TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Josenir Lacerda – A fala mansa do encanto


A cordelista carrega uma exuberância de versos fraternos na forma de lida com a literatura.  Josenir Lacerda é uma das inúmeras mulheres do Cariri que escreve cordel e que transita cotidianamente no universo da arte. Integrante da Academia dos Cordelistas do Crato e da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Josenir montou na sua própria casa uma budega para divulgar o artesanato e a literatura “popular”, na qual recebe artistas e pesquisadores de diversos estados brasileiros para beber da sua deliciosa conversa mansinha.       






Alexandre Lucas - Quem é Josenir Lacerda?

Josenir Lacerda –
Sou poeta, cordelista
Sou dedicada artesão
Natural aqui do Crato
E dele ardorosa fã
Retalhos de “ser feliz”
Emendo a cada manhã
Garanto que ainda sou
A mesma eterna criança
Que brinca de embalar sonhos
De fabricar esperança
Na mente imaginativa
A fantasia inda dança
Elói Teles, Patativa
Também o Cego Aderaldo
Os meus pais e meus avós
Professor Zé Esmeraldo
São exemplos de vida
Meu incentivo e respaldo.
Pela arte popular
Sinto um amor verdadeiro
Vejo em nossa tradição
Rico e cultural celeiro
Que transforma o Cariri
Em vasto e fértil canteiro.

Alexandre Lucas - Quando teve início o seu despertar pela Leitura?


Josenir Lacerda – Na infância ainda, começou meu interesse pela leitura.
 
Alexandre Lucas – Qual a influência do seu trabalho?


Josenir Lacerda – Tenho admiração por vários poetas e escritores, o que me estimulou a escrever, porém nunca me detive para tentar descobrir algum sinal que caracterizasse a influência de algum especificamente.
 
Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória?


Josenir Lacerda – Escrevo por necessidade de comunicação, bloqueada pela timidez, desde a adolescência. Tenho alguns cordéis publicados antes do meu ingresso na Academia dos Cordelistas do Crato em 1991 e hoje e conto com uma significativa produção divulgada em alguns pontos do Brasil. Em 2010 ingressei na Academia Brasileira de Literatura de Cordel no Rio de Janeiro.

Alexandre Lucas – Qual foi o seu primeiro cordel?


Josenir Lacerda – Foi “O Manequim”, que continuava inédito, engavetado esperando seu momento. O primeiro editado, foi “A “cabôca” que enganou o santo” em parceria com Iris Tavares. E ao ingressar na ACC foi “Severino e Luzia ou As Proezas do Destino”.

 
 Alexandre Lucas – A região do Cariri se destaca pela quantidade de
 cordelistas. Isso influenciou a sua carreira poética?


Josenir Lacerda – A efervescência cultural do Cariri como um todo, estimula, contagia e influencia.
 
Alexandre Lucas – Você hoje faz parte da Academia Brasileira de
 Literatura de Cordel. O que isso representa para você?


Josenir Lacerda – Significa não só uma conquista pessoal como cordelista, mas a chance de representar a mulher caririense na conceituada instituição nacional do cordel.
 
Alexandre Lucas - Como você caracteriza a sua poética?


Josenir Lacerda – Prefiro não buscar uma característica específica, pois de certa forma isso gera um rótulo e tira um pouco da liberdade de explorar os temas. Costumo dizer que a inspiração é igual a menino “birrento” que chega puxando a saia da mãe querendo algo imediatamente nos momentos inoportunos e inusitados. Geralmente procuro atender ao tema sugerido pela “musa” sem me preocupar em manter uma linha ou característica. Talvez minha poética tenha essa característica: “diversidade de temas“.
 
Alexandre Lucas – A sua residência se tornou ponto de referência para
 a pesquisa sobre cultura popular por conta do espaço que você criou
 “Cordel e Arte”. Isso contribui para a sua produção poética?


Josenir Lacerda – Contribui sim, pois cada contato oferece um pouco de conhecimento, aprendizado, informação e isso alimenta a criatividade e estimula a produção.
 
Alexandre Lucas - O que é a poesia para você?


Josenir Lacerda – A poesia pra mim
É uma amiga sincera
Que assume meus queixumes
Faz de inverno, primavera
Compreende os meus medos

Guarda fiel meus segredos
Meu sonho, minha quimera.
 

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