Um jornalista, Sol W. Sanders, editor colaborador do World
Tribune, soltou o verbo diante da venda do Washington Post para um empresário
do meio digital. O discurso do jornalista ardeu como o Sol de pleno verão no
sertão nordestino (para usar um trocadilho infame condenado por ele).
Ardeu de despeito e má vontade contra o corpo ainda jovem e
crescendo da internet. Em síntese a morte do jornalismo em papel, feito pelos
profissional da redação e dos filtros da notícia é o nascedouro de anátemas do
tipo cacofonia da internet sem nenhum tipo de filtro.
“Qualquer pessoa, a qualquer hora, com qualquer falta de
formação (ou talento) pode subir no seu próprio poleiro para esbravejar
suas idiossincrasia.” Para Sol Sanders a realidade da malha de opiniões
na internet é feita por “agregadores que coletam peças importantes de informação
e opinião ou a baba constante de assuntos relevantes”. E segue explicitando
qual seja esta baba: “Mentiras, exageros, preconceitos são, desde sempre o
produto do dia.”
A visão conservadora deste Sol consumindo seus últimos litros
de hélio é: “a verborragia, muitas vezes se transforma em muito modestas
contribuições para a cultura popular. Além disso, torna-se ferramenta para
tudo, desde a extorsão até o terrorismo muçulmano.
Sol Sanders, acusa o hábito das pessoas ouvirem mais músicas
do que ler jornais e o Twitter de ser fonte de semianalfabetismos. E termina em seu tom lastimoso de quem está
prestes a perder o futuro: “não sabemos sequer se os jornais vão continuar
oferecendo grandes benefícios para a nossa cultura, para a democracia e a
governabilidade.
Enfim eis aqui o discurso da verticalidade na comunicação. A
hierarquia que forma a narrativa e o discurso superior para dirigir as massas.
Mas agora, outras estrelas brilham em intensidade cada vez maior: a horizontalidade
de milhares de fontes, sem um poder de hierarquia que a filtre, que a interprete
para as massas, não pode ser compreendida por quem se coloca no cimo ou na base
da estrutura hierárquica da comunicação.
Agora vamos construir as sínteses na dispersão das ideias,
das narrativas e dos discursos. Essa síntese é quase que própria de grupos e
indivíduos, sempre em razão de sua história e de suas necessidades e
contradições. Só na cabeça deste Sol Imperial o terrorismo muçulmano é apenas o
terror, desprovido de lutas sociais, de exploração imperial e de crimes
constantes de governos contra os povos oprimidos do Oriente.
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