“DEITADO NA CAMA COM O DIABO” – José Nílton Mariano Saraiva
Meses atrás, num desses
eventos que o “seu” banco recorrentemente patrocina para convidados
preferenciais (os integrantes do tal “mercado”), o senhor André Esteves, dono
do banco BTG Pactual, jactou-se em alto e bom som, sem nenhum constrangimento,
mas, sim, usando de puro sarcasmo, que o atual o presidente do Banco Central,
Roberto Campos Neto, sempre e sempre o consulta quando aquela instituição
governamental tem que reajustar a Taxa Selic; ou seja, é ele, um banqueiro com
aplicações superlativas ou relevantes em títulos do governo e influenciador em
potencial dos demais integrantes do tal “mercado”, que sugere ou determina
sobre tal reajuste.
Afirmou, ainda, que o
presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, também o consulta sobre decisões
políticas às mais diversas; em resumo, o senhor André Esteves (um dos
comandantes do “mercado”) já há um certo tempo é quem realmente tá dando as
cartas lá em Brasília (tanto que os dois citados confirmaram, sem nenhum pudor,
que o consultam, sim, recorrentemente).
A reflexão é só pra lembrar
que, ao ser derrotado por Lula da Silva no pleito presidencial passado, o
miliciano que lamentavelmente esteve presidente do Brasil nos últimos quatro
anos, além de deixar atrás de si uma herança maldita ainda “aparelhou” as mais diversas instituições do
governo com pessoas do seu “naipe” e, consequentemente, dispostas a atrapalharem
o governo daquele que “ousou” impingir uma derrota ao chefe, tendo em vista que
o mandato dos “indicados” (e não eleitos) se estende metade entre o governo que
sai e metade aquele que assume.
E aqui é que mora o X da questão:
o Banco Central do Brasil, uma dessas instituições cujo presidente em exercício,
senhor Roberto Campos Neto, foi indicado pelo governo anterior, não tem qualquer
escrúpulo em tentar obstar, desde sempre, o governo atual, e nada melhor para isso
do que manter uma Taxa Selic estratosférica que, ao tempo em que desestimula
qualquer investimento produtivo para o país, beneficia sobremaneira (com o
pagamento de juros escorchantes) os abutres do tal “mercado” (à frente o seu
fiel conselheiro e assessor André Esteves e corriola).
É compreensível, pois, a
atitude do presidente Lula da Silva em se recusar a ficar “deitado na cama com
o diabo”, daí a sugestão que o Banco Central empreenda uma redução efetiva, gradual
e segura da Taxa Selic, que, alfim, beneficie o país (há espaço pra isso).
Não se concretizando tal
desiderato por alguma razão, a alternativa seria entrar em acordo com o
Congresso Nacional visando mudar o comando do Banco Central, antes que a vaca rume
definitivamente para o brejo.
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