Já que não obteve os votos
necessários para a batalha final, se realmente tivesse mesmo um mínimo de apreço
pela democracia, e ante a ameaça real desta sucumbir ante um ultradireitista, Ciro
Gomes deveria ter posto em prática seu recorrente discurso contra o perigo da ascensão do “fascismo” por essas
bandas, dando apoio àquele que se habilitou para ser o “anti” (Fernando Haddad).
Isso seria o natural, o lógico, o racional, o óbvio.
Só que, com Ciro Gomes, a
coisa não funciona bem assim, certamente devido à longa convivência com o seu
padrinho político Tasso Jereissati (a quem espetacularmente findou traindo). E por uma razão simplória: como bom aluno que
é, a “criatura” findou por assimilar pari-passu o modus operandi do “criador”,
em termos de arrogância, prepotência e autocracia coronelística.
Para comprovar, basta uma
rápida olhadela para o seu extenso “prontuário-político”, onde constata-se ter
aderido a incríveis sete (07) agremiações partidárias em seus 36 anos na
política: PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, PROS e PDT, algumas das quais sem qualquer
identidade ideológico-programática com a outra (ou seja, por pura conveniência
pessoal).
E que delas se desligava em
razão dos seus dirigentes não permitirem que “tomasse de conta” da agremiação (à
época, houve discussões com os Novaes, aqui de Fortaleza, com Roberto Freire e com
o falecido Eduardo Campos, de Pernambuco). Já com relação ao PROS, por exemplo,
circulam notícias que teria pago R$ 4,0 milhões para se apossar do partido.
Frio e calculista, ao
aproximar-se de Lula da Silva já objetivava obter seu apoio para uma possível
candidatura à Presidência da República, mais à frente, mesmo sem integrar os
quadros do PT.
Como, após reeleito, Lula da
Silva frustrou seu desejo ao optar por Dilma Rousseff à sua sucessão, arranjou
espaço em horário nobre nos principais noticiosos de diversos canais
televisivos e tratou de desancar da candidata petista, mesmo que para tanto
tenha tido que tecer loas ao adversário e arquirrival José Serra (à época, a
entrega da “coordenação de campanha” de Dilma, no Nordeste, foi o bastante para
acalmá-lo).
Em partidos de aluguel, concorreu
em duas oportunidades à Presidência da República, tendo como “vice” figuras às
quais não guardava identidade, mas que lhes eram convenientes eleitoralmente:
Roberto Freire e o tal Paulinho da Força, mas ainda assim nunca conseguiu ter
votos suficientes para sequer passar para o segundo turno.
Agora, na eleição recém-finda,
foi convidado a concorrer como vice na chapa de Lula da Silva, mas a
prepotência e arrogância falaram mais alto, já que só aceitaria entrar na
disputa na condição de “cabeça-de-chapa” (ou seja, Lula da Silva e o PT
deveriam se submeter aos seus caprichos e vontades, olvidando todo um passado
de luta). Se tivesse tido a humildade de aceitar, com o impedimento de Lula
teria ocupado o lugar que acabou sendo entregue a Fernando Haddad e, enfim, poderia
ter chegado lá.
Como fracassou mais uma vez,
foi lamber suas feridas fora do país, durante o segundo turno da eleição,
negando-se a combater o candidato fascista e, potencialmente, ajudando-o a
eleger-se, ao soprar no ouvido do irmão ventríloquo todo o ódio e frustração que
dele se apossou e que foi verbalizado em reunião do próprio PT (depoimento que
foi usado à vontade pelo candidato
fascista, a partir de então).
Hoje, em sua própria “página
oficial” no facebook (https://www.facebook.com/cirogomesoficial),
centenas e centenas de pessoas o rotulam de traidor, frouxo e covarde, e de ter
contribuído decisivamente para a eleição do candidato-fascista (em sua página
oficial, repita-se).
Em troca, Ciro Gomes responsabiliza
o PT e Lula da Silva pelo desastre da ascensão do fascismo no Brasil, e já dá a
entender que só participará de uma grande frente democrática em 2022 se o
colocarem como “cabeça-de-chapa” e, claro, com o PT fora.
Se não, continuará messianicamente
a desfilar no “bloco do eu sozinho”.
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