A integridade é uma das coisas mais difíceis no ser humano.
Falando em integridade como a capacidade até de mudar de opinião, mas tendo a
capacidade de demonstrar que esta mudança faz parte da ordem geral e não do
arranjo individual e oportunista.
Fernando Henrique Cardoso foi eleito Presidente da República
por duas vezes em razão do plano de estabilização econômica do país. FHC foi
eleito duas vezes no primeiro turno. Quem deu a vitória a ele foi o povão, o
povo do nordeste, do norte, o povo das camadas sociais mais sofridas que se
viam beneficiados com o fim a terrível inflação que corroía seus ganhos antes
mesmo deles começarem a comprar as suas necessidades.
Mas FHC tem dois defeitos fatais. Um de personalidade: é um
oportunista na raiz da medula. O outro é intelectual: pertence à cátedra do “paulistanismo”
adversário mortal de um projeto nacional, preconceituoso, que tem horror a
nordestino migrante e tudo que é crescimento e distribuição de renda é populismo.
É a ideologia que defende a “meritocracia” e que voto em Aécio Neves cuja
carreira é produto de sua família, incluindo o avô.
Como diz Carlos Orsi num jornal da Unicamp: “A Semana de
Arte Moderna de 1922 foi, no plano ideológico, a iniciativa de uma “oligarquia
racista, reacionária e ao mesmo tempo modernista”, para servir aos interesses
de classe da elite cafeicultora e a um projeto de hegemonia paulista, que via o
Brasil como uma colônia a ser explorada pela metrópole de Piratininga.”
Eis a declaração do prestidigitador no blog do Josias de
Souza, portal do UOL: “O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser
os mais pobres. Não é porque são mais pobres que apoiam o PT, é porque são
menos informados.” De uma tacada só o Príncipe dos Sociólogos tenta separar o
inseparável, uma vez que informação (midiática é o que ele quer dizer) é acesso
e acesso é riqueza monetária.
Além de tentar uma frase que não irrite os pobres, ele
também comete outro erro sociológico: informação não depende apenas do Jornal
Nacional, da Folha ou do portal UOL. O povo do nordeste tem seus métodos para
se informar, tem capacidade para analisar e sobretudo sente o imediato de suas
vidas com mais agudeza do que a crônica de um sociólogo rico que ganha fortunas
dando palestras a empresários com horror a uma ordem social que os comprometam
além dos seus negócios.
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