O título desta entrevista é o mesmo do livro lançado recentemente pela Civilização Brasileira pelo Professor e Economista José Carlos de Assis, pelos professores e matemáticos Francisco Antonio Dória, Marcelo Tsuti e Nilton da Costa. Como se trata de uma entrevista longa para um blog, resolvi reparti-la em três partes, mas publicá-las simultaneamente no mesmo dia. Para facilitar a leitura vou publicar na ordem inversa para que o leitor tenha uma sequência de postagens que obedeça à sequência cronológica da entrevista.
O esforço em passar a gravação para o texto tem por destino a leitura de professores e alunos de economia, mas serve para todos nós que fomos inundados pela teoria Neoliberal e transformada em bandeira ideológica desde a segunda metade dos anos 80. Outra explicação importante: a alma do Neoliberalismo, ou liberalismo, se encontra na famosa frase de Adam Smith de que os comportamentos egoístas das pessoas no mercado levariam necessariamente a um equilíbrio.
Em primeiro lugar o mercado é um fenômeno do capitalismo e o seu equilíbrio é uma condição histórica essencial à sua sobrevivência. O que os liberais transformaram em verdadeiro teorema matemática foi a idéia de que o equilíbrio viria pela própria dinâmica dos agentes do mercado. Aquele famoso matemático da Teoria dos Jogos, Johnny Nash, que demonstrou que jogadores em suas táticas individuais tenderiam com o tempo a equilibrar o jogo já que ninguém extrairia mais vantagens com novas medidas. O Nash é conhecido de todos, é aquele personagem do filme Uma Mente Brilhante.
Pois então, a entrevista é uma boa crítica ao neoliberalismo e no final é revelado um grande tento da matemática brasileira. Três brasileiros acabam de elaborar um teorema matemático em que demonstram que é impossível determinar se um mercado atingiu um ponto de equilíbrio ou não. Afinal o Neoliberalismo tem se revelado cada vez mais uma artimanha política dos ricos para preservarem suas riquezas em detrimento do bem estar social e dos direitos sociais. A Europa que o diga.
A ENTREVISTA
Um livro que debate a crise mundial é O Universo Neoliberal em Desencanto. Os professores Francisco Antonio Dória, doutor em matemática e física e o Professor José Carlos de Assis da Universidade Estadual da Paraíba que é economista.
O Professor José Carlos de Assis assim sobre o que seja o neoliberalismo: para ser bem simples o neoliberalismo é uma espécie de conspiração dos ricos para pagar menos impostos. Na verdade é um esforço para você destruir o Estado de Bem Estar Social onde ele foi construído que foi principalmente na Europa. Está baseado em dois princípios, duas teses: o Estado Mínimo e a Auto-regulação dos Mercados. O Estado Mínimo entende-se um Estado financiado basicamente pela comunidade das populações e cada vez menos pelos ricos. Estão cada vez pagando menos impostos. Este Estado mínimo não responde ou responde cada vez menos por obrigações sociais e direitos sociais. A Auto-regulação dos Mercados é a idéia de que o capital pode se regular. O capital deve ter liberdade absoluta de aplicação e circulação independentemente de objetivos sociais e de objetivos políticos mais amplos. É claro que tem outras instâncias em que se deve apreender o neoliberalismo com, por exemplo, a idéia de Banco Central Independente. Que cai no mesmo princípio, o Banco Central Independente é um Banco Central que é fundamentalmente a favor dos ricos. Quer dizer a favor da riqueza da preservação da riqueza líquida em detrimento muitas vezes do crescimento econômico.
A opinião do Professor Francisco Antonio Dória sobre o que é o Neoliberalismo. Neoliberalismo obviamente é um termo pejorativo. Neoliberalismo é o nome que a gente dá pejorativamente à teoria Neoclássica Econômica, que o estudante de economia também conhece como Teoria Microeconômica. E o conceito central dessa teoria que é bem diferente da Macroeconomia praticada pelos grandes economistas clássicos etc. incluindo-se aí nos clássicos o Marx, é o Mercado. O Mercado é uma entidade abstrata que supostamente calcula, aloca de maneira eficiente, distribui, realiza as benesses do sistema econômico automaticamente e sem que ninguém precise se preocupar. É uma visão deturpada da mão invisível de um grande clássico Adam Smith que diz expressamente a mão invisível é o seguinte. Cada um age de maneira egoísta, mas o resultado é o bem comum. É uma visão utópica que a gente sabe através de experiências feitas com sistemas econômicos controlados que não funcionam. Isso é o neoliberalismo.
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