Os simpatizantes do PSDB na nossa região não gostam de tocar em certos pecados. Como é natural buscam dar contemporaneidade às análises e críticas de natureza política. É como se tudo tivesse começado aqui e agora. É bem verdade que em alguma frequência o nível destes argumentos é bastante primário, enfeitados pelos trapos do udenismo moralista e pelas mágoas da guerra fria. Mas isso tem acontecido aqui e nos EUA.
Esse pessoal ler a Veja, Reinaldo Azevedo e sai reproduzindo uma seiva biliosa cheia de adjetivos e anátemas sobre os outros. Mas acontece que a história é mais dinâmica e os humanos têm a prerrogativa de pensar. Ninguém pode ser papagaio a vida toda. Tem um determinado momento que tem de ir à busca do comezinho alimento na mesa da produção coletiva.
O recente pacote do governo para estimular a indústria nacional tem matrizes como causa de desindustrialização e, também, as repercussões políticas devidas. A não ser Paulo Skaff e Paulinho da Força Sindical pegando carona no discurso oposicionista, as manifestações de hoje das centrais sindicais apontam para a politização desta questão. Não torna menor o pacote do governo como a imprensa gostaria, ao contrário, radicaliza posições justamente onde o pessoal liberal do PSDB pontificou nos oito anos do seu governo.
Agora vamos às matrizes da desindustrialização do país. Tem uma remota e outra que influi diretamente no quadro atual. A primeira foi o próprio PND de Geisel, pegando dinheiro abundante dos fundos da OPEP, ou os eurodólares e endividando o país. Então no início dos anos 80 ficamos reféns da dívida e tivemos a década perdida.
Nos anos 90 veio a estabilização da moeda com algumas intenções, muitos erros e tropeços. A raiz dos erros foram as opções neoliberais, a adesão subalterna a um consenso de Estado Mínimo e privatizações. Qual seriam os objetivos das privatizações? Superar a baixa capacidade do Estado em investir, portanto aumentar a receita do Estado. Mas aí três desgraças esfarelaram estas receitas: valorização da taxa de câmbio real, aumento da carga tributária para substituir as perdas de receitas com privatização das empresas produtoras de insumos e serviços essenciais e em terceiro os juros altos para atrair investimentos para o país, inclusive dos brasileiros ricos.
Luiz Gonzaga Beluzzo num artigo sobre a importância da indústria é quem analisa nestes termos. E aí nos surpreende sobre um tema que todos temos conhecimento, mas consideramos como uma questão meramente da cultura da informação que é o papel da mídia nisso tudo. Beluzzo diz textualmente: A cavalgada desses Três Cavaleiros do Apocalipse não prescindiu do Quarto, o bombardeio da opinião pública pelos ditos formadores de opinião.
O que se diz é que o governo do PSDB está na recente raiz da desindustrialização e chega até a ser irônico que venham usar discurso oposicionistas para exigir radicalizações. E tem um detalhe: todos lembramos que o tal Custo Brasil que fazia parte deste bombardeio da opinião pública tinha como eixo os direitos trabalhista, mas hoje o Presidente da FIESP malandramente junto às centrais sindicais passa ao largo e toca em algumas feridas chaves: juros alto, melhoria de infra-estrutura, estrutura tributária, custo da energia elétrica e da logística para exportação e venda no mercado nacional. Aconteceu uma coisa fundamental, na batuta do PSDB a produtividade dos setores privatizados, energia e comunicação, aconteceu com o aumento brutal destes serviços. Mas agora é preciso baixar e os malandros querem por a culpa no presente com o esquecimento do passado deles.
E os eleitores do Crato? Continuarão dizendo sim senhor na velha esteira do fisiologismo?
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