TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 13 de março de 2012

"Bons Alunos" ??? - José Nilton Mariano Saraiva

O livro “Os Cabeças de Planilha” (Luis Nassif), põe a nu e desmascara um dos nossos heróis de infância, tal a gravidade das revelações desconcertantes e estarrecedoras sobre Rui Barbosa, o nosso "Águia de Haia", quando este “esteve” Ministro da Fazenda de Deodoro da Fonseca.
Há que se atentar, por dever de justiça, que em nenhum momento se colocou em xeque ou se tentou “desqualificar-desconstruir” a figura do “INTELECTUAL” Rui Barbosa, subtrair os méritos do mundialmente conhecido “Águia de Haia” ou negar o valor do nosso herói da infância; até porque seria pouco inteligente e se estaria a navegar na contramão da história.
Isto posto, preservando o mito, deixando-o imune à polêmica que decerto geraria e, até, blindando-o hermeticamente, a minuciosa pesquisa foi feita em cima do “HOMEM”, do “MORTAL” e, especificamente, do “POLÍTICO”, Rui Barbosa.
E o resultado que emerge é de deixar qualquer um grogue, de queixo caído e aparvalhado ante o surgimento de uma figura tão desonesta, mesquinha, aética e desprovida de caráter.
Resta-nos uma triste constatação: como “na prática a teoria é outra", os belos ensinamentos e magníficas lições do “INTELECTUAL” Rui Barbosa, tratando sobre a honra, a ética, a moral e os bons costumes, sucumbem inexoravelmente quando confrontados com o "modus operandi" desonesto e mafioso do “POLÍTICO” Rui Barbosa. Como se ele estivesse a nos sussurrar a velha máxima: “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.
Na verdade, Rui Barbosa, o “POLÍTICO”, foi tão ou mais pernicioso e nefasto que a “cambada de picaretas” (Sarney, Renan, Agripino, Romero & Cia) com assento no Congresso Nacional, nos dias atuais. Tráfico de influência, malandragem, privilégios a amigos, jeitinho, recebimento de propinas, favores em troca de vantagens, desonestidade, corrupção, falsidade e improbidade administrativa estiveram sempre e sempre presentes no seu dia-a-dia. Diuturnamente. Enquanto no poder esteve e dele se serviu. E isso, lá atrás, há mais de 500 anos. Seriam os políticos de hoje tão “bons alunos”, e aprendido com ele ???
Abaixo, algumas “peripécias” do nosso grande “moralista”, Rui Barbosa:

01) “Quando saiu do ministério, Rui JÁ ERA UM HOMEM RICO, PARTICIPANDO DE TRÊS EMPRESAS CRIADAS NO “ENCILHAMENTO”. Ainda se tornou presidente da estrada de ferro Goiás-Mato Grosso e do Banco Impulsor. Entre fevereiro e maio de 1891, em plena agonia do Encilhamento, o Banco patrocinou cinco novos lançamentos no mercado".
02) “Rui Barbosa viu na reforma monetária a possibilidade de beneficiar grupos específicos – e de ser beneficiado por eles. BENEFICIOU ESPECIALMENTE O CONSELHEIRO FRANCISCO DE PAULA MAYRINK E SAIU DO GOVERNO SÓCIO DE TRÊS EMPRESAS DELE”.
03) “A concessão do poder de emissão a alguns bancos – ainda no final do Império – conferiu a seus proprietários, além de riqueza, enorme poder político. Mostrava claramente como Rui Barbosa tornou-se crítico exacerbado da política monetária anterior e, DEPOIS QUE ASSUMIU O MINISTÉRIO, DESMONTOU A ANTERIOR E MONTOU UMA NOVA, BENEFICIANDO GRUPOS ALIADOS E SE ASSOCIANDO A ELES”
04) “As pressões vinham acompanhadas de uma imensa 'atoarda' na imprensa, ATINGINDO UM MINISTRO DA FAZENDA MORALMENTE FRAGILIZADO PELAS CONCESSÕES ESCANDALOSAS CONFERIDAS AO CONSELHEIRO MAYRINK”.
05) “No Ministério da Fazenda de Deodoro, além do Encilhamento, RUI ESCANCAROU AS PORTAS PARA O ENDIVIDAMENTO DE ESTADO E MUNICÍPIOS. Em 14 de agosto de 1890, pouco antes de se reunir o Conselho Constituinte, Rui se antecipou e fez Deodoro aprovar um decreto pelo qual o governo federal garantiria qualquer empréstimo aos estados até o limite de 50 mil contos. A INTENÇÃO SERIA FAVORECER DOIS INTERMEDIÁRIOS LIGADOS A UM GRUPO DE BANQUEIROS INGLESES: João Pereira da Silva Monteiro e Alberto José Pimentel Hargreaves, que articularam essa medida com Rui”.
06) “No início de 1891 - JÁ RICO - TENDO SAÍDO DO GOVERNO PARA DIRIGIR COMPANHIAS FILHAS DO “ENCILHAMENTO” E DO CONSELHEIRO MAYRINK, Rui lamentava as decisões tomadas. Se não tivesse sido pressionado, diria ele, metade da dívida pública teria sido resgatada”.
07) “Com o cunhado Carlos Viana Bandeira, o Carlito, e o Conselheiro Mayrink, Rui participou da fundação do Banco Vitalício do Brasil, que, como quase todos os empreendimentos de Mayrink, era sub-capitalizado, com a subscrição constituída por notas promissórias. SEGUNDO AFONSO ARINOS, NENHUM BANCO AUTORIZADO A EMITIR POR RUI REALIZAVA SEQUER O CAPITAL ESTATUTÁRIO. O Banco acabou fechado antes que explodisse o escândalo”.
08) “Quando deixou o governo, no bojo de uma renúncia coletiva do Ministério, RUI FOI PRESENTEADO POR MAYRINK E OUTROS BANQUEIROS COM UM PALACETE EM LARANJEIRAS; segundo relatou seu cunhado Carlos Viana Bandeira, foi sua mãe (sogra de Rui) quem o convenceu a não aceitar o presente, porque "tal coisa não cheirava bem".
09) “Rui Barbosa defendia que, em países com elevada propensão ao entesouramento, havia a necessidade de uma maior quantidade de base monetária para fazer circular o mesmo volume de transações. Com isso, justificava a autorização para a criação de BANCOS EMISSORES DE “MOEDAS INCONVERSÍVEIS”. Assim, como em tantos episódios cinzentos da história do Brasil, O PROJETO DE RUI BARBOSA APRESENTAVA UMA PROPOSTA LEGITIMADORA PARA UM CONJUNTO DE PRIVILÉGIOS ESPANTOSAMENTE AMPLOS".
10) “A ficha de Deodoro só caiu mais tarde, QUANDO RUI VENDEU A “QUINTA DO CAJU”, DE PROPRIEDADE DA UNIÃO, SEM CONSULTAR O PRESIDENTE E POR UM PREÇO CONSIDERADO IRRISÓRIO. A venda foi anulada e Rui pediu demissão pela nona vez, mas, nessa ocasião, Deodoro aceitou”.
11) “Em 1893, dois anos depois de deixar o governo, Rui ESTAVA SUFICIENTEMENTE RICO PARA COMPRAR O PALACETE NEOCLÁSSICO NA RUA SÃO CLEMENTE, EM BOTAFOGO (*), que pertencera ao Barão da Lagoa”.

(*) De tão triste lembrança, ainda hoje no referido endereço funciona a “Fundação Casa Rui Barbosa”, como que, ironicamente, a querer perpetuar os desmandos cometidos pelo patrono.

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