Os historiadores são unânimes em reconhecer que, antes de 1740, já possuía o Vale do Cariri certa densidade demográfica, embora não existisse ainda nenhum aldeamento ou povoado considerável. Por volta de 1741, surgem os primeiros registros de um aldeamento dos índios Cariús, pertencentes ao grupo silvícola Cariri.
Era a Missão do Miranda, fundada por Frei Carlos Maria de Ferrara, religioso franciscano, nascido na Itália. Este frade ergueu, no centro da Missão, uma humilde capelinha de taipa (paredes feitas de barro) coberta com folhas de palmeiras, árvores abundantes na região. O santuário foi dedicado, de maneira especial, a Nossa Senhora da Penha, a São Fidelis de Sigmaringa e à Santíssima Trindade.
Em volta da capelinha, ficavam as palhoças dos índios. Estes, além de cuidarem das plantaçõesrudimentares, recebiam os incipientes ensinamentos da fé católica, ministrados por Frei Carlos. Aos poucos, nas imediações da Missão, elementos brancos foram construindo suas casas. Era o início da atual cidade do Crato.
Quanto à duração da presença dos capuchinhos no Vale do Cariri transcrevemos abaixo trecho de um artigo escrito pelo historiador J.de Figueiredo Filho:
Quanto à duração da presença dos capuchinhos no Vale do Cariri transcrevemos abaixo trecho de um artigo escrito pelo historiador J.de Figueiredo Filho:
“Não era só jesuíta que tinha o sangue de evangelizador das selvas. Os frades barbadinhos de São Francisco tiveram na colonização, grande papel e foram suas missões que civilizaram “o mais brasileiro dos rios”. Vejamos o que diz o historiador cratense, Padre Antônio Gomes de Araújo no trabalho publicado na revista “A Província” sob o título: “A Cidade de Frei Carlos” (nº. 2, 1954): “A missão, sob administração temporal dos Capuchinhos, durou (no Cariri) apenas 17 anos, se nos ativermos ao critério dos documentos, um dos quais, aponta uma das datas extremas, 1741 – segundo ficou escrito linhas atrás, (começo de seu artigo na revista “A Província”) – 1758, a outra data extrema, pois naquele ano, o governo português retirou às ordens religiosas no Brasil, a todas sem exceção, e ao clero secular, autorização para administrarem aldeias de índios sob regime civil, criando para dirigi-las, o Diretório dos Índios, governo civil em que aos sacerdotes foi reservada a única função de párocos ou curas.
Os capuchinhos continuaram à frente da Missão do Miranda, agora como cura de almas, apenas até a primeira quinzena do mês de janeiro de 1763, tendo Frei Carlos Maria de Ferrara funcionado até 1749, e deste ano a 1760, Frei Gil Francisco de Palermo, que foi sucedido por Frei Joaquim de Veneza, cuja administração alcançou a primeira quinzena de janeiro de 1763, data da última cerimônia religiosa por ele celebrada na igreja de Nossa Senhora da Penha da Missão do Miranda”. (J.de Figueiredo Filho em artigo publicado, em 1956, na revista “A Voz de S.Francisco”). (Ao lado a pequena imagem da Mãe do Belo Amor, a primeira devoção mariana do Sul do Ceará, venerada na capelinha construída por Frei Carlos Maria de Ferrara que deu origem à cidade de Crato)
Depois da partida de Frei Joaquim de Veneza, que deixou o Crato em 1763, os filhos de São Francisco passaram quase trezentos anos ausentes do Cariri, salvo visitas apostólicas esporádicas, mais conhecidas como as Santas Missões. Nelas, os capuchinhos ministravam os sacramentos, celebravam missas, faziam sermões (onde pacificavam inimigos, combatiam a imoralidade e pregavam os bons costumes). Alguns missionários capuchinhos deixaram seus nomes, indelevelmente marcados, juntos às populações do Cariri, ao participarem das Santas Missões. É ocaso de Frei Serafim de Catânia, Frei Caetano de Catânia, Frei Damião de Bozzano, dentre outros.
Finalmente, graças às gestões feitas pelo segundo bispo de Crato, Dom Francisco de Assis Pires, em julho de 1949, os capuchinhos retornaram ao Cariri, desta vez para ficar definitivamente. Um grupo de frades, tendo à frente Frei Teobaldo de Monticelli – depois substituído por Frei Mirocles de Solzano – e mais os capuchinhos: Jesualdo de Cologno, Virgílio de Messejana, Conrado de Palmácia, Leônidas de Torre e Bernardo de Viçosa fixaram residência em Juazeiro do Norte com a missão de erguer o Santuário de São Francisco de Chagas. O engenheiro e construtor da obra foi Frei Francisco de Milão (Chiaravalle).
A pedra fundamental desse santuário foi benta em 6 de janeiro de 1950 por Dom Francisco de Assis Pires e ungida pelo sangue derramado, na ocasião, devido ao assassinato – por um fanático – do Monsenhor Juviniano Barreto, Vigário de Juazeiro do Norte, verdadeiro “Mártir do Dever”, o qual no Céu, certamente, intercedeu junto ao Trono de Deus para o êxito da nova epopéia dos missionários capuchinhos em terras do Cariri.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Padre Antônio Gomes. A Cidade de Frei Carlos. Crato (CE): Faculdade de Filosofia do Crato, 1971.
LÓSSIO, Rubens Gondim. Artigo “Nossa Senhora da Penha de França, Padroeira do Crato” in revista “Itaytera”, ano VI, nº. VI, órgão do Instituto Cultural do Cariri. Tipografia A Ação, Crato (CE) 1961, páginas 49 a 51.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Padre Antônio Gomes. A Cidade de Frei Carlos. Crato (CE): Faculdade de Filosofia do Crato, 1971.
LÓSSIO, Rubens Gondim. Artigo “Nossa Senhora da Penha de França, Padroeira do Crato” in revista “Itaytera”, ano VI, nº. VI, órgão do Instituto Cultural do Cariri. Tipografia A Ação, Crato (CE) 1961, páginas 49 a 51.
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