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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A consagração de Lula pela intelectualidade francesa

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma recepção de pop star hoje, em Paris, durante a cerimônia de entrega do título de doutor honoris causa pelo Instituto de Estudos Políticos (Sciences-Po), o maior da França. Em seu discurso, o ex-chefe de Estado enalteceu o próprio mandato e multiplicou os conselhos aos líderes políticos da Europa, que atravessa uma forte crise econômica.
Antes, durante e depois, Lula foi ovacionado por estudantes brasileiros, na mais calorosa recepção da escola desde Mikhail Gorbachev. A cerimônia foi realizada do auditório do instituto, com a presença de acadêmicos franceses e de quatro ex-ministros de seu governo: José Dirceu, Luiz Dulci, Márcio Thomaz Bastos e Carlos Lupi. Vestido de toga, o ex-presidente chegou à sala por volta de 17h30min, acompanhado de uma batucada promovida por estudantes. Ao entrar no auditório, foi aplaudido em pé pela plateia, aos gritos de "Olé, Lula". Em seguida, tornou-se o primeiro latino-americano a receber o título da Sciences-Po, já concedido a líderes políticos como o tcheco Vaclav Havel.
Em seu discurso, o diretor do instituto, Richard Descoings, se disse "entusiasta" das conquistas obtidas pelo Brasil no mandato do petista. "O SENHOR LUTOU PARA QUE O BRASIL ALCANÇASSE UM NOVO PATAMAR INTERNACIONAL", disse, completando: "NÃO É MAIS POSSÍVEL TRATAR DE UM ASSUNTO GLOBAL SEM QUE AS AUTORIDADES BRASILEIRAS SEJAM CONSULTADAS".
Autor do "elogio" a Lula - o discurso em homenagem ao novo doutor -, o economista Jean-Cluade Casanova, presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas, LAMENTOU QUE A EUROPA NÃO TENHA UM LÍDER "DE TRAJETÓRIA POLÍTICA TÃO ILUMINADA". Cssanova pediu ainda que Lula aproveitasse sua viagem para "DAR CONSELHOS AOS EUROPEUS" SOBRE GESTÃO DE DÍVIDA, DÉFICIT E CRESCIMENTO ECONÔMICO.
Lula aceitou o desafio e encarnou o conselheiro. Em um discurso de 40 minutos, citou avanços de seu governo, citando a criação de empregos, a redução da miséria, o aumento do salário mínimo e a criação do bolsa família e elogiou sua sucessora, Dilma Rousseff. "Não conheço um governo que tenha exercido a democracia como nós exercemos", afirmou, no tom ufanista que lhe é característico. Então, lançou-se aos conselhos. Primeiro criticou "uma geração de líderes" mundiais que "passou muito tempo acreditando no mercado, em Reagan e Tatcher", e recomendou aos líderes da União Europeia que assumam as rédeas da crise com intervenções políticas, e não mais decisões econômicas. "Não é a hora de negar a política. A União Europeia é um patrimônio da humanidade", reiterou.

ANDREI NETTO, CORRESPONDENTE - Agência Estado

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