A pasta dental espremida
à toa desfigurada
revela a verdadeira
infância.
Acompanhe-me de olhos fechados.
Prometo-lhe que o abismo é raso -
e mesmo que caiamos juntos
ninguém se perderá.
Já falei um dia
que lá embaixo
só sente frio
quem na alma
não faz fogueira.
Dê-me as mãos sem medo.
Juro-lhe que sua cabeça
não baterá contra a parede.
Se em mim não confia,
tenha fé no seu guia
e no seu anjinho da guarda.
Já disse um dia
que lá embaixo
tem cascas de tangerina
palitos de picolé
e tampinhas de refrigerante.
Aproveite,
será divertido -
se faltar oxigênio
os meus pulmões lhe empresto.
Coragem,
mergulhemos -
filho de poeta
pelo menos tem de aprender
afogar-se de vez em quando.
Veja,
são eles
os golfinhos brincalhões
destemidos e felizes
prontos para nos salvar.
Um comentário:
Estimulante, pareceu um tratado de amizade.
Abraços, poeteiro Domingos.
Postar um comentário