O
“FUÁ” TÁ ARMADO – José Nílton Mariano Saraiva
Como
previsível, os mafiosos políticos com assento no Senado Federal
resolveram trazer de volta à ribalta o colega Aécio Neves, que
houvera sido afastado das suas funções naquela casa pela 1ª turma
do Supremo Tribunal Federal, em razão de ter solicitado e recebido
de um empresário bandido uma superlativa propina (“desprezíveis”
R$ 2.000.000,00).
Como
se sabe, a própria Constituição Federal determina que, em razão
de gozar do tal “foro privilegiado” (verdadeira excrescência
jurídica brasileira), não só o vagabundo Senador mineiro, do PSDB,
mas todos os políticos abrigados sob o “frondoso” guarda-chuva
do Congresso Nacional devem ser julgados obrigatoriamente pelo pleno
do STF.
No
entanto, covardes e medrosos como o são (e mostraram isso quando do
processo de impeachment da ex-Presidenta Dilma Rousseff, ao se
negaram a apreciar o “mérito” da questão, adstringindo-se ao
“rito”), os integrantes daquela corte tomaram a estapafúrdia
decisão de transferir/delegar aos integrantes do Senado Federal o
“poder jurídico” de decidir sobre o destino do colega (ou seja,
reverter a decisão do próprio STF). E assim, ao colocarem a raposa
dentro do galinheiro, abdicaram de um preceito constitucional que
lhes era garantido, ferindo de morte a nossa Carta Maior.
Se
tal atitude serve para firmar “jurisprudência” sobre (mafiosos
julgarem mafiosos), não há como confirmar, mas o certo é que já
existe uma movimentação da defesa de outros “políticos bandidos”
no sentido de reivindicar isonomia de tratamento para os seus
clientes (o tal do Eduardo Cunha já cogita de ter seu julgamento
revisto, não pelo Supremo Tribunal Federal, mas, sim, pela Câmara
Federal). Portanto, não duvidem que dentro em breve tal ocorra e
“Sua Excelência” saia da prisão rindo da cara de todos nós.
O
“fuá” tá armado. No que vai dar ninguém sabe. O que se sabe é
que a cada dia o brasileiro mais descrê do Poder Judiciário, face
às heterodoxas e suspeitas decisões daquele que deveria ser o
“guardião” da Constituição Federal, o STF.
Onde,
aliás, um dos seus membros – Gilmar Mendes - bate e assopra, faz e
desfaz, casa e batiza sem que os demais integrantes se insurjam ou se
contraponham. Ainda agora, por exemplo, se noticia que durante o
período em que esteve afastado do Senado o mafioso mineiro Aécio
Neves trocou mais de 30 mensagens eletrônicas com o dito-cujo, num
tempo relativamente curto. Do que trataram, não se sabe (convém
lembrar, entretanto, que meses atrás foi gravado um telefonema onde
o Senador pede ao Ministro que ligue para um outro parlamentar a fim
de convencê-lo a votar a seu favor numa matéria de interesse
próprio, no que foi prontamente atendido, com a posterior reversão
do voto do dito cujo).
Fato
é que, depois de tudo o que armou e fez, o político mineiro voltou
ao Senado sorridente e loquaz, jurando inocência (o que o povo
brasileiro viu na TV, em horário nobre, não aconteceu, foi só uma
“ilusão coletiva”). É ou não total falta de escrúpulo ???
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Post
Scriptum:
“Quando
a política penetra no recinto dos Tribunais, a Justiça se retira
por alguma porta” (François Pierre Guillaume Guizot –
1787-1874).
“Países
cujas Constituições permitem que os políticos tenham foro
privilegiado e que os próprios políticos nomeiem os juízes dessa
mesma Corte, são pocilgas, hospícios legalizados em forma de
nações” (José Márcio Castro Alves).
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