(Em
aditamento à postagem do Zé do Vale sobre as eleições de Fortaleza).
Meses
atrás, antes das convenções partidárias que homologariam os candidatos à
prefeitura de Fortaleza, o Governador do Estado Cid Gomes viajou pra Portugal,
onde teria tido uma conversa particular com o cidadão Moroni Bing Torgan (candidato
derrotado em mais de uma tentativa para o cargo) e que houvera sido mandado pela
Igreja à qual pertence para uma “missão religiosa” em terras lusitanas.
Comentou-se, na oportunidade, que o objetivo do Governador seria “convidar” o referido
senhor a voltar de imediato a Fortaleza e concorrer à Prefeitura mais uma vez,
só que por um partido que não o oficial, o do Governador. No fundo e mais que
evidente, a estratégica “jogada” embutia o aproveitar-se da popularidade do
Moroni na periferia da cidade a fim de “rachar” ao meio o eleitorado naquelas
comunidades, impedindo que o candidato da Prefeita de Fortaleza “dominasse o
pedaço”, partindo com vantagem sobre o candidato oficial.
A
despeito de tal versão nunca ter sido confirmada (embora o Governador tenha
viajado a Portugal, sim), não mais que de repente Moroni mandou para o espaço a
tal “missão religiosa”, abdicou de continuar pregando em nome de Deus, largou
tudo de uma hora pra outra e desembarcou extenuado em Fortaleza no final do dia
da convenção dos Democratas (já ao apagar das luzes), onde foi recebido apoteoticamente
no aeroporto, de onde se dirigiu para o ginásio onde se realizava o evento, sendo
cristalizado pelo partido como o candidato a prefeito (tudo isso, acreditem, “por
amor a Fortaleza”, como disse na oportunidade).
Se
foi “doutrinado” ou não pelo Governador, a verdade é que o Moroni que voltou nem
de longe lembrava o Moroni que houvera partido: repaginado, seletivo, esqueceu
o discurso agressivo, a postura desafiadora e se nos apresentou na pele de um caridoso
pastor, fala mansa, a pregar a paciência e o perdão, evitando critica mais
pesada aos concorrentes políticos, especialmente ao candidato oficial. O seu
negócio agora era suplicar, pelo amor de Deus e de todos os Santos, que lhe
dessem uma “caneta”, que com ela resolveria todos os males de Fortaleza. Ainda
assim, cumpriu a “missão” para a qual houvera sido escalado pelo Governador,
recebendo expressiva votação no primeiro turno (claro que em troca de alguma
coisa).
E
aí entra em cena o candidato Heitor Ferrer, Deputado Estadual do PDT, que se tornou
conhecido e respeitado pela atuação firme, valente e corajosa no plenário da
Assembléia. Voz solitária a denunciar com consistência os abusos perpetrados
pelo Governador do Estado surpreendeu ao receber um “transatlântico” de votos quando
as urnas foram abertas, passando Moroni pra trás e quase tomando o lugar do candidato
oficial (houve, inclusive, a suspeita de que a manipulação das pesquisas às
vésperas do primeiro turno o tenham prejudicado, impedindo sua ida para o
segundo turno; tanto que há, sim, um despacho (não cumprido e, portanto,
desmoralizado), de uma juíza de Fortaleza, “desautorizando” a realização do segundo
turno (antes que o caso fosse esclarecido). A mídia, incompreensivelmente, não
divulgou (por qual razão ???) e poderá haver contestação mais adiante (embora não
vá dá em nada).
Pois
bem, no segundo turno, Moroni, como esperado, apoiou de pronto (e recomendou)
ao seu eleitorado a candidatura oficial, carreando uma boa quantidade dos votos
dos seguidores, que ajudou em muito a eleição do novo prefeito (claro que será
aquinhoado com algum “mimo”, possivelmente a secretaria de segurança do Estado).
Aguardemos.
Já
Heitor Ferrer, que passou toda a vida parlamentar batendo forte e com
consistência no Governador do Estado, decepcionou as quase trezentas mil
pessoas que o sufragaram, ao optar por uma posição neutra (e de certa forma
covarde), sob a alegativa de que ao partido cabia decidir a questão. Dúvidas
inexistem de que o seu apoio individual (ou recomendação do “político” aos seguidores)
ao candidato contrário ao oficial (já que cáustico crítico do Governador) certamente
teria mudado o rumo das eleições de Fortaleza. No entanto, aos 48 minutos do
segundo tempo, Heitor Ferrer roeu a corda, manchou a sua biografia e perdeu o
gol mais feito que se tem notícia.
Moroni
e Heitor tiveram, pois, de maneiras distintas, papel decisivo no resultado final
das eleições de Fortaleza. Alguém tem dúvida ???
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