Se
alguém por essas bandas (Brasil) duvidava que o deprimente
espetáculo patrocinado meses atrás pela Câmara Federal para
aprovar a cassação (sem crime de responsabilidade) da Presidenta
Dilma Rousseff, algum dia poderia voltar a acontecer, dada à
palhaçada de que se revestiu e a consequente repercussão negativa
resultante, quebrou a cara.
Nem
o banco esfriou e a “República de Curitiba” não só o bisou,
como tratou de armar um circo bem mais amplo e repleto de holofotes,
que abrigasse a imprensa nacional e internacional, com direito a um
sem número de “transparências” (power point), mas com um só
mote: acusar Lula da Silva de ser o “maestro”, o “general” e
o “comandante” de todas as ações irregulares havidas no
decorrer dos tais “mensalão” e “petrolão”.
E
aí, empolgado e visivelmente picado pela mosca azul, o pastor
evangélico Deltan Dallagnol, com o seu ar messiânico, não
economizou nos adjetivos e deitou falação sobre a culpabilidade de
Lula da Silva nos dois processos e, alfim, antecipou ali mesmo o
veredicto final: deve ser preso e pagar por tudo aquilo. Bastou,
entretanto, que um repórter mais perspicaz fizesse uma simplória
pergunta para que o circo literalmente desabasse: “Doutor, e as
provas ???”. E a resposta foi um misto de bizarrice e hilaridade:
“Não temos prova, mas temos convicção”.
Ou
seja, sem tirar nem por, aconteceu exatamente o que presenciamos no
julgamento do tal “mensalão”, quando a ministra do Supremo
Tribunal Federal, Rosa Weber, inquirida sobre a existência de
provas, disparou: “Não tenho prova cabal contra o Dirceu, mas vou
condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. E assim foi
feito, vapt-vupt. Sem cuspe.
Fato
é que, apesar do vexame propiciado por Dallagnol e sua troupe na
apresentação da denúncia contra Lula da Silva, ela tem toda a
chance de ser aprovada e, enfim, se anuncie a prisão do
ex-presidente, e por uma razão simplória: existe uma gritante
anomalia na “República de Curitiba”. Lá, Sérgio Moro manda e
desmanda, casa e batiza, bate e assopra e, enfim, determina como e
quando as coisas devem acontecer. Dallagnol e demais procuradores do
Ministério Público não passam de caixa de ressonância, ouvintes
atentos e cordeirinhos amestrados prontos a executar o que o Juiz
lhes determinar; Moro e o Ministério Público Federal curitibano são
como carne e unha, visceralmente ligados, constituem uma mesma
entidade, agem em conjunto, se confundem.
Assim,
não há que se duvidar que o próprio Sérgio Moro instrua-os como
devem apresentar a denúncia e por onde seguir. Ou seja, o que
Dallagnol envia para o Sérgio Moro é o que o Moro lhe enviou para
que seja devolvido em forma de denúncia. Ou mais precisamente: seria
uma espécie de correspondência de MORO para MORO (com tabelinha do
procurador). Não há, pois, como referida denúncia não ser aceita,
apesar da comédia pastelão patrocinada pelos procuradores
curitibanos. Simplesmente porque em assim acontecendo, Moro estaria a
negar o próprio Moro.
Em
razão de tais arbitrariedades, a pergunta que então se impõe é:
afinal, para que serve mesmo o “livrinho” (Constituição
Federal) ??? Para que serve um Supremo Tribunal Federal cuja missão
maior é exatamente ser o “guardião” do livrinho, fazendo-o ser
respeitado ??? Ou o marginal Sérgio Machado estava coberto de razão
quando disparou: “Nunca tivemos um Supremo tão merda como esse”.
A
conferir.
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