TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Touché

Com as minhas armas de brinquedo
duelo com meus inimigos imaginários.

Os mais arrebatados de sangue quente
tentam atingir-me com armas de verdade.

Gargalho, alcanço-lhes o dorso, as nádegas, a nuca.
Grito: "Morreu, canalha!"

E outros mais endemoninhados avançam -
Bombas nas mãos, punhal entre os dentes, laser letal na retina.

Enlouquecidos,
tropeçam em seus próprios calcanhares -
sequer pegam gosto,
morrem no esplendor da brincadeira.

Graças a Deus existem meus sábios inimigos imaginários
conhecedores da minha futilidade de poeta -

Gargalham como eu,
com espada de plástico na mão,
atacam-me nas nádegas, no dorso, na nuca.
E também gritam - Morreu, canalha!

No final,
subimos todos
nas mangueiras
e pescamos peixes.

3 comentários:

chagas disse...

Sempre haverá fantasmas para afetar os poetas.
Poetas têm seus próprios fantasmas.
E o que é pior, sempre haverá vivos para afrontá-los, a eles poetas. É o preço.

Um abraço.

Lupeu Lacerda disse...

inimigos imaginários...
únicos possíveis para gente do nosso time:
poetas?
Criadores irascíveis do imaginário.

poema ducaralho cumpadre.

Maurício Tavares disse...

senso de humor rima com inteligência. gostei desse texto em que você revela uma boa dose de autocrítica mas sem choro e nem vela. as "divas" e as "primadonas" (primas do dono do teatro)sempre vão precisar de torres de marfim cercadas por fossos.quem não pode com o pote não pega na rodilha.