TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 27 de abril de 2012

As táticas para as artimanhas das verdades dos criminosos - José do Vale Pinheiro Feitosa


Alguns anos passados havia um blog em que o blogueiro saia de dedo em riste ou até mesmo com o martelo dos juízes a vaticinar a verdade. Confesso que a performance parecia-me algo assim como aqueles apresentadores de televisão: o Ratinho e o Datena.

As tais verdades eram tão gritadas e em tons de indignação que lembravam os traços da face de moralistas como Demóstenes Torres. Essas lembranças vieram-me em face da verdade jornalista.

Ontem li um dos textos jornalísticos dos mais representativos dos cuidados com a verdade que ultimamente tenho lido: tratava-se de um texto de Jânio de Freitas na Folha de São Paulo noticiando que uma alta autoridade de Israel negava que o Irã tivesse a intenção de fazer a bomba atômica. No final ao sentir-se bem a mudança de ventos no governo de Israel, o jornalista ainda aventava a possibilidade que autoridade israelense tivesse a possibilidade de inibir preparos secretos do Premier para atacar o Irã. Enfim, o jornalista pintava a verdade com todas as cores e tentava expor a face oculta que por ventura houvesse.

O assunto da verdade é fundamental, pois tem sido o cobertor sistemático dos fariseus e a desculpa preferida dos canalhas. A grande imprensa joga com os fatos no limiar entre a verdade e suas manipulações de um modo a ter o passe livre para inventar a verdade que lhe convém. Mas a sociedade assim mesmo quer saber onde tem o nariz e qual estrada tomar com a verdade por bússola. Ninguém quer ser guiado, por exemplo, pelos desejos do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Hoje apareceu um texto escrito por H. Michael Sweeney intitulado Uma Cartilha da Desinformação em 25 passos. A cartilha foi desenvolvida a partir das Treze Técnicas para Suprimir a Verdade de David Martin. Ela é uma tática usada na solução de crimes de grandes repercussões públicas, usadas tanto em tribunais como nos veículos de comunicação. A ação pública das mídias no contexto de suas contradições políticas, econômicas, sociais e culturais adjetivou a verdade em variações decorrentes do original: verdades veladas, meias verdades, mentiras e supressão da verdade.
Como a informação não é uma mera técnica de origem e destino, um seu valor ético intrínseco é a consonância com a verdade. Todas aquelas adjetivações para a verdade são técnicas na verdade de desinformação. Ou em outros termos de propaganda de interesses específicos com a intenção de conquistar a sociedade para a livre ação de suas práticas.  
Por isso o texto enumera as 25 táticas e subterfúgios funcionam para o interesse e pessoas ou grupos. Uma ressalva, quando um criminoso é interrogado e nega seus crimes, ele está procurando não se incriminar, isso é um dado humano. Mas a mídia nas sociedades após o iluminismo não pode se albergar nesta conduta que é individual, uma vez que o compromisso da informação é exatamente ser o que é, ou seja, a verdade.
Eis algumas táticas e subterfúgios. 1. Se você é uma figura pública na mídia não ouça, não veja e não fale sobre a verdade. Se você não for informado é por que não aconteceu. E é o subterfúgio do nunca ouvi dizer. 2. Mostre-se incrédulo e indignado. Não discuta o principal, saia pela lateral acusando Cuba ou a Venezuela, xingue quem ousou lhe trazer o assunto, é a tática do “Como você se atreve!”.  3. Crie boateiros. Evite discutir os problemas dizendo que tudo não passa de rumores e acusações que visam perseguir alguém. Ao espalhar boatos com variações frágeis do problema, especialmente na internet, isso ajuda a neutralizar a verdade. 5. Use um “espantalho”. Encontre o até mesmo invente algo nos argumentos do adversário que seja facilmente desmentido. Ou desvie-se so assunto, encontrando algum defeito na fonte para que se possa desqualificá-la. Amplifique o seu significado de forma que pareça desmentir todas as acusações, reais e as fabricada, enquanto na verdade evita a discussão das questões reais. 5. Desvie os adversário através de xingamentos e ridicularização. Esta tática é bastante nossa conhecida. Até meu pai já foi alvo desta prática numa ação que sei não nasceu do suposto autor, mas de um grupo de arrivistas que se escondem na velha política da cidade. Isso vem quando os “argumentos” são irrespondíveis e o debate se torna em jogar pedras no adversário: comunistas, bicha, e etc. 6. Bata e Corra. O sujeito ataca e se manda para não ouvir a resposta. Isso é comum em fóruns e na internet. Não quer ouvir a resposta para não ter que confrontar a versão do outro, apenas deseja que permaneça a sua. 7. Questione os motivos. Isso é uma típica distorção do que diz o outro, tentando demonstrar que sua fala esconde tendências ou tem motivos ocultos. Isso evita discutir a questão e força o acusador a ficar na defensiva. 8. Invoque autoridade. Essa vou reproduzir na íntegra: “Reivindique para si mesmo autoridade ou se associe com autoridade e apresente seu argumento com o “jargão” ou “minúcias” o suficiente para ilustrar que você é “quem sabe”, e simplesmente diga que não é assim, sem discutir as questões ou demonstrar concretamente o porquê ou citar fontes.” 9. Banque o Idiota. Negue as questões têm qualquer credibilidade, afirmem que não fazem sentido, que existem provas, tenha lógica e assim por diante, sempre misturando tudo a ponto de obter o máximo efeito 10. Associe as acusações do adversário com notícias antigas com o objetivo de tornarem as acusações  uma mera repetição de um assunto já resolvido. 11. Estabeleça posições em que você pode retroceder. Isso reque uma boa preparação: primeiro levante uma questão menor e depois confesse com sinceridade que esse erro inocente e que os adversários usaram para simplesmente destruí-lo com a amplificação de uma coisa menor. Essa é a tática de ganhar a simpatia do aparentar jogar limpo e de reconhecer seus erros. 12. Enigmas não têm solução. Pegue a cadeia de eventos do fato e construa uma verdade bastante complexa de modo que não se possa decifrá-lo. Isso leva as pessoas a perderem o interesse pelo assunto. 13. Lógica da “Alice no País das Maravilhas”. Não debata as questões, use um raciocínio de trás para frente como se utilizasse uma lógica dedutiva de modo a não usar nenhum fato material real. 14. Exija soluções completas. Isso é uma forma de dar um ponto final a determinados assuntos. 15. Encaixe os fatos em conclusões alternativas. 16. Desapareça com provas e testemunhas. Se elas não existirem, não existe fato, e você não terá de resolver o problema. 17. Mude de Assunto. A tática é ainda melhor se a mudança levar os oponentes a querer discutir o novo assunto. 18. Emotive, antagonize e incite os oponentes. Se não pode fazer mais nada repreenda e insulte os seus adversários e os leve a respostas emocionais que possam fazê-los parecer tolos e emotivos, o que geralmente tornam o seu material um pouco menos coerente. 19. Ignorar a prova apresentada e exija provas impossíveis. Esta é antiga. 20. Falsas Provas. Isso significa introduzir novos fatos ou pistas para conflitar as apresentadas com o adversário. 21. Chame um Grande Júri, Promotoria Especial ou outro organismo habilitado para investigações. Subverta o processo para seu próprio benefício e efetivamente neutralize todas as questões sensíveis, sem uma discussão aberta. 22. Fabrique uma nova verdade. Crie seus próprios peritos, grupos, autores, líderes ou influencie os existente para seguirem-no novos caminhos. 23. Crie distrações maiores. Crie notícias mais importante (ou as trate como tal) para distrair as multidões. 24. Silencie os críticos. Aí a práticas são as piores, inclusive a morte, a chantagem, a destruição do seu caráter e assim por diante. 25. Desapareça. “Se você é um portador de segredos importantes relacionados a algum crime ou conspiração e você acha que o calor está ficando muito quente, para evitar os problemas, desapareça.”


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