TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE
domingo, 11 de novembro de 2007
Editorial: É Preciso Deselitizar a Cultura. Crítica ao modelo atual do SESC e BNB.
É PRECISO DESELITIZAR A CULTURA !
Ao ver o meu vizinho lavando o carro no dia de Domingo, som ligado...Bandas de forró a mil... toda a vizinhança curtindo o mesmo som, crianças correndo de um lado para o outro, já absorvendo no seu inconsciente, aqueles acordes decadentes de um povo que sem ter outra opção para escolher, é levado a gostar do pão e circo que lhes é apresentado.
Comecei a pensar sobre o assunto, e vi que o meu vizinho tem na verdade um poder nas mãos muito maior do que o SESC e o BNB juntos. Um poder que a burocracia de tão enrolada que é, não atentou para as formas simples da divulgação cultural:
O Poder de formar platéia!
Pergunta, meu caro leitor:
01 - Quantos cartazes vc já viu dos eventos que acontecem no SESC e no BNB ?
02 - Vc já ouviu Carros de som com propaganda volante anunciando espetáculos de Arte ?
03 - Quantas propagandas de Rádio e de TV vc já ouviu com shows do SESC e BNB ?
E no entanto, saiba que aqueles shows não são nada baratos!
Saiba que enquanto isso, o mundo é dominado pelo lixo cultural.
O homenzinho lavando o carro escutando forró possui um poder fantástico, pois sem o aparato empregado na construção dos mega-espetáculos, ele consegue seduzir um quarteirão inteiro, que dia após dia, se convence daquele estilo musical e passa a ansiar pelos novos sucessos.
Um fato curioso, caro leitor, é que aqueles que trabalham na banda podre da arte decadente, como os promoters do forró ruim, e das casas de shows, aprenderam logo cedo que o MARKETING É TUDO ! e que uma parceria com a mídia é essencial a todo projeto que se queira realizar. Aqueles que promovem a decadência cultural acordam cedo, passam o dia a propagar suas festas com carros volantes, sob um sol escaldante, subindo rampas íngremes, comendo o pó e mordendo a rocha. Eles não sabem o que é trabalhar de gravatinha no Ar-Condicionado e falar sobre Arte como se a arte fosse um quadro na parede, mas sabem que o povão está com eles, porque eles estão NO MEIO do povo. E ainda quando o sol se deita, esses incansáveis propagadores ainda estão a trabalhar, para chegar em casa de madrugada e começar tudo no próximo dia, repetindo todo o processo.
Esse tipo de garra, de luta é o que está faltando na divulgação da Arte e da Cultura verdadeira. Se por um lado, os artistas, comodistas que são, preferem permanecer em suas casas esperando que alguém vá até lá e o agarre pelo braço para conduzi-lo ao palco, por outro lado, aqueles que se propõe a formação de platéia, elaboram projetos que contemplam meia-dúzia de pessoas dentro de uma sala aonde só vai quem já é do ramo...
Por essa época, aqui no Cariri está acontecendo a Nona Mostra SESC Cariri de Cultura.
Evento grandioso. magnífico até. Evento grandioso e caro, promovido pelo SESC. Espetáculos lindos, multicoloridos. Bela iniciativa dos seus organizadores não fosse pelo simples fato de que cai na regra anterior:
"Ainda é um Espetáculo para as Elites!"
É bem verdade que alguns shows tem entrada franca, mas os shows principais, cujo palco é o maior de todos, foram todos elitizados, e estão cobrando o acesso.
Cobrando o acesso ?
Ora! se o povão mal tem dinheiro para sobreviver, que dirá se alimentar de cultura e arte pagando pra isso. Não dá ! Isso é um verdadeiro Absurdo!
No momento em que todos os setores da sociedade se engajam numa ampla discussão sobre levar cultura ao povo simples, a cobrança dessas entradas é algo completamente absurdo e está causando um profundo descontentamento no seio da sociedade.
Hoje, com a internet, estamos fazendo aqui na região do cariri um grande forum de discussões, reunindo as mentes mais brilhantes do cariri na discussão desses assuntos. Essas pessoas se concentram basicamente em dois Blogs, chamados: Blog do crato e CaririCult.
www.blogdocrato.com
www.cariricult.com
Com pouco tempo de existência, nesses sites, conseguimos reunir os grandes responsáveis por todos os projetos culturais já realizados na região do cariri em 3 décadas. Quem quiser conhecer o que é verdadeira a cultura do cariri e quem são essas pessoas, e o que têm feito, basta visitar os sites. O objetivo é mostrar que nós somos capazes de criar mecanismos próprios da região que contemplem nossa própria cultura e nossa vocação cultural, principalmente na cidade de Crato, que tradicionalmente é um centro do pensamento artístico, de Festivais, mostras, poetas, escritores, intelectuais, músicos, etc.
Depois de ver valores cobrados para a entrada dos espetáculos da mostra SESC Cariri de Cultura, chego à triste conclusão de que se nós quisermos fazer algum dia algo verdadeiramente dos artistas e que fomente a cultura, como todo esse movimento que iniciamos no CRATO, que eu Chamo de "A Corrente do Bem", para destruir o monopólio do Forró na mídia, e criar uma agenda cultural de verdade para a cidade, e apoiar as iniciativas daqueles que se comprometem a fazê-lo, nós teremos que fazer com nossas próprias mãos, e com pessoas daqui do cariri empenhadas nisso. Só quem entende a mente do artista é outro artista. O burocrata não entende do pensamento artístico. Pode entender do trâmite dos papéis que levam à realização dos eventos. Por isso é importante o diálogo entre as duas partes. Talvez buscar apoio do SESC e BNB é muito necessário, mas seguindo NOSSA própria iniciativa. A iniciativa dos artistas, orientada pelos artistas e executada pelos padrões do SESC e BNB.
Porque é INADMISSÌVEL que um projeto que se diz fomentar a cultura e formação de platéia, bancada por "N" patrocinadores como a mostra SESC, por exemplo, possa cobrar do próprio povo por isso. Isso é uma verdadeira contradição!
A Mostra SESC infelizmente, virou algo assim de "Promoter"! Se fosse para criar um evento desses com artistas, e cobrando do público, não precisaríamos do SESC, e sim contratar uma empresa de Promoção comum, como a "Eventus" , que, sendo do ramo, colocria trocentos carros de som nas ruas, faixas, cartazes, e traria muito mais atrações e cobraria da mesma forma.
Quando é que enfim teremos um palco de 15 metros de comprimento por 3 de altura, luzes, iluminação adequada, mas localizada em praça pública para Milhares de pessoas assitirem a Cultura DE GRAÇA? porque para o povão tem-se que restringir aos palquinhos menores?
Porque a cultura permanece no modelo Elitizado, fechando as portas para aqueles POUCOS que ainda se interessam pelo assunto ?
Certo dia, conversando com alguém importante do CCBN, eu falei que "No BNB, só vai ao oitavo andar, quem tem negócios a tratar!". Em fortaleza, por exemplo, já existe aquele público cativo, as mesmas caras, o mesmo povo de sempre. Pouca coisa muda. E o que dirá dos 40.000 que uma estação de rádio arrebanham numa só tarde. Porque, amigos, eu acho que isso é verdade! A cultura não pode ser confinada dentro de lugares para 40 pessoas assitirem, quando o mundo todo está pegando fogo com bandas de forró e macaquices, simplesmente porque o povo não tem acesso a outro tipo de informação.
É preciso deselitizar a Cultura!
Iniciativas como as do SESC e do BNB são louváveis, mas convenhamos, ainda são muito tímidas, gastam rios de dinheiro em shows aonde só quem frequenta, são os que já gostam do estilo.
Porque não levam esses espetáculos para a praça pública ?
Ah! vai me dizer que isso não é tarefa para o BNB e para o SESC ?
Ah! vai me dizer que isso é para o poder público, prefeitura? E que tal fazer uma parceria com eles então ????
Pois é...enquanto se discute a burocracia, alguém lavando seu carrinho num dia banal de domingo com o som ligado, tocando forró, conquista mais a vizinhança com sua "divulgaçãozinha fundo-de-quintal" aberta, do que um show desses em local confinado, onde o povão definitivamente não participa, não gosta e nem é levado a gostar!
Porque a Cultura tem de ir aonde o povo está e não o contrário!
Escreveu: Dihelson Mendonça
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
26 comentários:
Dihelson
Essa discussão que você tenta levantar vem sendo feita desde que a cultura de massa ganhou terreno no nosso país que se urbanizava. A palavra Cultura não temm uma definição precisa como se depreende do seu texto. A questão do acesso não é o único obstáculo à fruição pelo povo da "verdadeira" cultura.As pessoas consomem o que lhes agrada o paladar. As linguagens artísticas cada vez estão mais distantes desse paladar. E o pior é que o problema não está só na esfera da recepção. Existem muito mais questões envolvidas e o buraco é mais embaixo do que sonha a nossa vã filosofia.
Caro Maurício,
Se vc sabe aonde o buraco fica, pois diga-nos, ó grande Guru!
Continuo afirmando que os modelos do SESC/BNB são ingênuos demais para a realidade degradante do padrão cultural que ora vivemos. Os cartéis formados pela indústria da mediocridade e dos coronéis eletrônicos que empunham até 50 estações de rádio e canais de satélite, engoliram o pouco de arte que ainda existia, e ela ainda tenta sobreviver na forma de bolsões promovidos pelos órgãos da esfera oficial, que ao invés de facilitar o acesso à massa para a cultura, prefere investir de uma forma tímida, elitizando ainda mais o pouco que ainda resta, e eruditizando a arte ( até a arte popular ). Não é esse o procedimento correto.
O Correto seria investir no acesso por parte da grande parte da população à arte. Essa é a bandeira que eu defendo há muitos anos, sempre defenderei e sempre irei contra alguns que teimam em que o mundo é assim mesmo, sempre será, e defendem essa elite fraca, que já provou sua incompetência em gerir a Arte e a Cultura, e que ainda teima m em achar que sabem como se deve conduzir essas coisas!
Vide meu outro texto, do qual proferi palestra no Rotary Clube de Crato recentemente, sobre "Mídia, Arte e Cultura".
Dihelson Mendonça
Não, grande Mestre Dihelson, eu não sei onde fica o buraco. Talvez você tenha ensinado aos rotarianos em que lugar ele fica. Felizmente não sou do Rotary. E como diz um verdadeiro guru, Groucho Marx, não entro em clubes que mne aceitam como membro. Mais ou menos assim. Sem pretensão. Mass , por acaso, fiz meui doutorado em Comunicação e Semiótica o que deve dar pra eu falar em um almoço do Lions.
Meu caro Maurício,
Não sou membro do Rotary. Fui convidado pelo Rotary especialmente para ministrar uma palestra sobre "Mídia, Arte e Cultura", porque entendo do assunto, como artista que sou, pela minha história, e pela grande luta que venho empreendendo nos últimos anos, em todos os meios de comunicação ao meu alcance. Nos programas de rádio, no Blog do Crato e em diversos sites e shows, em apoio à grande ARTE.
Não se trata apenas de questões de gosto, ou de paladar. Essa visão seria muito míope, e pensamento para principiantes que enveredam nesse assunto. A verdade, é que a decadência cultural chegou às raias da loucura, com o embrutecimento do homem por todo um sistema perverso cuidadosamente maquinado por homens que vivendo à sombra do poder, servem de testas-de-ferro para os planos de controle das massas através dos meios de comunicação de uma forma jamais vista. Nem no tempo da ditadura tivessos tamanho monopólio e retrocesso, o Monopólio da mediocridade, que eu chamo de MIDIOCRIDADE.
Vide o documentário "Além do cidadão kane" e a luta de Alex Jones e Michael Moore, dentre inúmeros outros.
Não quero discutir aqui questões pessoais com você. Meu tempo é precioso, e o debate, necessário.
É bom que se mantenha o assunto pertinente à cultura e às Artes. Convido você a se juntar a nós nessa luta, pois falando como vc fala, em oposição a ela, até parece que defende a posição e o modêlo do SESC. Talvez vc trabalhe para eles, se for o caso, peço que me desculpe, se feri suas crenças ou as opiniões dos seus superiores.
Normalmente certas pessoas do SESC e BNB não aceitam bem mesmo as minhas críticas. Isso é normal, num convívio de irmãos, como o que mantenho com todos eles. Eles me conhecem, e eu os conheço. São meus amigos. Mas mesmo alguns concordam com o que eu falo e me apoiam.
Mas isso que eu falo, sempre foi minha temática nos shows dentro do próprio SESC e BNB.
Nunca fiz o tipo babão do SESC nem do BNB, apesar dos incontáveis shows e patrocínios que eles me proporcionam. Para se ter idéia, o BNB é o único, total e irrestrito patrocinador do meu CD. Há 10 anos faço shows pelo BNB. Sou um dos seu s garotos-propaganda principais, e como defendo o trabalho deles! Nossa! Eles são fenomenais já naquilo que fazem! Apenas acho que precisamos aparar algumas arestas importantes para melhor servir o público. Não falo por mim. Eu não preciso disso. Minha luta é pelo povo.
É preciso também não confundir as coisas. Uma coisa é falar da política cultural do SESC/BNB, que é um assunto, e outra coisa bem diferente é falar sobre a manipulação da mídia por um grupo de empresários.
Meu trabalho artístico em 2006 foi escolhido dentre mais de 2000 concorrentes para ser apoiado pelo Banco. E aqui no Cariri, eu sou o ÚNICO artista a ganhar o prêmio de patrocínio de 2007 para CDs, e de todo o nordeste, só tem mais uns 4. Eles merecem todo o crédito. Só nisso já se prova a minha total isenção. Se fosse um babão qualquer, por muito menos estaria a defender a política cultural, coisa que não faço. Mas o que tem que ser feito, precisa ser feito. E o modelo cultural atual em termos de abrangência, =não de qualidade artística=, está aquém do necessário, e precisa que alguém lhes alerte mesmo! Vamos levar os shows para a praça. Precisamos levantar essa discussão. Tenho certeza disso. Essa é a única coisa que peço ao SESC e BNB.
Por isso, repito:
"O Artista tem de ir aonde o povo está"
Falo isso com a sinceridade de um filho falando pelos erros dos pais e dos irmãos, sem nenhum constrangimento. Falo com intimidade de quem é amigo dos mais altos escalões dentro do Centro Cultural, não como um principiante que nem sequer conhece o que o BNB tem feito pela cultura nos últimos 10 anos! Conheço todo mundo e a história de luta, que é nobre, mas precisa apenas de alguns direcionamentos.
Muitos também não querem encampar minha luta por qustões de ciúme, inveja, tenho visto isso também ao longo dos anos.
Mas a minha grande luta, é mesmo com aqueles que controlam a mídia, esse é o assunto principal, e tenho certeza, pelos inúmeros apoios que tenho recebido, que minha luta em defêsa de uma sociedade pensante, de uma agenda cultural séria na cidade, que essa luta não será em vão, apesar dos opositores, porque no fim, o bem vencerá o mal, a cada dia recebo aliados e apoios, e aqueles que hoje defendem o sistema alienante das bandas de forró ruim, que estão destruindo o verdadeiro FORRÓ ( verdadeira cultura do Homem Nordestino ), serão todos engolidos e mal vistos na história que estamos a escrever!
Isso é apenas o comêço de toda uma história! Quem viver, verá! Venha para o nosso lado! Levemos a Arte e a Cultura para dentro das casas!
Dihelson Mendonça
Caro Dihelson.
Gostei demais do seu Editorial "É preciso deselitizar". É tanto que estou encaminhado para várias pessoas, inclusive alunos aqui do curso. Gostaria que você continuasse mandando esses artigos pois eu os encaminharia para vários endereços. Quanto ao artigo já retificado, agradeço, e como também me sinto lisojeado por ser membro do Blog do Crato. Como gosto que alguém esteja supervisionando o que escrevo, gostaria de ocupar um pouco o amigo, submetendo os escritos para sua apreciação. A dica de inglês que enviei, vai ser útil. Me dê uma dica e eu escreverei essa parte de inglês. Um abraço.
Jairo Starkey - Professor
.
JOSÉ DO VALE PINHEIRO FEITOSA Disse:
Dihelson: vá costurando a vida. Isso que você diz é o mesmo que já disse anteriormente com menos detalhes então. Não deixe morrer a conversa com a Prefeitura do Crato e agora alinhe com a crítica ao SESC e BNB, não deixe que a nossa preguiça se acostume ao desabafo. O que vamos fazer hoje segunda feira e durante esta semana?
JOSÉ DO VALE PINHEIRO FEITOSA
JOSERLÂNDIO DISSE:
Como ja afirmei, não gosto do sesc, tão pouco do bnb, acho o bnb menos ruim. A idéia que tenho quando entro no bnb cultural, é como se fosse um banco, cheio de regras.
Fila para entrar no banheiro com porteiros. Numa mesa só podem sentar duas pessoas, noutra mesa so pode sentar para ler jornal.
As regras irritam, a ideia que deixa é que todo mundo é irresponsavel, ignorante, burro. pParamos por aqui os adjetivos desqualificativos.
outra coisa.
O publico desse lugar é sempre o mesmo, voce passa um ano sem andar por lá e quando vai tem as mesmas caras, eu lembro quendo tinha o cid merda som no crato tenis clube. Todos os domingos eram as mesmas pessoas.
Na epoca da exposição tinhas os barzinhos temticos, as mesmas caras.
No crato na rua josé de alencar existiu o bar do "lurgarzinho" voce se lembra? quase enfrente a casa de abidoral. No final dos meus dias morando na cidade, existia um lugar, um barzinho, era um na praça da sé, os grandes intelectuais da urca, o folha de piqui. já fechou?
o rosto, caracou, chá de flor, etc... para dizer que esses lugares são pontos de encontro de alguns pseudo-intelectuais e da falsa burguesia terminam se entregando ao forró e ao axé, até fechar.
O sesc e o bnb cultural tem que mudar maneira de gestão, assim um dia poderá mudar alguma coisa.
Veja o exemplo do festival de guaramiranga, atrei muita gente nova, com certeza lá o sesc e c.bnb não atuam ou gestionam.
POR JOSERLÂNDIO.
MIMI ROCHA DISSE:
Mestre Dihelson.
Sempre bom com as teclas,seja do seu piano ou do teclado
do computador.Há de se refletir mesmo...
Ainda mais nesses tempos de aquecimento global e com a água
sendo um bem cada vez mais valorizado,lavar o carro já é ecologicamente incorreto,pior ainda ouvindo música ruim...
Mimi Rocha
SIMONY DISSE:
Meu caro amigo Dihelson, tudo o que você disse acima, é realmente tudo o que eu acho.....
Em primeiro lugar eu detesto forró, não suporto ainda mais esses forrós que falam só imoralidade...
Forró parece uma praga, e temos que acabar com isso antes que isso acabe com nós! E ainda mais estas pessoas que não sabem o que é ter CULTURA....
E sim ter burrice!
SIMONY
Graça Oliveira disse...
Dihelson, o seu desabafo tirou o engasgo da minha garganta.
É preciso que se lute pela democratização e oferecimento dos produtos culturais e artísticos à camada mais desfavorecida, afinal, como já preconizava o nosso Milton Nascimento" Todo artista tem de ir onde o povo está". Só que não é apenas num evento anual que isso deve ocorrer, mas que haja contínuas atividades nos bairros, nos sítios, nas escolas, para essa formação de platéia. O BNB já tenta descentralizar suas atividades, mas ainda é uma iniciativa muito tímida. É precio que as massas também desfrutem do sabor das "maçãs".
Graça Oliveira - (Escola Agrotécnica-Crato)
Acho que meu comentário foi útil aos seus própositos de defensor da cultura. Um pouco de complexidade ajuda a mexer com a pobre lógica bipolar antagônica quase sempre escudada por teorias conspiratórias paranóicas. Você faz um bom papel. Sem ironia. Mas não sou do BNB nem do Sesc. Sou um pobre cratense que dá aulas no curso de Comunicação da UFBa, aqui em Salvador. E como acompanho esse blog há algum tempo sempre senti falta de alguma contraposição às idéias reinantes. Um dos riscos da falta de crítica é a imersão permanente no pântano do provincianismo. E como nos alerta Nietzsche: sem ídolos , sem seguidores.
Lá vai meu pequi também neste baião de dois. As consideraç~eos de Dihelson quanto à indústria cultural são perfeitas e ele sente isto claramente na pele. Ninguém comentou um artigo do Bourdieu ( "Grãos de Areia") e que falava justamente da luta de cada um em colocar em grão de areia para emperrar esta máquina. Há no entanto o risco de se atacar justamente as duas entidades que estão melhor trabalhando a cultura na região o SESC e o BNB, já que não temos qualquer política mínima cultural a nível municipal. A Mostra é um evento gigantesco capaz de trazer amplas formas de arte para o Cariri, além de ajudar na interação entre os artistas das mais diferentes escolas e facetas. O BNB trabalha de forma extremamente organizada com uma programação fechada anualmente. Sou da opinião que não se deve dar nada a ninguém, máxime num país capitalista como o nosso. Tudo que não tem código de barra parece imediatamente que não tem valor. Há que se ter pelo menos um preço simbólico porque o povão, quando vêm as terríveis bandas de forró para a região, pagam R$ 10,00 na maior satisfação e enchem até as tampas todos os clubes e espaços de forma surpreendente e avassaladora. Não podemos, por outro lado, nesta luta, atacar apenas o BNB e o SESC que estão fazendo a sua parte mais que ninguém na nossa região e que talvez por isso mesmo têm mais visibilidade. Qual a política cultural das nossas cidades caririenses? Por que os artistas locais não têm nenhum espaço na EXPÔ/CRATO , no Juá Forró, na Festa de Santo Antonio ? Esta é uma briga de cachorro grande e não pode ficar só na mão de soldadinhos de chumbo. Por trás de tudo existem regras de consumo profundamente capitalistas e excrudentes e acredito que é preciso a gente descobrir os verdadeiros inimigos para poder atacá-los. Corre-se o risco de ir apenas poldando as galhas do problema sem mexer com o caule e a raiz. O BNB e o SESC são apenas pequenas pecinhas no meio do imenso quebra-cabeças que temos à nossa frente. A grande pergunta é esta : por que o lavador do carro do Dihelson paga feliz e satisfeito R$ 10,00 para assistir ao Show dos "Aviões" e é incapaz de tirar R$ 4,00 para assistir ao do Jorge Mautner ?
Prezado Maurício Tavares,
Amigos,
Escutei agora um depoimento de um amigo meu que esteve anteontem na famigerada fila de entrada da Mostra SESC Cariri de Cultura, e ouviu a seguinte frase:
"Ah, é pago? porque neste ano estão cobrando ? no ano passado era entrada gratúita! Então, vamos lá para o parque de exposição, que tá havendo som lá também ( Forró ), e lá é de graça! "
É o que eu falo, a turma do forró já se conscientizou há muito tempo de que certas coisas tem que ser gratúitas, senão o povo não vai.
Fiquei muito triste ao ouvir essa notícia. É mais público que se perde, pessoas que por não ter acesso à outros tipos de informação, só podem consumir a porcaria que lhes é dado, ou que eles PODEM pagar.
Maurício, eu lhe agradeço pelas contraposições e questionamentos. É muito importante a discussão, ajuda a que nós venhamos a repensar certos pontos de vista, aperfeiçoar idéias, e certas táticas. E ainda bem que vc é dos nossos!
Mais oposição encontraremos quando a coisa chegar nos altos escalões. Mas nada que o diálogo não possa resolver.
Precisamos construir pontes, não muros, nesse momento tão difícil que a arte ( principalmente a música ), é controlada por marketeiros.
Se formos muitos, seremos fortes.
Abraços,
Dihelson Mendonça
Zé Flávio: os comentários estão longos e abrangentes. É muito difícil resumir as tendências. Mas vou assumir a tua pergunta: "A grande pergunta é esta : por que o lavador do carro do Dihelson paga feliz e satisfeito R$ 10,00 para assistir ao Show dos "Aviões" e é incapaz de tirar R$ 4,00 para assistir ao do Jorge Mautner?" Para os artistas da terra, para os intelectuais da arte, para a política cultural a resposta a esta pergunta é muito importante. O Dihelson tenta uma explicação pela divulgação popular, mas ela não explica tudo. Desde muito, desde que o brasil passou a ter uma indústria cultural que a diferença social determinou a forma de consumo e o tipo de consumo cultural. Aliás isso deve ter vindo mesmo é das senzalas pois a dança que lá dançava não era a dos salões. Mas aí já estou especulando preguiçosamente: é preciso que a resposta à pergunta seja dada pelo próprio que consome cultura.
Percebi que houve uma interpretação truncada do que tentei discutir. Parece que afgora as coisas estão menos turvas. Consigo fazer um distinção entre o papel do militante e do pensador da cultura. Às vezes a militância passa por cima da complexidade para cumprir o seu papel. Mas cabe ao pensador analisar o fenômeno em todas as suas facetas. E a militância deve se renovar a partir dessas reflexôes. Não vou mais meter o bedelho nessa discussão para não ser considerado um pentelho. Mas gostei muito das intervenções de José Flávio e de José do Vale. Elas arejam um a discussão.E matizam um pouco um panorama tão branco e preto. Um abraço.
Pondero: debater não é bater, e esse forum é cada vez mais imprescindível por que ele é plural. A singularidade é a morte do pensamento, é a aridez dos auditórios e dos parlatórios. Parabéns aos debatedores deste assunto tão importante, que, quem sabe, poderá ajudar a responder a pergunta que não que calar: por que alguns, ou melhor (ou pior) a maioria prefere pagar R$ 10,00 para ver a banda "Cueca Suja" e não pagará 4,00 para ver Jorge Mautner na Mostra SESC...
A resposta está no MARKETING. Na Mídia!
Começou a circular hoje aqui em Crato 3 carros de publicidade anunciando a mil... uma festa de Forró da banda podre que vai haver no mesmo Crato Tênis Clube, onde está havendo a mostra SESC, só que no dia 25 deste mês.
A mostra sesc ontem tinha umas 40 pessoas.
Vai lá no dia 25 e vê quanta gente ( milhares, eu suponho), estarão prestigiando o evento do forró...e nem é questão de gosto, é que o povo quer o que tá na onda!
outro dia me espantei com a empregada doméstica cantando WAVE de Tom Jobim. Pensei que havia morrido e estava no céu. Que nada... ela me disse:
"É a música da novela!"
Como se vai gostar de uma coisa se não se conhece ??
Esses eventos do SESC/BNB ninguém sabe, não tem cartazes, não tem divulgação, não sai na TV, não toca em lugar nenhum.
Para o povão?
E Quem é esse tal de Jorge Mautner ??
Abraços, Rafael!
Dihelson Mendonça
cara, me desculpe, mas vc ta perdendo seu tempo reclamando! esses movimentos todos aí são pra lavagem de dinheiro do governo através do bnb e sesc. Ninguém ta interessado em porra de divulgar cultura nenhuma. Quem quer divulgar bota propaganda na televisão que atinge muito mais gente muito mais rápido. todo mundo sabe disso. Falou
Por que se bate tanto no SESC e BNB ? Simplesmente porque é mais fácil reclamar de um poste de luz apagado em Paris do que da falta de chuva no deserto. Ótimo que as pessoas achem defeitos, desvios numa coisa que simplesmente está acontecendo de forma espantosa mesmo com suas dificuldades e imperfeições. Ótimo que as opiniões divirjam. Como já dizia o Ortega Y Gasset ( e não é dupla sertaneja), a opinião contrária à minha, é minha circunstância e "Eu sou eu e minhas circunstâncias", é imprescindível as múltiplas opiniões dos outros para que eu me aproxime um pouco da verdade.Assim as opiniões nunca são divergentes mas complementares. Concordo ainda com o Maurício de que a coisa não é tão simples assim, não é botando carro na rua que vamos necessariamente fazer com que o povo deixe de ir ao forró para se dirigir à ópera.
Dihelson,
Em tempo: Jorge Mautner é parceiro de Nelson Jacobina.
Agora, antecipo a pergunta:
E quem é esse tal de Jacobina...
RSSSSS
Rafael,
Eu sei quem é Jorge Mautner.
Eu perguntei como falei no comentário, no sentido do povão, que não conhece, nunca ouviu falar:
- E quem é esse tal de Jorge Mautner, Jorge o quê,filho de quem ?
Entendeu?
Não aparece no rádio, não aparece na TV, povão não sabe quem é.
Agora pergunta quem é o Fulano de tal do BIG BROTHER BRASIL que todo o povão sabe.
Porque tem Marketing, tem Mídia.
Já ficou provado que quando a TV investe em Marketing até para a música clássica, isso dá certo.
Depois da mini-série da Globo "Riacho-Doce", todo mundo passou a conhecer a Balada número 1 de Chopin.
Aonde eu chego e toco, as pessoas dizem: "É linda essa música. Foi tema de Riacho doce!"
gente do povão mesmo, não é intelectual não.
Portanto, falta Marketing.
E sobre o BNB e SESC, minha crítica sobre eles é apenas de correção de curso. Eles fazem um belo trabalho, como já falei. Nao sei se leram meus comentários anteriores.
Quem se move, é objeto de críticas, e quem não pode com o pote, que não pegue na rodilha! O alvo é quem se move, quem se mete a fazer... os que estão parados, são abaixo do NADA, nem se perde tempo criticando. Só de vez em quando...
Dihelson Mendonça
Deixa estar, que eu vou trazer pra vocês uma reportagem em VÍDEO provando o que estou afirmando.
vou entrevistar gente do Alto do Seminário, da Caixa Dágua e vou falar lá em Jorge Mautner e Egberto Gismonti. Vou aproveitar e passar na ZENIR e INSINUANTE e perguntar se eles tem conchavo com banda de forró para estarem divulgando o que nem precisa mais de divulgação.
E VOU trazer aqui no estúdio e entrevistar o maior Promotor de Shows de Forró da Região, que vai dar as dicas ao BNB e SESC de como se faz uma festa e se leva 30.000 pessoas.
Engraçado um cara desses que nunca fez faculdade de Marketing, mas sabe que a Propaganda é a Alma do Negócio, coisa que os burocratas não conseguem entender...
Abraços.
Vamos fazer o seguinte: eu financio trocentos minutos de carro-de-som divulgando o show da mais nova dupla caipira: Mautner & Jacobina, sexta-feira, meia-noite, no Crato Tênis Club, como atração principal da Nona Mostra SESC de Cultura, desde que o fundo musical(da propaganda) seja uma música (ainda) desconhecida de Brown & Marron (se é que existe). Se forem mais de 40 pessoas eu pago uma grade de red bull!
ahahahahahahahah
Hoje de manhã começou a nova campanha da dupla Mairton e Clairton para show dia 25 no Crato Tenis Clube.
Pode deixar, que eu estou filmando todos os shows PAGOS da Mostra SESC.
Depois irei filmar no dia 25, e são bandas praticamente desconhecidas. A publicidade é quem vai levar gente. Vamos ver a diferença.
É como eu falei:
Tem de estar na Mídia!!!
TOM ZÉ passou 30 anos afastado. Agora teve essa reviravolta em cima do Tom Zé, Tom zé pra qui Tom Zé pracolá, tem livro de Tom Zé, tem boneco de Tom Zé, tem sistema de som de carro com o aval de Tom Zé. Ele sai até no Domingão do Faustão.
Hoje, Amilton Som da loja de discos que a garotada tá tudo procurando lá disco de Tom Zé e o DVD.
PODER DA MÍDIA.
Tom Zé é o mesmo de sempre!
O lema:
"O que é bom está na Globo..."
Plin Plin
Falow!
A propósito,
Rafael,
Como é que uma música desconhecida se torna Conhecida ??
Abraços.
Postar um comentário