A primeira música do baile
inquietava os nossos passos
Uma vozinha interior nos dizia:
Não posso olhar ,nem estimular ...
Menina direita não se mexe na cadeira
A indocilidade nos levava à toilete
Pra retocar o batom , disciplinar o coração
E o moço tímido , o par nunca desejado
é quem pagava o pato:
Estou cansada , não sei dançar ...
Na pior das hipóteses
um bolero lhe concedíamos
De nuca tencionada ...
Face a a face , nem pensar !
O outro - o desejado
Distante era acompanhado ...
sempre embevecido ,
no brilho de outro olhar.
A última canção
era o sufixo da esperança
Outro dia , outra dança ...
Em casa , leite de rosas na cara
E o sono da ilusão.
Canções em tons baixinhos
serenatas pras vizinhas
alguém se punha a cantar
Nunca mais vivi a magia
do farfalhar das sedas...
A sensualidade , no meu vestido vermelho
Minha morenice , meu jeito intimidado
de negar o que eu sentia
Por todos os sonhos ...
Cadê aquele baile , aquela valsa ,
aquele sonho ?
5 comentários:
E destas falsas indiferenças,
padecíamos com dúvidas intermináveis,
seria melhor sonhar com ela,
ou acordar com o sol da desilusão?
Parece que os adultos manipulavam,
diziam que se tornassem difíceis,
sem medirem as armas do conquistador,
que nem ar para o suspiro havia.
E tome rum com coca, limão e gelo,
conversa fútil do mesmo gênero,
olhares dubiamente afoito e tímido,
os intervalos sucendiam-se em promessas;
mas a orquestra encerra com mais nenhuma nota musical havia.
mas a orquestra encerrava quando mais nenhuma nota musical havia.
Socorro,
Parece que Dihelson profetizou: temos a mesma alma... os mesmos sentimentos, a mesma sutileza, a mesma sensação de outrora. E quase a mesma história dos bailes... Só muda a cor do vestido. Os meus eram quase sempre em "tons pastéis".
Senti-me no baile, no Tênis Clube, nos meus lindos sonhos azuis.
Depois era sonhar com as vozes (e às vezes um violão), embriagadas de emoção e de medo, entoarem as mais belas serenatas, ... essas eram minhas e minhas apenas.
... e nas palavras de José do Vale leio o que tantos outros "mancebos" sentiam...coitados! Mas o melhor nisso é como ele fecha o texto - lindamente - com um verso enfático e extremamente poético: "mas a orquestra encerrava quando mais nenhuma nota musical havia". Lindo demais !!
Abraços aos dois
Claude
Claude e Socorro,
Eu já disse: É a mesma pessoa morando em corpos diferentes. Só mudam de roupa. Se fossem gêmeas siamesas não pareceriam tanto...vocês nem se completam, precisam de alguém que as complete!
E quem será esse alguém ?
Bjus!
Dihelson Mendonça
Dihelson,
Todos temos musos/as...
Talvez nem nós saibamos quem há de completar-nos... são desígnios de Deus.
Mas bem que eu gostaria de ter essa tampinha preenchendo todos os espaços de minhas emoções...
Mas, como já falei um dia, os príncipes debandaram e resta-nos o sabor de ontem, adormecido apenas, mas com um olho insistentemente perscrutando o futuro...
Abraços, (agradecendo pela gentileza)
Claude
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