Quando
no exercício da sua atividade profissional (jogador de futebol), o
argentino Diego Simeone ficou conhecido pela alcunha de “madeira de
dar em doido”, popularmente adotada no meio futebolístico pra
designar aquele jogador durão, voluntarioso em excesso, obediente
tático por excelência, de uma exacerbada e genuína valentia.
Assim,
com Simeone, do pescoço pra baixo (evidentemente que do adversário)
era tudo canela. E haja porrada, a torto e a direito (às vezes, até
deslealmente). Às reclamações porventura existentes, a velha
máxima: futebol é jogo prá homem, se quiser moleza vá jogar gamão
ou dominó.
Pois
bem, apesar desse excesso de valentia, e até por isso
mesmo, Simeone brilhou não só na Argentina (e com sua
seleção), mas mundo afora; mas, de tanto viajar e de tanto se
dedicar e mostrar a velha garra portenha (quem dera os brasileiros
neles de espelhassem), cedo cansou, encerrando prematuramente a
carreira.
Então,
dedicou-se à função de treinador. E eis que conseguiu levar o
modesto time do Atlético de Madrid (no qual atuou e foi campeão
como jogador) ao título espanhol (2013/14), depois de 19 anos na
fila, desbancando os milionários e poderosos Real Madrid e
Barcelona, que sobraram na curva. Sem dúvida, um feito espetacular e
que alavancou sua carreira profissional.
O
que chama a atenção no time por ele treinado é que seus comandados
refletem a imagem e semelhança do antigo jogador Simeone, em termos
de obediência tática, de dedicação, de entrega, de doação, de
valentia, de vigor físico. Todo isso, aliado a um preparo físico
excepcional, faz com que a equipe “simeonesca” se defenda em
bloco e em bloco parta para fulminantes ataques (tal qual a seleção
da Holanda, de 1974), daí a dificuldade dos adversários em
derrotá-la. Claro que, aqui acolá imprevistos acontecem, mas
normalmente a vitória é certa (em citada temporada, foram apenas 04
derrotas em 38 jogos).
O
título do Campeonato Espanhol foi mais um exemplo do sucesso do
clube durante a "era Simeone". Afinal, esse foi o quarto
título até o momento do treinador desde que assumiu o comando em
2011: Liga Europa (2011-12), Supercopa da Europa (2012), Copa do Rei
(2012-13) e Campeonato Espanhol (2013/14).
A
prova definitiva que Simeone veio para ficar, e do reconhecimento do
seu trabalho, está no fato de que ainda hoje (após 10 anos)
permanecer firme no comando do Atlético de Madrid e
ser adorado pela sua vibrante torcida.
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