Nesse feriado do primeiro de maio fui assistir ao filme
Getúlio que trata dos dias desde o atentado contra Lacerda até o suicídio do
Presidente barrando o golpe político que se armava. Ao mesmo tempo tenho fuçado
blogs e jornais sobre a crise da Ucrânia e sem perder de vistas as próximas
eleições brasileira.
Mesmo que os EUA e a União Europeia tenham dado um troco à
Rússia em seu proselitismo no mundo, especialmente na Síria e no caso Snowden,
de repente passamos a enxergar o renascimento da grande Rússia que fora perdida
com o fim da União Soviética. E mais ainda: a China incomoda mais do que a
mídia ainda expõe. Basta se observar que Obama tem dito para sentir a tensão
que se cria no assunto China.
Acontece que os EUA e a União Europeia estão numa louca
corrida para conquistar o Leste Europeu e forçam a América Latina a aderir aos
seu bloco comercial. Isso considerando o jogo no Mar da China e no sudeste
asiático. Enfim o polo ocidental do hemisfério norte, não quer conversa de
BRICs e nem a consolidação econômica de um rede cooperativa e complementar
entre a China e a grande Rússia (com essa possibilidade a grande Rússia se
torna mais turbinada).
Aí vêm as eleições este ano no Brasil com dois discursos em
disputa que se consolidam sem a aparente possibilidade de uma terceira
alternativa. Acontece que o Eduardo Campos, por essas coisas da política, que
poderia fazer essa alternativa se consolida com uma força auxiliar da
viabilidade de Aécio Neves. O Aécio com um discurso de fazer corar de vergonha
o seu avô Tancredo Neves, diz uma bocado de bobagens sobre suas semelhanças com
Eduardo e na prática diz que o Campos seria um auxiliar dele.
Mas o que tempos em disputa nas eleições? Um discurso de
austeridade econômica, lacerdista nos termos que levaram ao suicídio de Getúlio
(corrupção, destruição do adversário, união de mídias etc.) e atrelado ao bloco
União Europeia/EUA. O outro discurso marcou posição no primeiro de maio propondo
a união dos trabalhadores e da classe média como modo e manter a independência
do Brasil em relação aos conflitos mundiais.
Retornemos a Getúlio. Nos anos 30 e 40 do século passado, a
crise econômica do liberalismo econômico a ordem mundial se esfacelou em vários
modelos de sociedade – comunista, social democrática, fascista etc. A evolução
de uma guerra mundial, com milhões de mortos, terminou por consolidar um modelo
hegemônico de economia e sociedade.
Getúlio Vargas chegou à Presidência da República por uma
luta armada que destituiu o governo e empossou outro. Em 32 a oligarquia do
café de São Paulo tentou impor seu jogo. Em 35 trabalhadores e militares
tentaram a alternativa comunista. Em 37 houve assalto ao próprio palácio
presidencial por parte dos integralistas (que representavam o modelo fascista).
E claro a eclosão da segunda guerra mundial acelerando enormemente o processo.
Getúlio adotou um modelo pendular, independente em relação às
nações em conflito, ao mesmo tempo que foi consolidando uma aliança com as
classes trabalhadoras urbanas e com uma certa classe média que nasceu dos
empregos estatais. Com as radicalizações, que processos tão intensos como esses
determinam, a verdade é que o Brasil se manteve como força nacional com peso na
economia mundial, na cultura e como exemplo de nação independente no contexto
mundial.
Eis a questão central dessas eleições: não aderirmos a qualquer
bloco, não sermos caudatários de nenhuma nação ou blocos, mantermos capacidade de
diálogo internacional amplo, promover a união de quem trabalha e produz e
sobretudo ter o que dizer como modelo de sociedade no grande conflito que
ocorre no que se chama crise econômica.
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