TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 11 de junho de 2009

"beijo"

dos lábios um sopro de bálsamos
o dia amanhece, os olhos margeiam
um instante de felicidade
escutam o mar com sua língua na areia
e o sabor de pequenas pedras na sola dos pés

5 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Momentos de felicidade
Plenos, puros
E aí vem o verso
E a arte imita a vida

chagas disse...

Mas a vida engana a arte
no sonho com quem converso
eu louco por toda parte
cercado pelos mil muros
que compõem esta cidade

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Não Chagas é que, apesar das muralhas, somo como as línguas de mar na areia. E com o sabor do pedregulho na planta do pé.

chagas disse...

Escuta, caro José.
Até hoje não aprendi
como esta cidade é.

Se é dura, com seus muros
me colocando em apuros
ou se sou eu que sou mole
achando que ela me engole
Não sei dizer com certeza.
Será isso uma fraqueza?

Como as línguas do mar
e o sabor do pedregulho...
Quem me dera ter o orgulho
de viver sem reclamar.

Mas sendo eu lá do Crato,
Não que eu seja um ingrato,
Como poderia ser
ver São Paulo escurecer

Um sujeito que sorria,
que sem carta de alforria
permanece agrilhoado,
um louco por todo lado.

Um coração de revolta,
sem ter caminho de volta
Bem no centro da cidade
não suporta a falsidade,

a essência dessas ruas
bem muito longe das suas,
como a rua André Cartaxo
onde sempre eu me acho

em plena imaginação.

Um abraço.

Carlos Rafael Dias disse...

Mas a cidade tem seus muros
E também tem um rio
Que já foi cristalino e hoje é sujo
Porque falta políticas públicas
Ou por que faltam homens puros?

A cidade tem um parque
E tem um pouco de arte
Mas falta quem faça a parte
necessária para que não seja tarde

E é tarde e não tem mais tempo
Nem pra mais um sorvete na Cinelândia
Nem pra mais um momento que seja
Pra no Bar de Alagoano
Tomar uma cerveja