Pois é, pra quê? - Sidney Muller.
Ação. Luzes. Ação.
A embriaguez da ação. Mesmo sem saber a causa, o propósito,
o resultado. Ação. Sem ela um tédio mortal. A grande e irremovível depressão.
A necessidade da ação como um adware, spyware, sempre
tentando abrir uma nova guia no navegador. E para que a mente, a memória e o
corpo abram a ação busca-se o combustível.
Aquele que estabeleceu outra mente. A mente tangível. Como a
contundência de comprimidos de êxtases, o hálito azedo de café, goles de álcool,
encher de fumaça os alvéolos, cafungadas de romper as cartilagens nasais. A
mente alterada, motora da ação.
O mérito da ação. O sucesso, conquista, empreendedorismo, o
orgulho de si mesmo pelo qual mereça reconhecimento. Que necessita do “marketing”,
que depende de intermediários, que tilinta a sonância de moedas passando de mãos.
E tome ação. Até mesmo a contemplação, a meditação, a
oração, são territórios da ação. Não se constituem em mais nada do que
propriedade de valor nas transações monetárias lastreadas no lucro e no plano
de negócio.
Quem há de contar estrelas mesmo sob ameaça de verrugas
nascerem em sua pele? Quem há de expirar e inspirar os segundos como um curso
quase inativo do acontecer? Quem há de extrair conteúdo em horas vazias de
débitos e créditos?
Espiga a espiga no milharal. Palha a palha na espiga. Milho
a milho debulhado. Esta fábula agrícola que ainda se escoa lentamente no modo
de estar no mundo.
Um continuo viver.
Uma mandala do desfecho.
Esta enfiada de contas para qual não traduz valor.
Tudo ação pouco acelerada onde se tem oportunidade de
prestar atenção para além das margens deste acontecer.
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