Hoje 10 de maio de 2012 se completam 79 anos que os nazistas
fizeram fogueiras com livros em várias partes da Alemanha. Naquele remoto maio
de 1933 obras de Thomas Mann, Albert Einstein, Sigmund Freud, Stefan Zweig,
Erich Maria Remarque entre tantos formaram a pira que a centelha ideológica de
Joseph Goebbles espalhava sobre a consciência, corpos e prédios da Alemanha arrasada
e vencida doze anos depois.
Quando escuto ou leio certos argumentos que desvendam
desejos ainda escondidos bem sabemos das sinapses erráticas de certos
raciocínios. Há um liame essencial entre o que a mente elabora, a história
traduz e move e a estrutura da ação política do ser humano. A ação que resulta
do seu teatro no coletivo desde as raízes da produção até os frutos da cultura.
As sinapses erráticas não se sustentam no físico, nas
posturas, na moral e nem na realidade material. Elas, como vimos no caso do
nazismo, são capazes de se projetarem nas massas, pela condução de um líder e a
corte de assemelhados conduzindo todo um povo numa insustentabilidade
destrutiva.
As escolhas temática destas sinapses precisam ser simbólicas,
pois não refletem a realidade envolvente. Pelo mesmo motivo precisam construir
inimigos e investir contra eles. As sinapses erráticas inventam inimigos que
constituem questões irrelevantes para a vida social e econômica, mas eles as
tornam bandeiras de purificação como fizeram com o fogo queimando obras
relevantes para a humanidade.
Obras muito além daquele arreganhar de dentes do
pálido e desprezível comportamento da burguesia e da pequena burguesia alemã.
Antes de chegar onde quero: a queima dos livros em 10 de
maio de 1933 com as mãos da juventude hitlerista e com a mente de Goebbles tem
a mesma dimensão de certas sinapses erráticas da mídia e de grupos aqui no
nosso país de porrete a expressar sua homofobia, seu preconceito de raça, de
classe, se apegando ao secundário quando o principal pertence ao coletivo.
Afinal onde quero chegar? À natureza desconexa destas
sinapses erráticas, pois são capazes de grandes pirotecnias, de exuberantes
ameaças e controle de massas, mas são como o chorume que se drena do lixo
orgânico, diante das questões in extremis como, por exemplo, enfrentar o juízo
dos seus atos.
Só um paralelo. Jesus Cristo que afrontou a elite judaica e
o Império Romano na mesma pregação diante dos homens. Que fez discípulos e os
orientou quanto aos riscos da missão, inventou uma linguagem em parábolas para
criar consciência revolucionária sobre a realidade do povo. Expôs, como poucos
fazem em vida, toda a sua visão dos homens num sermão que não importa que sobre
um morro ou uma montanha, pois a altitude são de suas palavras.
Este homem vai às últimas consequências de suas sinapses,
pois elas guardavam, independentes da ameaça da cruz, uma estreita ligação
entre corpo, consciência e a realidade histórica. Adolfo Hitler e Joseph
Goebbles decrépitos, covardes em suicídio a demonstrarem o que eram: sinapses
erráticas do pensamento patológico.
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