Você acredita que a
única forma de civilização é aquela que se criou e se desenvolveu nos países
anglo-saxônicos e especialmente na Inglaterra e nos EUA? Ninguém soube
aproveitar tão bem os benefícios dos avanços tecnológicos como esses países a
ponto de terem dominado por 300 anos o maior dinamismo econômico que foi o
Ocidental.
A Inglaterra do século
XVIII e especialmente do século XIX não só desenvolveu uma enorme capacidade
produtiva e comercial, como praticamente dominou mares e terras colonizadas
onde se dizia o Império nunca se poria. Mas o grande vitorioso e extraordinário
país foram os EUA e isso pela tecnologia com o consequente aumento da
produtividade, da produção nacional, a absorção de novas forças de trabalho
como aquelas das mulheres.
Aliás a liberação das
mulheres das tarefas domésticas em consequência do avanço tecnológico e a absorção
da sua força de trabalho na produção teve um papel produtivo quase que igual à
liberação da força de trabalho masculina da produção agrícola. A educação, a
saúde pública, a juventude e as mulheres formaram a formidável máquina
produtiva dos EUA e o elevou à potência mundial desde os últimos anos do século
XIX.
Os EUA, em menos de 60
anos, passaram pela mais completa revolução no uso de energia, no avanço da
velocidade de deslocamento, na capacidade de comunicação e cultura e na
capacidade de computação. A eletricidade, o motor a combustão, a revolução
eletrônica, a verticalização das cidades e a urbanização tornaram a mudança
dentro da civilização ocidental em algo jamais visto na história.
Isso significou aumento
da prosperidade por benefícios decorrentes do aumento de riquezas materiais. Durante
esse período cada geração praticamente dobrava a sua capacidade de consumo em relação
a seus pais. O poder estratégico e tático da nação dominou o cenário mundial por
todo o século XX.
O EUA pararam de
crescer. Até diminuíram sua produção em relação ao últimos sete anos. E o mais
importante, isso leva a crer que não seja uma mera crise de modelo de
acumulação como foi nos anos 30. Agora novos fatores intervenientes que estão
na raiz do modelo de crescimento acelerado se opõem a este crescimento.
Um deles é demográfico.
A população envelheceu (as mulheres já tinham ido para o mercado) e não tem de
onde extrair mais força de trabalho para ampliar a produção. O déficit na
educação dos EUA é um rombo espetacular, os custos do ensino superior estão
muito elevados, os jovens estudantes e recém formados estão endividados e o
pior dos mundos, a parcela que consegue se graduar é relativamente menor do que
em países como o Canadá.
E dois fenômenos que
são muito relatados na crise atual: a enorme dívida das famílias e do governo e
a ampliação da desigualdade econômica, reduzindo os ganhos na maioria da
população e transferindo parte do que se ganha para uma minoria que não
consegue reproduzir este ganho em produtividade.
Segundo análise do
economista Robert Gordon (estas ideias estão num vídeo com tradução em
português publicado no site http://www.ted.com/)
se
os EUA conseguissem manter a enorme velocidade de inovação tecnológica que
conseguiu nos últimos cem anos mesmo assim a sua capacidade de crescimento
seria reduzida à metade do que foi no passado recente em razão daqueles quatros
fatores citados. Este quadro iria levar a que as gerações futuras não consigam
aumentar sua capacidade econômica nem um quatro dos seus pais atuais.
Mas como tudo leva a crer
que esta espetacular inovação não ocorra, aí tudo pode ficar pior.
*o gigante aqui é a
taxa de crescimento dos EUA.
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