TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 25 de agosto de 2015

PISANDO NO PRESENTE DO INDICATIVO

Pisamos as calçadas das ruas do Rio de Janeiro no presente do indicativo. E tropeçamos como se pisássemos os becos do século XIX.

Correndo como as memórias de Um Sargento de Milícia. A memória arquitetônica com retalhos de anúncios de oficinas mecânicas e estreitas calçadas esburacadas, interrompidas por anchos postes de eletricidade, canos para dificultar o assédio de automóveis, jardineiras de plantas murchas e cacarecos espalhados como o lixo espacial.

As ruas foram tomadas, com de surpresa, por uma correnteza caudalosa de veículos motorizados, barulhentos e fumegantes. Aquele bucólico passar de carruagens, cavalos e bondes, mais do que denunciam, revelam nas páginas amareladas um presente condicionado.

Efetivamente as ruas do Rio de Janeiro têm um enorme problema de conteúdo e continente. As calçadas do século XIX são as mesmas apenas houve uma mudança na posição do X e do I na contagem do século.

E aí um drama humano, entre tantos desta urbanidade desvairada, abre a narrativa todos os dias entre as calçadas impróprias e as ruas apropriadas. Os novos proprietários deste espaço vital continuam atropelando pessoas tangenciado obstáculos no seu livre ir e vir.

No início dos anos 80 as grandes vítimas eram as crianças com mais de sete anos indo e vindo da escola. Agora são pessoas idosas, perdendo anos vida, ocupando leitos hospitalares e a solidão nas camas que formam escaras.


E a polícia expulsa dos ônibus jovens da zona norte com desejo do espaço aberto da praia. E o trânsito atropela, invalida e mata. Na avenida Atlântica gritaram toda a insatisfação e retornaram pelas ruas do Rio, pisando no presente do indicativo.       

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