Em Fortaleza, num desses ambientes onde se reúnem mulheres a serem cortejadas, ela era unanimidade e compreensivelmente pra ela convergiam os olhares, as fantasias e os corações daqueles alegres e falantes marmanjos, todos já “encharcados” de álcool até o gogó. Assim, presumindo que com o nosso estilo discreto e reflexivo dificilmente conseguiríamos algo ante tantas feras de porte atlético privilegiado e verborragia (teoricamente) envolvente, preferimos ficar na nossa, observando o ambiente, curtindo o som e “deglutindo” uma geladinha.
De repente, às nossas costas, aquele toque suave no ombro; e, ao virarmos pra conferir, deparamo-nos com o mais belo (embora discreto) sorriso que alguém possa imaginar, seguido da sussurrada e inolvidável indagação: “E você, não quer ficar comigo ???”.
Foi assim que conhecemos a meiga Maria de Fátima.
Altura mediana, clara, cabelos castanhos, olhos discretamente ao estilo japonês, nariz perfeito, dentes impecavelmente alvos, lábios carnudos e... “cheinha”. Já no quarto, ao desnudar-se, uma visão deslumbrante, arrebatadora, digna de ser retratada por um desses pintores clássicos e posta num pedestal pra ser admirada por gregos e troianos: seios medianos e rijos, cintura fina, coxas firmes e pra lá de torneadas. Enfim, tudo no lugar. Uma deusa da perfeição.
Super-carinhosa, fala mansa, conversa aprumada, de pronto bateu aquela sinergia entre nós. A ponto de, ainda na cama, lhe indagarmos (com sinceridade d’alma) a “razão” ou o “por que” de uma mulher tão bela e educada freqüentar um local daqueles; de onde ela era; de qual família e por aí vai. Surpresa, ela afirmou que era a primeira vez que alguém fazia tais tipos de perguntas pra ela, que nunca alguém procurara saber da sua intimidade, que, enfim, encontrara alguém “diferente”.
Pra encurtar a conversa: na segunda vez que a procuramos ela simplesmente largou tudo, sob protestos da cafetina, e fomos curtir a vida em pleno dia, terminando por encontrar abrigo em nosso apartamento de solteiro (onde ela aprendeu, a partir de então e durante meses, a dormir “empacotada” em nossas camisas de seda – de mangas longas - que achava... ”gostosas”).
Em represália, fomos proibidos de adentrar o tal ambiente, já que os “seguranças” tinham ordem expressa de “baixar a cacete”, se fosse necessário; então, conjuntamente, arquitetamos que bastavam dois toques na buzina pra que ela “se mandasse” dali. E assim foi feito, a partir dali.
Foram meses de felicidade plena, durante os quais freqüentávamos, de mãos dadas e sorriso no rosto, qualquer lugar que “desse na telha”, sem nenhum constrangimento de encontrar algum desses barões que com ela houvesse se relacionado.
Mas...
De repente, a meiga Maria de Fátima sumiu, evaporou-se, tomou Doril, escafedeu-se, deixando-nos literalmente na orfandade (deve ter havido algo de sério e grave, que jamais saberemos).
Hoje, apesar de casado (em processo de separação) e com dois belos filhos já adultos, tal qual os William Bonner da vida não cansamos de (mentalmente) perguntar: onde anda você, Maria de Fátima ???
Quantas saudades...
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