pobres? A democracia? Os valores da família? A nossa fé? Apesar de ser mais aparelhado do que sua adversária, o tucano se desvirtuou no processo eleitoral, sem, no entanto, conseguir romper o encanto do lulismo nem propor uma discussão séria do país, que fosse além da sua obsessão pessoal.
Parece mais fácil (é essa a inclinação da maioria) atribuir a provável derrota tucana aos "erros" do candidato, e não às dificuldades objetivas de enfrentar a escolhida de Lula na conjuntura atual. Serra colaborou para que as pessoas cometessem essa injustiça com ele.
De qualquer modo não deixa de ser estranho que um articulista da Folha de São Paulo, que tanto agrediu a situação nesta disputa, publique o que publica. Além de quase afirmar o que ocorrerá no próximo domingo, ele começa a pôr a culpa em José Serra. Que por ser o candidato se torna o alvo, mas não é apenas ele: é o PSDB e os partidos coligados. Além dele são os mecanismos criados pela internet, são instituições ou partes delas escolhendo temas e veiculando, são as pessoas que acreditam na prática, enfim, é uma imensidão que caberia em tal qualifação do Fernando de Barros, que pega mal este tipo de jogar pedra no Serra.
Aliás isso já será a antecipação do que os correligionários dirão do candidato caso ele não vença. Leiam o artigo da Folha:
Da Folha
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Jogo estranho
SÃO PAULO - Este foi um segundo turno estranho. Digo "foi" porque há a sensação de que, além de estranho, já acabou. Por exaustão. Por carência de ideias. Por excesso de chatice. Pelas falsas polêmicas...
Acabou, antes de mais nada, porque Dilma Rousseff deve ser eleita no domingo, a não ser que José Serra produza em cinco dias o milagre que não foi capaz de fazer desde que se lançou, em abril.
Tem-se, hoje, a impressão de que o tucano não encontrou o tom da campanha e esgotou suas armas. Quais foram elas? Um capacete na cabeça e um crucifixo na mão.
Insistência no tema do aborto, com o trololó religioso que durou semanas, e a valorização estridente da agressão de que foi vítima no Rio são sintomas de um candidato sem foco, desesperadamente em busca de algo em que se agarrar.
Só isso explica, também, o acesso populista do tucano austero, que promete elevar o salário mínimo a R$ 600, aumentar em 10% o valor da aposentadoria e pagar 13º para os beneficiários do Bolsa Família. Serra quis parecer o Lula do Lula.
Mobilizando a agenda conservadora ou mimetizando a pauta petista, o tucano apostou sempre e tão somente em si mesmo, na sua capacidade de fazer, mandar, decidir.
Pode soar estranho, porque se trata de um personagem doente de tão racional, mas Serra é um candidato com forte traço messiânico.
Mas o que ou quem ele quer salvar? Os pobres? A democracia? Os valores da família? A nossa fé? Apesar de ser mais aparelhado do que sua adversária, o tucano se desvirtuou no processo eleitoral, sem, no entanto, conseguir romper o encanto do lulismo nem propor uma discussão séria do país, que fosse além da sua obsessão pessoal.
Parece mais fácil (é essa a inclinação da maioria) atribuir a provável derrota tucana aos "erros" do candidato, e não às dificuldades objetivas de enfrentar a escolhida de Lula na conjuntura atual. Serra colaborou para que as pessoas cometessem essa injustiça com ele.
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