Médicos defendem direito da mulher interromper a gravidez em caso de anencefalia
Piero Locatelli
De Brasília
De Brasília
Atualizado às 12h58
Representantes de comunidades médicas foram unânimes ao defender o direito das mulheres de antecipar o parto de fetos anencéfalos na primeira parte da audiência pública realizada nesta quinta-feira no STF (Supremo Tribunal Federal).
Roberto Luiz D`Ávilla, do Conselho Federal de Medicina, criticou o fato de que, atualmente, as mulheres precisam recorrer a um juiz para interromper a gravidez nesses casos. Segundo ele, é comum a decisão sair somente depois do nascimento e da morte das criança. D`Ávilla ainda disse ser "inadimissível" que um médico seja tomado como criminoso ao realizar a antecipação terapêutica. "Assim como os médicos não estão satisfeitos, os juízes também ficam incomodados em ter que tomar uma deicisão que é médica", disse.
O fato de pessoas contrárias à interrupção da gravidez terem usado o caso da menina Marcela, que viveu 1 ano e 8 meses, foi criticado por Heverton Petterson, da Sociedade Brasileira de Medicina Fetal. Ele disse que não se trata de um caso de anencefalia, pois houve a formação de uma parte do encéfalo da criança, permitindo uma sobrevida maior. Ele também mostrou, através de estatísticas, que a gravidez de feto anencéfalo é mais perigosa para a mãe. Segundo estudo realizado com 80 mulheres pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), somente 2,8% delas não apresentaram intercorrências na gravidez. O risco de depressão na gestação nesses casos também foi 80% maior.
A única voz destoante, até agora, foi a do deputado Luiz Bassuma (PT-BA). Ele reiterou diversas vezes durante seu discurso que a anencefalia é uma deficiência grave, "mas uma deficiência". Para ele, isso poderia abrir portas para o aborto de fetos com sindrome de Down ou outras doenças. Ele ainda foi contra o argumento dos palestrantes anteriores, que afirmaram ser possível diagnosticar a anencefalia por meio do ultra-som. "O ultra-som é para os ricos", enfatizou.
O ginecologista e obstetra Thomaz Gollop, representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, refutou a crítica do deputado, dizendo que o SUS faz cerca de 2,5 milhões de exames de ultra-som por ano, em um universo de 3 milhões de partos anuais. Esse número também seria complementado pelos atendimentos privados o que, segundo Gollop, seria o suficiente para atender todas as gestações.
Representantes de comunidades médicas foram unânimes ao defender o direito das mulheres de antecipar o parto de fetos anencéfalos na primeira parte da audiência pública realizada nesta quinta-feira no STF (Supremo Tribunal Federal).
Roberto Luiz D`Ávilla, do Conselho Federal de Medicina, criticou o fato de que, atualmente, as mulheres precisam recorrer a um juiz para interromper a gravidez nesses casos. Segundo ele, é comum a decisão sair somente depois do nascimento e da morte das criança. D`Ávilla ainda disse ser "inadimissível" que um médico seja tomado como criminoso ao realizar a antecipação terapêutica. "Assim como os médicos não estão satisfeitos, os juízes também ficam incomodados em ter que tomar uma deicisão que é médica", disse.
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A única voz destoante, até agora, foi a do deputado Luiz Bassuma (PT-BA). Ele reiterou diversas vezes durante seu discurso que a anencefalia é uma deficiência grave, "mas uma deficiência". Para ele, isso poderia abrir portas para o aborto de fetos com sindrome de Down ou outras doenças. Ele ainda foi contra o argumento dos palestrantes anteriores, que afirmaram ser possível diagnosticar a anencefalia por meio do ultra-som. "O ultra-som é para os ricos", enfatizou.
O ginecologista e obstetra Thomaz Gollop, representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, refutou a crítica do deputado, dizendo que o SUS faz cerca de 2,5 milhões de exames de ultra-som por ano, em um universo de 3 milhões de partos anuais. Esse número também seria complementado pelos atendimentos privados o que, segundo Gollop, seria o suficiente para atender todas as gestações.
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