TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Mensagem para Joaquim Arraes Pinheiro Bezerra de Menezes

Caro Joaquim,
Conquanto tenhamos “visões/conceitos” diferentes sobre Che Guevara, não posso me omitir em reconhecer que esta sua postagem foi serena, equilibrada e merece todo o meu respeito. Com ela você contribuiu para elevar o nível das análises sobre este personagem da história recente do nosso planeta.
Seu equilíbrio, aliás, não é novidade para mim. Conheço-o desde a adolescência. Sua postura, certamente, provém – também – da sua genética, oriunda de dois dos clãs familiares dos mais ilustres do Ceará, dos quais você descente: Pinheiro Bezerra de Menezes/Arraes Alencar. (na foto abaixo sua admirável genitora Almina Arraes de Alencar Pinheiro) .
Tem um provérbio italiano que diz; “Bom sangue não mente”. Sem dúvida ele cai bem na sua pessoa e nos seus atos...
Tenho observado que suas intervenções, nos blogs cratenses, são agregadoras. Nunca trazem constrangimentos. Aliás, parte dos “entreveros” aqui ocorridos têm sua origem na não-observação de um princípio universal: o equilíbrio. É princípio porque é uma lei, uma diretriz que regula e orienta comportamentos e decisões. É universal porque se aplica a tudo.
Gostaria, de deixar de público, minha admiração pela postura digna e exemplar da sua família materna que foi vítima de uma ditadura e, em meio a tantas injustiças, todos, sem exceção, souberam encarar as agruras olhando de frente, com sabedoria, sem medo, sem ódio e pregando à comunidade um sermão silencioso de testemunho de autênticos cristãos.
Por fim, (dado a minha mania de incursionar pela história) permita-me relembrar dois episódios da vida do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro – na minha modesta opinião o homem mais importante da história do Cariri – de quem você descende em linha direta – cujas virtudes seu honrado pai - César Pinheiro – (foto ao lado) soube preservar e transmitiu-as a você e seus irmãos. A ver:
"Um fato entre mil dará idéia dos sentimentos do brigadeiro. No dia do casamento recebera sua mulher uma pequena crioula, obrigando-se a conceder-lhe a liberdade, se até a idade de dezoito anos vivesse honestamente. Antes de completá-los, porém, perdeu-se a desventurada, e deu à luz alguns filhos. Promoveu Leandro Bezerra Monteiro o matrimônio dela com o seu sedutor; e este fato do casamento, que reparava a falta cometida, despertou escrúpulo e gerou dúvidas no espírito do meticuloso cearense. Apressou-se a consultar sobre o assunto advogados do Recife e o próprio bispo de Pernambuco, que o era também do Ceará àquele tempo.

Responderam todos peremptoriamente que não se verificara a condição de que a doadora havia cogitado, e que, portanto, não tinham direito à liberdade a rapariga e o filho nascido no cativeiro. Leandro Bezerra não tardou, contudo, a alforriá-los; e com estas palavras explicava mais tarde a um dos filhos o motivo de tal resolução:
–- "Se tua mãe tivesse com ela o mesmo cuidado que com tuas irmãs, a pobre mulher não se teria perdido".

O outro episódio. Denizard Macedo, escreveu sobre o Brigadeiro Leandro:
"Moralmente, um católico fervoroso, de procedimento exemplar e honrado. Vários fatos o atestam. Um, por exemplo: falecendo-lhe o neto padre Pedro Ribeiro da Silva, fundador da capelinha em torno da qual se desenvolveu o futuro Juazeiro do Norte, do qual ele (o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro) era o único herdeiro, e o testamento aparecido libertava todos os escravos (do padre Pedro Ribeiro) e fazia tantos legados, que consumia quase todo o acervo, aliás, com várias irregularidades legais. Não faltou conselho para (o Brigadeiro Leandro) promover a nulidade do testamento, a que respondia sempre:
– "Deus me livre de fazer mal a tantos infelizes".
Eis aí o homem.

Cordial abraço e votos de um feliz e abençoado 2009.
Com elevado apreço,
Armando Lopes Rafael

3 comentários:

socorro moreira disse...

Armando ,
Joaquim é uma grande figura !

Armando Rafael disse...

Socorro,
Depois de quase 40 anos que não via o Joaquim, em agosto ou setembro passado, não sei precisar, reencontrei-o na Praça Siqueira Campos. Ele me reconheceu de pronto. Parei, fitei-o e também o reconheci, antes que ele se identificasse. Apesar das mudanças físicas inevitáveis do tempo,ele - espiritualmente - continua o mesmo: simples, sério e bom observador.
Concordo com você;Joaquim é uma grande figura!

PS - Sugira ao Joaquim enviar o e-mail dele para Carlos,a fim de, após cadastrado, passar a postar diretamente - neste blog - as interessantes matérias que ele escreve evitando, assim, intermediação.
O e-mail de Carlos é:

rafacrato@gmail.com

(Já falei com Carlinhos neste sentido).
Armando

Anônimo disse...

Armando,
Procurei seu telefone na lista da net mas não localizei. Tentei encontrar seu e-mail mas sem sucesso. Assim, uso este espaço para agradecer suas generosas palavras que alcançou toda família. Gostei muito das referências a minha mãe e ao meu pai. Com efeito, aprendi muito com eles, principalmente o respeito aos amigos e valorizar virtudes do próximo. Para meu pai, "enxergar defeitos nos outros é julgamento e só quem deve julgar é Deus ou juíz". Quanto a possíveis divergências, temos e teremos mas limitadas ao campo de idéias pontuais e, por maiores que sejam, serão sempre infinitamente menores que o conceito positivo que tenho sobre vc. Um grande abraço e votos de feliz 2009. Joaquim