Diferençar
o que comportaria, na opinião de Marina Silva, os conceitos de “partido” e “rede”,
é tarefa um tanto quanto inglória. Fato é que, comboiada pelos quase 20 milhões
de votos que obteve quando da última eleição presidencial (e talvez até mesmo
para marcar posição ou guardar distância dos “políticos tradicionais”), quando
se dispôs a agregar seus correligionários num mesmo espaço, de pronto Marina
Silva afirmou não se tratar de um “partido”, mas, sim, uma “rede”. Daí o
surgimento da expressão “Rede Sustentabilidade” para batizar (e tentar fundar) o
seu bloco político.
Para
formalização de tal desiderato, bastava que dentre os 20 milhões de eleitores sufragantes
do seu nome em todo o país, meros 450 mil (ou 2,25%) assinassem um simplório
documento a fim de ser apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral. Feito isso,
pronto, a Rede Sustentabilidade se acharia habilitada a nos mostrar na prática a
tal “diferença” entre ela e os partidos tradicionais, tão alardeada na teoria.
E
aí, a oceânica decepção: apesar da elasticidade do prazo, Marina Silva e
seguidores não conseguiram atingir o quorum necessário dentro do tempo estipulado,
daí o aborto de uma gestação que se lhes apresentava teoricamente fácil e
tranqüila. E com um agravante: já nos estertores do prazo final, no afã de
viabilizar a qualquer custo a tal “rede”, milhares de assinaturas foram comprovadamente
fraudadas e, por via de conseqüência, rejeitadas pelo TSE. É que a ética houvera
mandado lembranças.
Daí Marina Silva ter enfrentado uma autentica “sinuca de bico”: pra conseguir se
habilitar como candidata a qualquer cargo, no próximo ano, literalmente se viu
obrigada a abdicar dos seus princípios morais, ao sentar no colo de um político
que usa e abusa do jogo de conveniências e pragmatismo, o pernambucano Eduardo
Campos, presumivelmente candidato à Presidência da República, pelo PSB. Este, matreiro
e perspicaz, claramente visando o “caminhão” de votos que teoricamente Marina
Silva representa, conseguiu cooptá-la até com certa facilidade, ao oferecer-lhe
a posição de vice na chapa majoritária.
Perguntas
que se impõem: já que não conseguiu nem as 450 mil assinaturas necessárias à
fundação da sua “Rede Sustentabilidade”, será que Marina Silva é realmente dona
dos 20 milhões de votos que lhe foram destinados na eleição pretérita, ou tudo
não passou de fogo em palha ??? Se realmente se considera “diferente” dos
políticos tradicionais, não teria sido uma tremenda incoerência da parte de Marina
Silva abdicar da sua “rede” (e tudo o que ela representaria) ao filiar-se ao PSB,
um mero “partido”, comandado e abrigo do supra-sumo da conveniência e do jogo
desleal ??? Onde foram parar a ética e os princípios morais, tão difundidos por
Marina Silva ???
Particularmente,
entendemos que a estupenda votação obtida por Marina Silva na eleição passada
dificilmente se repetirá, principalmente agora, após sua desastrada opção por
se aliar ao que antes reprovara com tanta veemência.
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