O termo “mensalão” não
consta de qualquer dicionário e foi introduzido na arena política brasileira pelo
deputado Roberto Jefferson (posteriormente condenado), a fim de designar um
pretenso pagamento mensal a deputados corruptos, em troca de votos para
aprovação de matérias de interesse de governos, estadual e federal.
Conhecidos, dois foram
os “mensalões” da vida: o “mensalão-original”, o de Minas Gerais, cuja
principal beneficiário foi o então governador do PSDB, Azeredo da Silveira e
que até hoje não foi julgado; e, o “mensalão-genérico”, o de Brasília, que
envolveu uma série de parlamentares da base aliada do governo, e que teve
julgamento “vapt-vupt”, com os seus integrantes condenados e presos. Em ambos,
uma similitude: o mesmo operador, o mineiro Marcos Valério.
O “porquê” do mensalão ocorrido
posteriormente (o de Brasília) já ter sido julgado, em detrimento do que lhe precedeu
(o de Minas) - que permanece perambulando de gaveta em gaveta no judiciário
mineiro, é algo que causa curiosidade. Pois é exatamente aí que o senhor Aécio
Neves, quando questionado sobre corrupção, se escora para escamotear a verdade:
no seu “juízo de valor”, como o senhor Azeredo da Silveira ainda não foi
julgado (embora todos saibam da “desenvoltura” com que agia na obtenção dos votos)
, não se pode considerá-lo culpado. E PT saudações.
A reflexão é só pra
lembrar que agora, quando um estranho “vazamento seletivo” da Justiça Federal
do Paraná é divulgado, trazendo declarações de dois mafiosos que operavam junto
a inúmeros políticos que se beneficiaram de polpudas “propinas” na Petrobrás, a
mídia nacional, sem que sequer as investigações tenham começado, de pronto trata
de condenar o governo federal.
Como estamos às
vésperas de um segundo turno de uma eleição presidencial e o senhor Aécio Neves
concorre diretamente com a atual Presidenta da República, Dilma Rousseff, eis
que o seu “juízo de valor” a respeito da necessidade de julgamento para que
haja uma condenação, metamorfoseia-se: assim, conforme deixou claro, também
aqui (tal qual no julgamento do mensalão brasiliense), não há necessidade nenhuma
prova comprobatória do possível crime. Basta a denúncia de dois reconhecidos
bandidos para que se chegue à conclusão que o governo é corrupto, que o
ocorrido na Petrobrás teve orientação do governo, que o governo comandava tudo.
Só que qualquer brasileiro com um mínimo de discernimento e bom senso sabe que
o presidente Lula da Silva e a Presidenta Dilma Rousseff nunca compactuaram e
não compactuam com a corrupção.
No mais, é estranho que
o senhor Aécio Neves, visando benefícios pessoais, oblitere propositadamente o
ocorrido no governo do PSDB, comandado por FHC, quando: a) dezenas de
parlamentares foram agraciados com R$ 200 mil (cada), a fim de aprovar a emenda
da reeleição (aí, sim, a corrupção foi generosa); b) que, naqueles dias, a sala
da presidência do BNDES serviu de “esconderijo” à quadrilha comandada por Mendonça
Barros, que orientado por FHC (existe um até áudio, a respeito) entregou as
principais empresas brasileiras a preço de banana em fim de feira, aos
espertalhões da vida; c) que moedas podres e até empréstimos subsidiados pelo
governo (pelo mesmo BNDES que hoje criticam) foram disponibilizados a quem
quisesse se habilitar em tais leilões; d) que o fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil (a
Previ), foi saqueado até o “limite da irresponsabilidade”, conforme declarou Roberto
Sérgio, seu presidente, visando beneficiar o bandido Daniel Dantas, na compra
do setor de telecomunicações.
Alfim, resta lembrar que
a atuação desses aloprados dentro da Petrobrás foi descoberta pela Polícia
Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça, que por sua vez deve
obediência a Presidência da República. E que o funcionário envolvido foi
sumariamente demitido pela presidenta Dilma Rousseff, quando esta tomou conhecimento
da maracutaia.
Cabe agora ao
Judiciário julgar e condenar os parlamentares e empresas que participaram desse
assalto aos cofres públicos.
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