“BIOGRAFIAS” – José Nilton Mariano Saraiva
Embora poucos tenham se dado
conta, na República Federativa do Brasil existe um “cantinho” onde seu povo, por
conta própria, decidiu adotar o “regime monárquico”. E, gulosos que são, para fazer
inveja a quem de direito, os integrantes desse “cantinho” acharam por bem que
teríamos não um, mas “dois reis”, independentemente de alguém aprovar ou não;
assim, temos o “rei” Roberto Carlos (cantor romântico) e o “rei” Pele (no futebol).
Sobre o “rei” Pele, já foram
escritas milhares e milhares de páginas, realçando, sempre, sua performance “nos
gramados” do mundo inteiro e os encontros sociais com seus “iguais” (reis de
tudo que é canto). Hoje, o questionamento é sobre a retidão do seu “caráter”,
porquanto teria deixado de reconhecer
uma filha legítima, porque gerada fora do casamento.
No tocante ao rei Roberto
Carlos, embora de vida discreta, sabe-se que já
casou uma “ruma” de vezes, gerou um prole considerável, mas, outro dia
foi manchete na mídia nacional em razão de ter ameaçado processar um jornalista
que decidira lhe fazer uma homenagem, escrevendo sua biografia, sem consultá-lo.
Portanto, a “reflexão”, seria:
biografias devem ou não ser autorizadas ?
O bafafá a respeito nos remete
a uma entrevista concedida pelo jornalista Lira Neto, depois que colocou no
mercado, em 2009, a volumosa (e cara) biografia que produziu enfocando o padre
Cícero Romão Batista (são centenas e centenas de páginas).
Pois bem, após narrar o
conceito “objetivo” da Igreja Católica a respeito (tanto que na prática
redundou na expulsão do sacerdote das suas hostes), bem como as “subjetividades”
dos fanáticos adeptos (tanto que sem nenhuma comprovação dos pretensos
milagres), aquele jornalista foi instado a pronunciar-se se acreditava realmente
na ocorrência do tal “milagre da hóstia”.
Depois de tergiversar, gaguejar,
tossir e pigarrear, Lira Neto diplomaticamente “tirou o braço da seringa”, ao
afirmar que àquela época, lá (em Juazeiro do Norte) houvera acontecido “ALGUMA
COISA”, mas que não poderia precisar o “quê”. Ou seja, até o biógrafo levanta dúvidas a
respeito da veracidade da informação que acabara de divulgar.
Sem dúvida, uma ducha de água
fria nos adeptos de Cícero Romão Batista, que aguardavam um depoimento incisivo
e contundente de sua parte, confirmando a sua convicção a respeito (afinal, não
manifestada).
Assim , o “houvera acontecido alguma
coisa”, do biógrafo Lira Neto, deixa a porta entreaberta para que livremente
trafeguem versões outras e mais consistentes, inclusive e principalmente a da
própria Igreja Católica, segundo a qual o tal “milagre da hóstia” não
passou de uma grotesca farsa e desbragado charlatanismo, tanto
que seu arquiteto-idealizador (o próprio Cícero Romão Batista) foi sumariamente
desautorizado, excomungado e expulso da instituição.
Particularmente, entendemos
que ancorados no generoso e amplo sentido embutido no conceito “liberdade de
expressão”, ninguém tem o direito de sair por aí devassando a vida de outrem,
sem prévia autorização (do próprio, se vivo, ou de pessoas autorizadas, pós
morte), já que objetivando puramente fins mercantis.
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