Em 11 de agosto de 2004 recebi um PPS via internet cujo título era Oração Camponesa de Madagascar. Oração supostamente colhida pelo frei Dominicano Raimundo Cintra. A oração era assim:
Senhor!
Dono das Panelas e Marmitas!
Não posso ser a santa que medita aos vossos pés,
Não posso bordar toalhas para vosso altar.
Então que eu seja santa ao pé do meu fogão.
Que o vosso amor esquente a chama que eu acendi e faça calar minha vontade de gemer a minha miséria.
Eu tenho as mãos de Marta
Mas quero também ter a alma de Maria.
Quando eu lavar o chão,
Lavai, Senhor os meus pecado.
Quando eu puser na mesa a comida,
Comei também, Senhor, junto conosco.
É ao meu Senhor que eu sirvo,
Servindo minha família.
Como os apanhados do ano se firmam nos últimos dias de dezembro, resolvi publicar como mensagem aos tão generosos participantes do Cariricult e do Blog do Crato uma nova versão de tal oração, agora renomeada: ORAÇÃO DE MAL MASCAR.
Senhor!
Que me deu o dom das panelas e marmitas!
Não posso resumir-me a este corpo faminto,
pois sou o sagrado aos vossos pés.
Não posso rezar no fausto
que os homens deram ao vosso altar.
Então, que seja a santa de todas as colheitas,
a fome saciada pelo meu fogão.
Que o vosso amor distribua o calor da chama que acendi
e faça calar a miséria que sufoca os explorados da terra.
Eu tenho as mãos que colhe,
Mas quero também ter a alma que suplanta.
Quando eu lavar o chão,
lavai Senhor o zinabre das guerras que nos consomem.
Quando a comida for posta à nossa mesa,
alimentai-nos, Senhor, da liberdade nascida na manjedoura.
É ao divino ser humano que eu sirvo,
servindo à igualdade de todos.
E, finalmente, que meu espírito seja terra,
que a terra seja meu cotidiano,
que o meu cotidiano seja coletivo,
pois fruto da contradição de ser eu e nós;
nada mais belo que a contradição do amor;
quando nós buscamos fundir nossos corpos;
ao invés de nos reduzirmos à fusão de nós;
nos multiplicamos no espaço feito eles - (os filhos).
4 comentários:
Boa noite, escritor Do Vale Pinheiro.
Muito bom ter ficado acordada e ler seus escritos.
Coisa mais singular dizer que dois juntos não reduzem, mas ampliam-se entre filhos. Fusão de nós não significa prejuízo, isso foi tão sublime, e durmo com a alma terna.
José do Vale,
Você tem o DOM.
Abraço,
Claude
"DOM" do Vale ,
A expansão do amor , implica em Nós que não apertam ...Libertam !
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