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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Adriano Brito – Uma viagem artística

Derivado da serra do Cariri, Adriano mergulha na relação campo e cidade para imergir na inquietação artística e estética. Um artista que busca nas suas viagens reflexivas uma arte para “embelezar a cidade, entretenimento e fazer o povo pensar”.

Alexandre Lucas - Quem é Adriano Brito?

Adriano Brito - Cratense que viveu 15 anos na roça ajudando ao pai, pescando e caçando passarinho, e mais tarde urbano formado em Letras, casado e com três filhas.

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Adriano Brito - Sempre fui envolvido com artesanato, escultura em casca de cajá, fazia colares com argila e outras coisas também, mais tarde quando comecei na faculdade tive a oportunidade de ir aprendendo mais com os livros e comecei a ver exposições, cinema de arte, a ter contato com artistas caririenses e do Brasil através do SESC num estágio que fiz, então acho que desde criança já estava em contato com a arte, sempre viajei nas formas que os tocos, pedras, insetos tinham e isso nos acompanha no processo artístico, hoje Apolo e Dionísio andam de mãos dadas.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Adriano Brito - Eita, é muita gente e bicho. Mas gosto muito de Patativa, Mestre Noza mais uma infinidade de artistas caririenses, os elementos armoriais na arte, Van Gogh é um mestre, Basquiat, Hélio Oiticica e muitos e muitos outros.

Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória?

Adriano Brito - Se fosse pra começar da barriga de mãe... venho fazendo teatro desde 2008, graffiti stencil e xilogravura desde 2009.

Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?

Adriano Brito - Qualquer coisa que você faça está ligada a uma política ou de vida particular ou atuação social. Acho que tudo é válido quando é pro bem e acredito que a arte é uma ferramenta que pode mudar vidas e tento passar o que penso e sinto através dela e tenho isto como um ato político, é "minha" mensagem não partidária.

Alexandre Lucas - Você é um artista que busca fugir da mesmice. Você acredita que isso é próprio da arte contemporânea?

Adriano Brito - Não, eu acredito no se arriscar, sair da zona de conforto, experimentar novos materiais, novas linguagens e isto é válido pra mim, porque na verdade, o que importa é ser verdadeiro e feliz no que faz, seja pintando natureza morta ou fazendo intervenção urbana.

Alexandre Lucas - Como ocorre os estudos para seus trabalhos de arte?

Adriano Brito - Vendo trabalhos de amigos e de outros, na internet, nos livros, nas pessoas e objetos que observo por onde passo e no exercício prático contínuo.

Alexandre Lucas - Além das artes visuais, você começou a fazer um trabalho no campo do teatro. Fale deste trabalho.

Adriano Brito - “Poizé” , faço parte de um grupo chamado Armadilhas Cênicas, no qual buscamos um processo de montagem a partir de textos literários, mesclar outras linguagens visuais no trabalho, enfim, experimentar sempre.

Alexandre Lucas - Como você ver a produção de artes visuais no Cariri?

Adriano Brito - Temos artistas maravilhosos de longa jornada e vários novos artistas, assim como eu, as coisas melhoraram com a implantação da escola de artes, com o Centro Cultural Banco do Nordeste, o SESC, mas acima de tudo vejo os artistas criando seus espaços, já temos uma cena de arte urbana, de cinema, mais grupos de teatro e sinto que está começando a criar uma consciência de mercado de arte na região. Precisamos de uma politíca pública mais envolvida com as artes, talvez se freqüentassem mais os espaços de arte e menos restaurantes e shoppings, criariam gosto pela coisa.

Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Adriano Brito - Embelezar a cidade, entretenimento e fazer o povo pensar.

Alexandre Lucas - Você acredita que as artes ainda é elitizada?

Adriano Brito - Não, até mesmo porque todo menino hoje vai à uma lan house e vê arte na internet e podem até conversar com artistas, o que falta é uma política educacional voltada pra arte, as escolas possibilitarem isso, levar as crianças para as galerias, teatros, fazerem aulas práticas. Hoje é fácil levar um artista para a sala de aula ou levar as crianças à um ateliê, agora isso depende da cultura dos educadores.

Alexandre Lucas - Como torna a arte acessível para o povo?

Adriano Brito - Através de políticas educacionais, começando pela mobilização das escolas em garantir o acesso, professores ousados, instituições com prograções externas e o artista fazer arte na rua.

Alexandre Lucas - Quais os seus próximos trabalhos?

Adriano Brito - Estou no momento muito envolvido com linguagem gráfica e teatro, com projetos nas duas vertentes que levarão um bom tempo de processo.

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