TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Baile








A primeira música do baile

inquietava os nossos passos

Uma vozinha interior nos dizia:

Não posso olhar ,nem estimular ...

Menina direita não se mexe na cadeira

A indocilidade nos levava à toilete

Pra retocar o batom , disciplinar o coração

E o moço tímido , o par nunca desejado

é quem pagava o pato:

Estou cansada , não sei dançar ...

Na pior das hipóteses

um bolero lhe concedíamos

De nuca tencionada ...

Face a a face , nem pensar !
O outro - o desejado

Distante era acompanhado ...
sempre embevecido ,
no brilho de outro olhar.

A última canção
era o sufixo da esperança

Outro dia , outra dança ...

Em casa , leite de rosas na cara

E o sono da ilusão.

Canções em tons baixinhos

serenatas pras vizinhas

alguém se punha a cantar


Nunca mais vivi a magia
do farfalhar das sedas...
A sensualidade , no meu vestido vermelho
Minha morenice , meu jeito intimidado
de negar o que eu sentia
Por todos os sonhos ...
Cadê aquele baile , aquela valsa ,
aquele sonho ?

5 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

E destas falsas indiferenças,
padecíamos com dúvidas intermináveis,
seria melhor sonhar com ela,
ou acordar com o sol da desilusão?

Parece que os adultos manipulavam,
diziam que se tornassem difíceis,
sem medirem as armas do conquistador,
que nem ar para o suspiro havia.

E tome rum com coca, limão e gelo,
conversa fútil do mesmo gênero,
olhares dubiamente afoito e tímido,
os intervalos sucendiam-se em promessas;
mas a orquestra encerra com mais nenhuma nota musical havia.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

mas a orquestra encerrava quando mais nenhuma nota musical havia.

Claude Bloc disse...

Socorro,

Parece que Dihelson profetizou: temos a mesma alma... os mesmos sentimentos, a mesma sutileza, a mesma sensação de outrora. E quase a mesma história dos bailes... Só muda a cor do vestido. Os meus eram quase sempre em "tons pastéis".

Senti-me no baile, no Tênis Clube, nos meus lindos sonhos azuis.

Depois era sonhar com as vozes (e às vezes um violão), embriagadas de emoção e de medo, entoarem as mais belas serenatas, ... essas eram minhas e minhas apenas.

... e nas palavras de José do Vale leio o que tantos outros "mancebos" sentiam...coitados! Mas o melhor nisso é como ele fecha o texto - lindamente - com um verso enfático e extremamente poético: "mas a orquestra encerrava quando mais nenhuma nota musical havia". Lindo demais !!

Abraços aos dois

Claude

Dihelson Mendonça disse...

Claude e Socorro,

Eu já disse: É a mesma pessoa morando em corpos diferentes. Só mudam de roupa. Se fossem gêmeas siamesas não pareceriam tanto...vocês nem se completam, precisam de alguém que as complete!

E quem será esse alguém ?

Bjus!

Dihelson Mendonça

Claude Bloc disse...

Dihelson,

Todos temos musos/as...
Talvez nem nós saibamos quem há de completar-nos... são desígnios de Deus.
Mas bem que eu gostaria de ter essa tampinha preenchendo todos os espaços de minhas emoções...
Mas, como já falei um dia, os príncipes debandaram e resta-nos o sabor de ontem, adormecido apenas, mas com um olho insistentemente perscrutando o futuro...

Abraços, (agradecendo pela gentileza)

Claude