Chegando ao assunto por meio de uma história. Ontem estive
nas proximidades de São Paulo, na cidade de Arujá para visita simbólica ao
local onde estão as cinzas do meu sogro. Fomos os quatro: a mulher e os dois
filhos. Agora a história começa.
A minha sogra entrou para uma seita religiosa de bases
budista e xintoísta que presa muito os antepassados na história presente (é bem
asiático). A seita é japonesa e teve algum crescimento na classe média
tradicional de São Paulo e Rio de Janeiro. Certamente guardava alguma coisa do
mito do sucesso japonês após os anos 50 quando saíram da segunda guerra para
ser uma das grandes economias do mundo.
Uma das grandes economias que se acrescia da imagem do seu
próprio povo. O japonês disciplinado, trabalhador, capaz de superar-se e ser
uma referência para o mundo. Nos anos 80 os japoneses salvam a economia
americana da estagnação, chegando até a comprar alguns mitos de ouro dos EUA:
grandes estúdios de Hollywood.
Pois bem soubemos que a seita estagnou no Brasil. Parou de
crescer. O Japão está em crise e os jovens não querem se esforçar. Os jovens
estão se tornando tipos estranhos para a cultura do país e a enorme quantidade
de velhos aposentados perde rapidamente a renda de suas aposentadorias.
Os olhos se voltam para estes tipos estranhos que já não
querem fazer qualquer tarefa, não querem se qualificar, estudar, seguir em
disciplina. Os velhos são fabulosos: saíram da segunda guerra derrotados e
tornaram o Japão num lótus exuberante da história. Hoje os velhos não
reconhecem os jovens e os jovens não têm futuro.
Quando os jovens não têm futuro, o futuro não acontece. Quer
dizer: acontece como revolução, como conflitos e guerra. A Organização
Internacional do Trabalho denuncia que existem 50 milhões de trabalhadores
desempregados em todos os continentes do mundo. Estima-se que há riscos claros
de turbulência na Europa, no Oriente Médio e no Norte da África. A OIT já prepara
um índice de inquietação social a medir as intempéries das previsões.
E aí vem a notação maior de nossa vida: o mito do eu sozinho
e do meu espírito guerreiro e solitário é bom para revista em quadrinhos. Os
super-heróis não estão na verdade do mundo. Que é social, econômica e política.
Por isso a política não nos pode ser retirada. Ao contrário não pode é ser
deixada para alguns fazer o uso que lhes provém.
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