Vamos tocar um assunto diferente. Aquela história do “dê-me
um ponto de apoio e moverei o mundo.” Ou seja, dê-me uma fonte de energia limpa
e interminável que moverei a sociedade humana. Quer dizer: o centro da
discussão sobre o futuro é a geração de energia.
A questão é tão importante que não se pode usar a noção de
investimento em moeda para se obter o retorno. Em energia a equação é: a
energia gasta para gerar outra energia deve ser muito inferior à gerada. Por
exemplo: partindo de uma energia limpa como a eólica ou termo solar a pergunta é
quanto de energia se gasta para montar as usinas e as placas solares. O retorno
é em energia.
Outra questão fundamental é a chamada ignição. Ou seja,
criar um processo tal que a partir do momento em que ele é posto para funcionar
esta função se sustente com a própria energia gerada no processo. Mesmo a
eólica e termo solar precisa de ignições que nesse caso pode ser o sistema como
um todo e a partir das fontes iniciais de energia os ventos ou a luz solar.
Aí retornamos ao início. Uma fonte de energia limpa e
interminável. Já existe um horizonte teórico para tal. Chama-se fusão nuclear.
Ao contrário da fissão que é a atual energia nuclear, perigosa e geradora de um
lixo terrível, na fusão este processo é infinitamente mais limpo e o
combustível mais variável e praticamente inesgotável.
Acontece que a revista Nature acaba de publicar os
resultados de experimento de cientistas americanos no qual pela primeira vez a
energia usada para gerar a fusão foi menor do que a energia liberada (acréscimo
entre 41 e 55%). Mesmo assim ainda se necessita fazer um longo caminho:
aproveitar mais energia no processo, pois no experimento apenas uma parcela
ínfima da energia usada foi absorvida pelo combustível (aplicou-se 1,9 milhão
de joules e a energia absorvida foi entre 9 mil e 12 mil joules).
Nesse estágio ainda não é possível fazer-se a esperada
ignição. Ou seja, manter o processo regular de geração de energia. O processo
não se sustenta. Mas os próprios cientistas sabem que iniciaram um caminho que
parece ser alentador.
A consequência é uma sociedade inteiramente modificada a
partir de um ponto central que é a energia. Com energia pode-se imaginar um
salto qualitativo no avanço da ciência, na transformações de materiais,
inovação tecnológica e manutenção de sistemas de vida mesmo em situações mais
adversas.
Um energia com essa característica muda todas as forças
produtivas, inclusive no sentido de processo menos agressivos à natureza e
geradores de mais paz, solidariedade e igualdade entre as pessoas. Seria como o
Alfaiate de Ulm (veja postagem de ontem) que imaginou o voo e não soube voar,
mas antecipou o que ocorreria.
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