TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 9 de março de 2012

Messi e Pelé - José do Vale Pinheiro Feitosa

The Best. Eis a bobagem mercantil de um capitalismo que pretende ampliar seus lucros na simbologia e no abstrato ao invés de produtos. Afinal o capitalismo cada vez se aperfeiçoa mais na expansão mercantil do imaginário popular.

A discussão envolve a genialidade do jogador argentino Messi como superior aos gênios tradicionais deste esporte. É preciso repetir “ad nauseam” a cerimônia mercantil do Oscar (aliás, eu sou mais os franceses que dizer Oscár e não Óscar). É preciso encontrar o melhor, do melhor, a usurpar todas as escalas enquanto grana puder ganhar.

Ora o Messi é um baita jogador. Não interessa se ganhará uma copa ou não. Mas pode, ele já é um jogador mais espanhol do que argentino, quem sabe se ele se naturalizar? E se ganhasse passaria Pelé, Maradona, Garricha, etc?

Mas a questão não se encontra no Best ora bando de nomeados em cearensês com o aproveitamento da palavra inglesa. Não tem como superar historicamente o maior sentido que o futebol teve no século XX como o esporte da emergência das colônias e ex-colônias contra o império.

Um amigo que trabalhou na Índia e na África sentiu o prestígio de Pelé se projetando nele como brasileiro. Inclusive quando foi seqüestrado pela guerrilha da Somália, ele teve mais carinho por que era da terra do Pelé junto aos guerrilheiros comuns.

A questão é central ainda hoje: o futebol aliena certa consciência da opressão, mas foi a primeira altivez dos negros e morenos do mundo todo contra a raça branca colonialista. E Pelé foi o símbolo disso. Pelé o talento, o gênio, o Davi que venceu Golias. Como o colonialismo foi fundamentado com o cristianismo as referências bíblicas valem.

Por isso Messi pode ser submetido ao mais alto grau da tecnologia para avaliar o quanto ele é ou será melhor do que Pelé. A questão é outra imbecil!

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