De tanto exposto o assunto do Mensalão até incomoda o “consumidor”
regular de noticiários, jornais e internet. As grandes empresas jornalísticas
politicamente aproveitam o assunto para atacar os desafetos partidários que
eventualmente poderão regular seus interesses econômicos. De modo geral
praticam uma moral seletiva a aparência de aperfeiçoar as instituições, mas
servem objetivamente para apenar os “inimigos” e esquecer os amigos. É a forma
clássica: aos amigos tudo, aos inimigos a lei.
Ontem o STF, por um voto de maioria, condenou os réus com
direito a “gracinhas” políticas para atacar o Partido dos Trabalhadores, isso
considerando que Marco Aurélio Mello defendeu o golpe de 64 durante uma
palestra na semana passada e que Gilmar Mendes foi ao lançamento do “livro” de
uma “estrela” da Revista Veja que dedicou seu trabalho jornalístico ao atacar o
PT a qualquer preço. O nome da fera é Reinaldo Azevedo.
Mas pego esse assunto para evidenciar uma tese: as grandes
empresas jornalísticas têm horror à democracia, às leis que contrariem os
oligopólios e ao poder do Estado. Aliás, nos anos 90 foram a grande fonte da “desconstrução”
e “demonização” do Estado seja pelo combate figadal aos socialistas, à defesa
do neoliberalismo e à liberdade de operar sem a interferência de ninguém,
especialmente da sociedade.
É com o capital ideológico dos anos 90 que procuram destruir
a “política”, os políticos, os partidos e especialmente os parlamentos pelo
poder que estes têm de contrariar o “livre” mercado para “alguns” e as leis da
falência para todos. A classe média tradicional e certos setores com medo de
perderem os anéis, costumam embarcar nestes “discursos” e funcionam como
verdadeiros “capitães do mato” negros a perseguir escravos. É uma classe a
funcionar como correia de transmissão a impulsionar o poder absoluto da mídia
sobre a sociedade como um todo.
O poder absoluto contemporâneo se assenta em bases firmes,
mas necessita de uma constante e permanente dinâmica de criar imagens e
símbolos na cultura social. Como detentores de conhecimentos sobre psicologia
social e manipulação psicológica as grandes empresas de comunicações usam
centenas de técnicas para criarem hegemonias de pensamento.
Finalizando: o discurso recorrente é que deputados e
senadores não trabalham. Não dão expedientes, não cumprem o ponto na
repartição. Contam para criar o símbolo negativo com o analfabetismo político
de muitos em relação à instituição parlamento. De tão absurda é a manipulação
igual seria se fôssemos cobrar dos diretores das empresas jornalísticas, dos
editores e revisores que fizessem o mesmo papel que exercem repórteres na rua,
faxineiros nos prédios ou outros trabalhos técnicos.
Ora o Parlamento tem uma burocracia estável para exatamente
ficar dentro dos gabinetes, dando expediente continuamente para que o processo
de trabalho aconteça. O papel de senadores, deputados e vereadores é de contato
com o cidadão, ir ao encontro dele ou atende-los em suas reinvindicações. Por
isso aquele besteirol sem fim de dizer que os deputados federais, por exemplo,
só trabalham três dias da semana, pois são estes os dias de sessões
deliberativas com presença obrigatória.
Mas a excrescência dos argumentos dos empresários da mídia é
de que os parlamentares precisam ser emporcalhados pela simbologia dos meios
que eles, os empresários, detêm. No fundo existe a intenção de acoelhar-se o
exercício do poder democrático para que estes empresários tenham liberdade
ampla de exercerem o poder absoluto de enganar e ganhar predomínio.
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