Comecemos pela religiosidade. A maioria dos brasileiros se
declara religioso. A principal corrente é judaico-cristã. Portanto há um Deus
pai, onisciente, onipresente, onipotente cuja única exigência às suas criaturas
é que o compreendam.
Nesta visão o princípio de todas as coisas é Deus e ele se
manifesta pela bondade (sem fim acrescentou o poeta do sertão) a tudo que nos
faz e decide. E a bondade é necessariamente compreensível. Ou seja, Deus
explica a bondade e a compreendemos.
Agora vamos a um canal de Diálogo durante depoimento entre
um preso da Lava Jato e o Juiz Sérgio Moro:
Cerveró – “Eu estou
preso há cinco meses, sem nenhuma culpa provada. Nenhuma acusação que o senhor
fez foi provada. ”
Juiz Moro – “Eu não
fiz nenhuma acusação senhor Nestor, foi o Ministério Público. ”
Cerveró – “Mas o
senhor aceitou a denúncia, baseado em ilações do Ministério Público”.
Juiz Moro – “Não vou
discutir com o senhor aqui as provas, vou avalia-las na sentença”.
Cerveró – “Mas qual é
o sentido de eu estar cinco meses preso, por que eu não posso responder em liberdade
ou em prisão domiciliar? Isso não pode ser analisado antes?”
Juiz Moro – “Não, o
processo está encerrado, praticamente”.
Cerveró – “Mas já me
custou cinco meses de cadeia. Qual foi o critério que o senhor usou para me
colocar preso preventivamente”?
Juiz Moro – “Eu não vou ficar discutindo minhas decisões
judiciais com o senhor. O interrogado aqui é o senhor, e não o juízo”.
Para os espíritos exaltados que se encontram na primeira
fila do apedrejamento, não custa lembrar que se um Juiz não pode se explicar a
quem acusa ou penaliza, ele pode tudo. Inclusive contra os exaltados, seus
antepassados ou descendentes.
A base da violência institucional (ditadura, achaques, agressões,
tortura etc.), que normalmente esconde outras intenções, é o biombo de quem não
se explica escondendo suas decisões e atos. Se Generais tão estúpidos tivessem,
no combate aos adversários da Ditadura o cuidado de prestar contas ao menos institucional,
agentes não teriam cometido as barbaridades inclusive decorrentes da psicopatologia
do torturador.
Então num e noutro caso, as Forças Armadas então e o Juiz de
Direito agora, adicionam outro atributo
a Deus: prepotência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário