TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 31 de agosto de 2008

A Imperatriz Leopoldina



No início de 1817, a Arquiduquesa austríaca Leopoldina de Habsburgo chegava ao Brasil, para se casar com o herdeiro do Trono de Portugal, o futuro Dom Pedro I. A vida do casal demonstrou que havia poucos pontos em comum entre ela e D. Pedro. Era Dona Leopoldina a primeira pessoa com uma boa bagagem cultural com quem ele entrou em contato íntimo. Ela o excedia muito em educação e cultura: Falava francês e italiano, estudava o inglês e aprendia o português rapidamente. Ainda pintava retratos e paisagens e tocava piano com perfeição. Tinha grande inclinação pela natureza e pelas ciências naturais. Com muita dedicação colecionava coisas referentes às ciências naturais, sobretudo à mineralogia. No setor da flora, da fauna e mineralogia, adquirira apreciáveis conhecimentos (OBERACKER, 1985 : 156).
Dona Leopoldina veio com sua Corte, formada de médicos, zoólogos, botânicos e músicos. A eles devemos os primeiros estudos feitos sobre o Brasil, na área das ciências naturais. Deve-se, ainda, à Imperatriz Leopoldina a primeira floresta urbana do mundo, a Floresta da Tijuca, existente na cidade do Rio de Janeiro.
A essas virtudes, era possível acrescentar um senso político extremamente aguçado, uma notável capacidade de pressentir o momento da ação, e sugeri-la ao marido. Vinha esse senso marcado por um acentuado amor, que desde logo desenvolveu, pela terra e pela gente do Brasil.
Dona Leopoldina teve um papel decisivo na nossa independência. Em agosto de 1822, os brasileiros já estavam cientes que Portugal pretendia chamar D. Pedro de volta, rebaixando o Brasil, de Reino Unido para voltar a ser uma simples colônia. Com a eminência uma guerra civil que pretendia separar a Província de São Paulo do resto do Brasil, D. Pedro passou o poder à Dona Leopoldina no dia 13 de Agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com todos os poderes legais para governar o país durante a sua ausência e partiu para apaziguar São Paulo.
Neste ínterim, a Princesa Regente recebeu notícias que Portugal estava preparando uma ação contra o Brasil e, sem tempo para aguardar a chegada de D. Pedro, Leopoldina, aconselhada pelo Ministro das Relações Exteriores José Bonifácio e usando de seus atributos de chefe interina do governo, reuniu-se na manhã de 2 de Setembro de 1822 com o Conselho de Estado, assinando o Decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. José Bonifácio convocou o oficial de sua confiança, Paulo Bregaro, para levar a sua carta e a de Leopoldina para D. Pedro em São Paulo. Bregaro encontrou-se com o Príncipe e a sua comitiva nas margens do riacho Ipiranga no dia 7. Ao ler as cartas sobre os acontecidos no Rio, D. Pedro, referendando a medida tomada pela Princesa Regente, proclamou a Independência do Brasil.
Enquanto se aguardava o retorno de D. Pedro ao Rio, a Princesa Leopoldina, já como a primeira governante interina do Brasil Independente, idealizou a Bandeira do Brasil: Com o verde da família Bragança e o amarelo ouro da família Habsburg.
A Princesa Leopoldina assinou o Decreto da Independência, separando o Brasil de Portugal em 2 de setembro de 1822, mas temendo uma repercussão negativa, por ela ser austríaca, José Bonifácio aconselhou-a a deixar o anúncio do decreto assinado a cargo de D. Pedro, este proclamou em 7 de setembro de 1822 o Decreto da Independência assinada pela Princesa Regente.
Leopoldina dedicou seu trabalho à construção do Império do Brasil, depois da Coroação de D. Pedro, o casal visitava repartições públicas, inspecionava a alfândega e hospitais.
Morreu no dia 11 de dezembro de 1826, longe de seu país e de seu marido. Quando os sinos das igrejas e os canhões das fortalezas anunciaram sua morte, a população em massa foi prestar sua homenagem a Imperatriz, que era extremamente bem quista. Mulher de educação esmerada, à frente de seu tempo, de fino trato com as pessoas fizeram dessa mulher uma das personagens mais queridas do Brasil no início do século XIX.

Nenhum comentário: