O comércio do Atlântico
morreu? É chegada a hora do Pacífico? Tais perguntas estão na ordem da
emergência do Japão nos anos 80 e da China nos tempos atuais. É notório que
apenas nos últimos 300 anos o comércio do Ocidente foi maior do que o da China
e da Índia. Todos esperam o retorno dos negócios aos centros históricos.
Mas existe a costa
atlântica africana a abrir uma grande oportunidade. A própria América Latina
desponta com enorme força na economia mundial e sua face mais exuberante se
encontra no Atlântico. Em outras palavras os países exclusivos da costa do
Pacífico por certo têm interesse geopolítico mas a era do Pacífico não explica
tudo.
Então a chamada Aliança
do Pacífico em contraposição ao Mercosul ou à Unasul não tem razão na
geopolítica regional, mas tem na geopolítica dos Estados Unidos da América. E a
questão não é se alinhar ou não à maior nação do mundo. A questão é se teremos
ou não um destino próprio e com decisões tomadas internamente e não à distância
e no interesse daqueles que já ganharam muito.
Nisso reside o papel
ideológico das Revistas Veja, Época, dos grandes Jornais e das grande cadeias
de Televisão a sustentar as benesses econômicas do Chile e a Aliança do
Pacífico. Outro dia o possível candidato do PSDB, senador Aécio Neves, foi para
a Argentina e nas páginas de um jornal de oposição advogar as vantagens
relativas da Aliança do Pacífico.
O Chile é um país que
tem um bom comércio exterior e nisso reside a menina dos olhos dos liberais,
mas o Chile ficou aprisionado a uma situação grave: ele é um exportador de
produtos primários ou dependentes de recursos naturais intensivos que em
conjunto representam 87% das exportações chilenas. Isso quer dizer metais não
ferrosos (o cobre é sua espinha dorsal), carnes e pescados, produtos de
lavoura, celulose, bebidas (o vinho) e por aí vai.
Do mesmo modo que o
Brasil o Chile esteve bem quando o preço das Commodities estiveram bem. Só que
o Brasil tem um mercado interno importante e uma base industrial igualmente
poderosa. Em parte o sucesso das exportações do Chile se deveu ao encanto das
vantagens de livre comércio especialmente estimuladas pelo velho desejo
americano de criar uma zona continental de livre comércio para funcionar sobre
a liderança dele e assim fazendo sombra ao crescimento Chinês, Japonês e até
Coreano.
Mas tudo se torna
fantasia quando a realidade da crise não sustenta os sonhos geopolíticos. O EUA
já não são mais o destino principal dos produtos chilenos transferindo parte
para a China e havendo crescimento do Brasil e do México. Agora fica muito
difícil aquele projeto imperialista de dominar o quintal latino americano.
E principalmente se
tornará se as economias da América do Sul se integrarem mais e se o bom combate
ao pessoal vendido ao império for consequente. Temos que avançar mais na unidade
e reduzir ao máximos provocações do tipo Aliança do Pacífico. Isso não
significa perder o comércio do Pacífico. Ao contrário é apenas retirar as
amarras imperiais desse comércio.
Aliás a autonomia
latino americana será muito boa para a convivência com os EUA e suas
interferências golpistas na vontade popular. Uma América Latina com economia
forte será ruim para modelos imperialistas, mas será, por outro lado, uma
relação de sustentabilidade muito mais duradoura do que este atual modelo
instável e predatório, especialmente da natureza.
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