Frankenstein e o “coiso” que promete dar um golpe de estado, (por Fábio de Oliveira Ribeiro*)
O “COISO” teve três nascimentos. O primeiro foi
natural. Ele foi expulso do útero materno e chorou quando a parteira enfiou a
mão na bunda dele. O segundo foi sexual. Ele se esgueirou para dentro do
galinheiro e começou a foder galinhas porque nenhuma menina o considerava
atraente. O terceiro nascimento do “COISO” ocorreu num Quartel do Exército
brasileiro. Lá ele aprender a humilhar, a roubar e até a matar.
Homem dono de uma imensa disformidade invisível, o
“COISO” acabou sendo expulso do Exército. Mas descobriu que no Brasil a Justiça
Militar é capaz de premiar as monstruosidades criadas nos Quartéis, pois a
expulsão foi convertida em aposentadoria. Premiado quando deveria ser punido,
ele entrou para a política e nela encontrou um ambiente favorável à expansão de
sua personalidade doentia.
Entre seus iguais, o “COISO” prosperou e até se
transformou num modelo de sucesso. Ao contrário do monstro de Mary Shelley o
“COISO” descobriu que podia ser aplaudido, reverenciado e até amado. Uma doença
sempre parece indício de saúde quando o doente convive apenas com seres
igualmente disformes.
Ao longo de algumas décadas, as idiossincrasias
sexuais, morais e militares do “COISO” se tornaram mais e mais refinadas e
cruéis. Frankenstein, o personagem de Mary Shelley, morreu perseguindo de
maneira incansável sua criação com medo de que ele desse origem a uma nova raça
de seres bestiais, mais fortes e menos sensíveis do que os homens. O “COISO”
criado num Quartel não só procriou como ensinou seus filhos a se apropriarem do
espaço político para transformá-lo em algo profano e insano Em 2014 a criatura
hedionda do Exército brasileiro foi por ele novamente adotada.
Nem a mais esquisita, perturbadora e
filosoficamente provocativa obra literária do século XIX seria capaz de
competir com o que está ocorrendo no Brasil. O monstro de Mary Shelley é vítima
e vilão. Ele não pediu para ser criado e provoca dor porque foi condenado à
solidão em decorrência de sua própria condição. O ser horrendo, depravado,
imoral, impudico, grotesco e indecoroso que pretende se apropriar do Estado
brasileiro é fruto de suas próprias escolhas voluntárias. Se um seguidor dele
mata alguém por razões políticas, o “COISO” aplaude o crime publicamente. Se
alguém não quer cometer violências, ele profere discursos incentivando novas
agressões como se isso não fosse crime.
A criatura de Frankenstein não é capaz de sentir
compaixão porque sua imagem horripilante e desagradável só é capaz de provocar
medo e rejeição. O “COISO” brasileiro que pretende governar o país contra a
vontade da maioria dos eleitores e sem respeitar quaisquer limites
constitucionais e institucionais transpira ódio, perversidade, crueldade,
desonestidade e violência. Ele arma e modela milhões de seguidores assim como
modelou os próprios filhos.
O mal que o personagem de Mary Shelley pratica é
repugnante, obriga Frankenstein a agir e deve provocar a reação da sociedade. O
mal que o “COISO” espalha com ajuda do Exército brasileiro é banal,
programático e aplaudido. A disformidade doentia que ele espalhou editando
decretos e fazendo lives para armar, fanatizar e corromper seus seguidores
ficará entre nós por muito tempo. A literatura de Mary Shelley entretém e nos
faz pensar. A criatura do Exército compromete as instituições, adoece a
sociedade e predispõe uma parcela da população a desumanizar e a matar a outra.
No galinheiro, o “COISO” se transformou em inimigo
da sexualidade humana. Na política, ele restaurou a credibilidade da
humilhação, do roubo e do assassinato. Na presidência ele transforma o Estado
em inimigo mortal da humanidade. Perto dele, o ser medonho, infeliz, agressivo
e solitário criado por Frankenstein é apenas um aprendiz de bicho-papão. O
“COISO” do Exército é um ogro sórdido e sorridente, um verdadeiro encantador de
assassinos.
*******************************************
*Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado
desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das
causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em
seres realmente humanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário