Qualquer
manual de boas maneiras há de rezar que... “aos inimigos não se enviam buquê de
rosas, mas, sim, bananas... de dinamite”. A reflexão acima é só pra mostrar
quão hipócrita e maquiavélica é a batalha política arquitetada entre as quatro
paredes dos gabinetes suntuosos da vida.
Aqui
em Fortaleza, por exemplo, a polêmica da vez é o confronto entre a Prefeitura
da cidade (também em poder da família Ferreira Gomes) e um grupo de
ambientalistas/ecologistas, por conta da decisão do poder municipal de
construir dois viadutos (um sobrepondo-se ao outro) no entroncamento das
avenidas Antônio Sales com Engenheiro Santana Júnior (vizinho ao Iguatemi).
Fato
é que, embora seja uma das áreas de trânsito mais caótica da capital, e que
necessita, sim, de alguma intervenção (e com urgência), a construção dos tais
viadutos esbarra numa questão por demais valorizada nos dias atuais: a agressão
ao meio ambiente. É que, a fim de levar avante o projeto, as obras deverão
avançar (cerca de 07 metros por 240 metros), sobre o Parque do Cocó, uma das
poucas áreas de preservação ambiental ainda existente aqui na capital e
responsável pelo pouco de ar puro que nos resta.
Como
a coisa foi operacionalizada da noite pro dia, de forma abrupta e truculenta (tipo
rolo compressor) sem que houvesse qualquer diálogo com quem quer que seja, não
permitindo sequer a apresentação de projetos alternativos por parte dos que não
concordam (e eles existem), eclodiu um desagradável clima de insatisfação e revolta
que culminou com uma atitude inusitada: os ecologistas e ambientalistas
simplesmente “acamparam” na área onde tratores e retro-escavadeiras já punham
abaixo frondosas árvores; assim, barracas foram montadas, banheiros químicos
instalados e por aí vai, de sorte que a turma ali “fixou residência”, literalmente:
passam o dia todo em atividades culturais e ali mesmo dormem, no chão, à noite
(e o frio na área é de rachar) e isso há mais de um mês.
Num
primeiro momento, a Polícia Militar invadiu a área, de forma brutal, na tentativa
de expulsar os revoltosos, oportunidade em que foram usadas balas de borracha e
bombas de gás lacrimogêneo, além das inevitáveis agressões físicas, o que
repercutiu negativamente; tal desenlace provocou a entrada em cena de políticos
(da situação e oposição), OAB, Ministério Público, Tribunal Federal e por aí
vai.
Hoje,
via prefeitura, os Ferreira Gomes mais uma vez jogaram sujo e pesado:
resolveram, simples e coincidentemente, que o trecho entre o encontro das duas
avenidas e o Iguatemi receberia nova camada de asfalto e que os serviços seriam
realizados entre as 7,00 da manhã às 18,00 horas, reduzindo a via pela metade
(por qual razão não fazê-lo entre a meia-noite e as 6,00 da manhã, quando
inexiste trânsito na área ???). Dizem os entendidos que o inferno é pouco, em comparação
com o pandemônio em que se transformou o trânsito no local. E, parece até que propositadamente,
a autarquia municipal de trânsito não designou um só dos seus funcionários para
ajudar na fluidez dos carros.
Assim,
sem se preocupar com o imenso transtorno causado (congestionamento, buzinaço, calor
infernal, impropérios, fechamento do cruzamento, etc) claro que o objetivo final
da prefeitura/governo do estado é fazer com que a população se revolte contra
os ambientalistas/ecologistas, aderindo ao projeto existente e remetendo a
questão ambiental às calendas gregas.
É
o jeito de ser (e administrar) dos Ferreira Gomes.
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