Nesta semana os Estados Unidos anunciaram, com estardalhaço, a morte de Osama Bin Laden. Nova York comemorou na Time Square como se tratasse do Dia de Ação de Graças. Uma alegria não muito diferente daquela que invadiu o Iraque , nove anos atrás, quando ruíram as Torres Gêmeas. A mídia internacional elogiou seguidamente a ação militar , transparecendo , claramente, que o terrorismo mundial findava com o extermínio puro e simples do inimigo público número 1. Os britânicos estamparam manchetes: “Covarde até na morte”, interpretando informação , depois desmentida, de que Osama teria usado a mulher como escudo, no ato final da sua vida. Como se um fanático fundamentalista temesse a morte ou qualquer uma outra coisa além do afastar-se de seus rígidos e pétreos princípios Os europeus, mais sensatos, perceberam que haviam ganho comido um pequeno peão no imenso jogo de xadrez da política do internacional. O presidente Obama, em plena campanha de reeleição, posou de John Weyne, após o pretenso duelo final deste faroeste de longuíssima metragem.
Pois bem, aqui deste nosso fim de mundo, junto às botas que Judas perdeu, vamos refletir um pouco sobre esta Paixão profana: cheia de muitos Pilatos, tantos beijos falsos, vários Caifás, muitas crucificações ,poucos anjos e nenhum Messias. Não é por mera coincidência que apenas uma mera consoante separa Obama de Osama. Nesta sintaxe é impossível saber se o “B” que existe em um é o de bonzinho, boçal ou de besta-fera , bem como o “S” que o outro ostenta representa o sabido, sacana ou satanás. Obama não é o que ele é, mas o que ele representa. Terrorista ,cada um a seu modo, eles são extremidades que se tocam e soltam faíscas. Porque, amigos, terrorismo é sempre uma estrada de mão dupla e, no final, é sempre a população civil que paga diretamente pelos erros cometidos lado a lado. Tão injustificável quanto as mais de 3000 mortes do World Trade Center, são as incontáveis perdas causadas pelo imperialismo capitalista no Terceiro Mundo, com sua política colonialista e predatória. Basta lembrar que só na invasão do Iraque, segundo a Opinion Research Business (ORB), mais de um milhão e duzentas mil vidas foram sacrificadas de forma violenta. Buscava o que o bravo exército norte-americano ? Uma arma de destruição em massa que só depois se percebeu chamava-se : Petróleo.
Há um outro ponto que precisa ser lembrado. A cavalaria perseguiu Bin Laden por quase dez anos. Com toda tecnologia quase não consegue encontrá-lo. Ele se tornou o campeão mundial de esconde-esconde. Por que a dificuldade? Um dos fatores mais importantes é o fato de que tentavam capturar um mito e que contava com a cumplicidade de todo universo islâmico.
O terrorismo acaba com Bin Laden? De maneira alguma! Do mesmo jeito que a pretensa guerra contra o terror não acabaria com o desaparecimento eventual de Obama . Assim como o Arraial de Canudos não acabou com a morte do conselheiro: apenas se mudou para as favelas. O cangaço não se findou em Angicos, tão-somente subiu os morros e urbanizou-se. A Guerra contra o terrorismo só acabará quando cessar o terrorismo nas duas mãos da rodovia. Enquanto isso viveremos um conflito pleno de lágrimas derramadas de lado a lado e alguns enganadores intermezzos em que o povo comemorará uma vitória fictícia, sem perceber que a próxima bomba já se encontra com o estopim chiando.
J. Flávio Vieira
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