A ameaça que dá título a esta postagem teria sido feita por
uma criança morrendo em decorrência da guerra na Síria. De tão revoltada com as
malvadezas daqueles humanos em fúria destrutiva de si e dos outros, a criança
disse que iria enredar a Deus sobre aqueles crimes todos. Disse isso enquanto
morria.
E contar a Deus é contar para a história. Toda malvadeza se
escuda no rompante e na finitude do contexto onde pratica o mal. Assim como o
senso de impunidade. Tudo passa. Tem a possibilidade de adiar a culpa e assim,
entre trancos e barrancos ir levando.
Sem contar que a malvadeza tem como justificativa a
perenidade do mal entre todos. Se alguns as praticam então, como dado da
realidade, a que este pratica se equivale a daquele. Afinal ninguém inventa a
maldade em seu ato. Ele não inaugura a maldade. Ele se justifica pela
agressividade sobre a dignidade do outro e se esconde no cipoal da maldade
geral.
Mas contar a Deus, como já disse, é contar para a história.
Aquela criança estaria contando para a história o horror que perdura contra
pobres, crianças, idosos, etnias e tantos outros grupos vítimas de genocídios.
E esta denúncia me veio a respeito do premiado Humorista
Danilo Gentili, que foi alçado ao SBT para continuar com um humorismo nascido
junto com as redes sociais e todo tipo de neo-conservadorismo que empunha
espadas, família e propriedade contra direitos humanos, sociais, solidariedade,
políticas corretas e de compensações entre outras bandeiras dessa época.
Danilo, meio no estilo da perseguição da direita paulista
aos nordestinos, fez piada com a pernambucana Michel Maximino que foi a maior
doadora de leite materno do Brasil. Ela entregava todo o excedente para um
banco de leite há 80 quilômetros de sua casa.
Os bancos de leite nasceram exatamente desse espírito de
solidariedade. Do mesmo modo que os bancos de sangue. E Danilo Gentili atacou
exatamente este esforço fazendo comparações de mau gosto com um ator pornô. Isso
tudo pela Bandeirantes em rede nacional. A moça virou piada e foi hostilizada
pelas redes sociais e pelas ruas da pequena cidade onde mora.
Tiveram que abandonar tudo, mudar de cidade e irem morar na
capital para se esconder das bombas assassinas da rede de televisão em sua ação
impune de praticar o mal.
DANILO EU VOU CONTAR PARA DEUS
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