
Os dinossauros latino-amerianos estão todos ouriçados. No próximo domingo - pela segunda vez - o Coronel Hugo Chávez tenta impor reeleições sem limites na Venezuela para se manter no poder. O Chapolin Colorado está tão confiante na vitória que já festeja antecipadamente. Abaixo nota divulgada na imprensa hoje, dia 13:
"No referendo do próximo dia 15, os venezuelanos dirão se aceitam ou não a reeleição indefinida para Hugo Chávez. Simples assim. Na cédula de votação, contudo, os venezuelanos terão uma questão muito mais complicada para resolver. A frase prolífica elaborada pelos parlamentares chavistas tem nada menos que 65 palavras:
"Você aprova a emenda aos artigos 160, 162, 174, 192 e 230 da Constituição da República, tramitada na Assembléia Nacional, que amplia os direitos políticos do povo, com o fim de permitir que qualquer cidadão ou cidadã no exercício de um cargo de eleição popular possa estar sujeito à postulação como candidato ou candidato para o mesmo cargo pelo tempo estabelecido constitucionalmente, dependendo sua possível eleição exclusivamente do voto popular?"
Chávez sabe que, quanto mais complicado para o eleitor, mais simples para ele".
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Chávez diz que pesquisa lhe dá vitória em referendo de reeleição
06 de Fevereiro de 2009
CARACAS (Reuters) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse na quinta-feira que uma recente pesquisa apontou a vitória do "sim" à sua proposta de eliminar os limites para a reeleição presidencial. O tema será levado a referendo no próximo dia 15.
Em entrevista à TV pública, Chávez divulgou pesquisa feita no dia 2 pelo instituto Ivad em que a proposta chavista tem vantagem de oito pontos percentuais sobre o "não".
Além disso, segundo o presidente, 52,7 por cento preveem que Chávez vencerá o referendo, o que lhe permitiria se candidatar novamente a presidente em 2012. Outros 33,6 por cento estariam antevendo uma vitória do "não."
Ainda segundo Chávez, o "sim" tem 47,5 por cento das intenções de voto, contra 39,5 por cento para o "não." Eliminando os indecisos, o "sim" fica com 54,6 por cento, contra 45,4 para o "não."
Chávez afirmou que o resultado da pesquisa incomodou seus adversários, e que por isso alguns grupos estariam tentando desestabilizar o país.
"Há setores aqui enlouquecidos, então, porque esta é a tendência... a tendência é de um aumento permanente do 'sim' em todas as medições", disse.
Sem esclarecer aspectos técnicos da pesquisa, Chávez disse que a segurança pública continua sendo uma das maiores preocupações da população.
O presidente anunciou que o governo reforçará as medidas de segurança para evitar sabotagens contra o referendo, nas quais alguns militares estariam envolvidos.
"Estão presos na Direção de Inteligência Militar dois capitães da Guarda Nacional, porque, sim, alguns militares, uma minoria ínfima, mas, estão aí nas fileiras. É perigoso."
(Por Fabián Andrés Cambero)
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(fonte:revista VEJA:
Dez anos que arruinaram
a Venezuela
Em uma década de governo, Chávez destruiu a economia e dividiu
o país. Neste domingo, 15, o povo vai dizer se o quer para sempre
Duda Teixeira, de Caracas
Alejandro Rustom/Reuters
O plano de Chávez é governar até ficar caduco, como seu mentor, Fidel Castro
Quanto tempo falta para que a Venezuela, país com a sexta maior reserva de petróleo do mundo e 28 milhões de habitantes, se transforme em uma Cuba, governada por uma ditadura de partido único, com escolas e meios de comunicação controlados e uma falida economia centralizada? A resposta a essa pergunta depende de quanto tempo o coronel Hugo Chávez permanecerá no Palácio Miraflores, a sede do Poder Executivo. Seu mandato ainda lhe reserva quatro anos de desmandos. Contudo, caso vença no referendo para aprovar uma emenda constitucional neste domingo, 15, Chávez poderá participar de quantas eleições seguidas quiser até caducar, seguindo o exemplo de seu mentor, Fidel Castro. Teria assim tempo suficiente para construir o seu socialismo do século XXI, o nome pomposo que deu ao seu estilo autoritário de governo. "Aqui a revolução chegou para ficar", disse o presidente durante um comício, na quinta-feira passada, em Caracas.
Dois fatores concorrem para atrapalhar a concretização dos planos do coronel. O primeiro é o surgimento de uma nova e vigorosa oposição, escorada pelo nascente movimento estudantil e por uma nova geração de políticos. Desde que retornaram das férias, em janeiro, os jovens realizam passeatas ou eventos em média a cada dois dias com o lema "Não é não", uma resposta à insistência de Chávez em tentar se perpetuar no poder. A primeira tentativa foi no fim de 2007, quando um referendo popular rejeitou a reforma constitucional que, entre outras barbaridades antidemocráticas, incluía a legalização de milícias armadas a serviço do presidente.
O segundo fator é a crise econômica, que se anuncia especialmente profunda na Venezuela. Longe de ser mero reflexo da situação internacional, a degringolada foi concebida dentro do regime. Com critérios obtusos, Chávez nacionalizou um teatro, hotéis, empresas de energia, de telecomunicações e até um shopping center, afugentando investimentos e empreendedores. O congelamento de preços e o câmbio artificial, que favorece as importações, destruíram um terço das indústrias do país. A Venezuela praticamente parou de fabricar qualquer coisa e a inflação é a mais alta da América Latina.
Com o preço do petróleo nas alturas até o ano passado, Chávez foi capaz de contornar os problemas de abastecimento aumentando as importações do Brasil, da Colômbia e dos Estados Unidos. Com a queda no preço do barril para menos de 40 dólares, um terço de seu valor um ano atrás, tudo mudou. Neste ano, a Venezuela só conseguirá importar metade do que precisa, agravando o racionamento de produtos de primeira necessidade. Na semana passada, a venda de papel higiênico em alguns supermercados estava limitada a quatro rolos por consumidor. O governo só conseguirá arcar com metade dos gastos previstos no Orçamento nacional, calculado com o barril a 60 dólares. A petrodiplomacia chavista também está ameaçada. Da produção de 2,3 milhões de barris por dia, 400 000 destinam-se a países da área de influência do presidente. O pagamento se dá em condições extremamente favoráveis ou simbólicas. Cuba paga com o envio de médicos à Venezuela e a República Dominicana oferece diárias de hotéis em Santo Domingo. A previsão é de uma retração do PIB entre 1% e 2% e uma inflação de 35% a 40%.
A queda da produção petrolífera é o resultado dos desmandos, da corrupção e da ineficiência da nomenklatura chavista. Chávez aparelhou o estado com militares e amigos, com consequências desastrosas para as companhias estatais. Em dez anos, a Venezuela ultrapassou Paraguai e Colômbia para se tornar o país mais corrupto da América do Sul na avaliação da Transparência Internacional. A estatal petroleira PDVSA, símbolo do país e orgulho nacional no passado, não publica relatórios financeiros auditados há quatro anos. Todos os empregados estão alinhados com o presidente, já que Chávez demitiu quase metade dos funcionários em 2002, após uma greve. Para acomodar seus amigos, o número de cargos foi ampliado em 50%. Em vez de investir na manutenção e prospecção de poços, a empresa esvaziou seus cofres para financiar programas assistencialistas do governo e importar alimentos. Nenhuma surpresa, portanto, que a produção venezuelana tenha caído um terço no governo Chávez. Com a companhia de energia, a história é parecida. Desde que ela foi nacionalizada, em 2007, a cidade de Caracas passou a sofrer apagões constantes. "O maior fracasso de Chávez decorre da tentativa de acabar com o sistema capitalista. Tudo o que ele tentou colocar no lugar do livre mercado deu errado", disse a VEJA a cientista social venezuelana Isabel Pereira Pizani, pesquisadora do instituto de pesquisas Cedice, em Caracas.
Nada ilustra tão bem as mudanças ocorridas na Venezuela como o aumento da criminalidade. A taxa de homicídios triplicou no governo de Chávez e os grupos armados chavistas desfrutam total impunidade. O prefeito de Caracas, o oposicionista Antonio Ledezma, eleito no fim do ano passado, está impossibilitado de despachar na prefeitura, cujo prédio está ocupado por milícias chavistas. A invasão foi decidida depois que o novo prefeito anunciou que não renovaria o contrato de trabalho de 8 000 funcionários fantasmas contratados pelo prefeito anterior, um chavista. "As pessoas votaram em Chávez em 1998 porque estavam assustadas com o custo de vida elevado e queriam dar um fim à corrupção e à insegurança", disse a VEJA o cientista político venezuelano José Vicente Carrasquero. "O lamentável é que os problemas hoje são os mesmos de dez anos atrás, só que se tornaram muito mais graves."
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