TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O PODER DA ALTERIDADE DAS DOCES VOZES SOPRADAS DO SILÊNCIO INTERIOR (VÁRIOS AUTORES)



Bernardo Melgaço da Silva

A partir dos meus 11 ou 12 anos de idade, a minha experiência de vida teve um elemento imprevisível, ilógico, mágico, espiritual, misterioso e sublime. De lá para cá em tudo o que faço e vejo incluo essas experiências profundas na concepção da realidade que idealizo. E ao longo dos anos maduros da minha vida profana comum fui obrigado pelas circunstâncias naturais encontrar sentido na vida material sem excluir nada do que vi, ouvi e vivenciei do plano metafísico ao longo de vários anos.

Assim, acredito que tudo que realizamos como a arte, a filosofia, o misticismo, a religião, a ciência moderna e tradicional, a espiritualidade – e tudo mais! – tem um principio em comum: o sobrenatural e transcendental dentro de nós. Existe algo dentro de nós em silêncio (que vive em nós e que pode viver sem nós também - e não sabemos como em nós entrou!) que dita ou proclama (com princípio-verbo-ação) a verdade, a fé, a criatividade, o amor, a honestidade, a ética e todas as virtudes humanas.

Em todos os homens e em todas as mulheres, sem exceção, Ele habita potencialmente de forma doce, meiga e silenciosa – basta revelá-Lo! Por causa unicamente Dele, somos seres inexplicáveis em sua totalidade (explicamos e vemos no mundo objetivo apenas parte dessa realidade infinita e imortal).

“A vida tem cores que por vezes, não percebemos,
Tem sons que nem ouvimos,
Tem sabores que não provamos,
Armadilhas que nós mesmos armamos,
E caminhos, muitos caminhos que ainda não percorremos”
(Texto Caminhos da Vida, Paulo Roberto Gaefke, Internet, Junho de 2009)

TEXTO E FIGURA RETIRADO DA INTERNET:


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Bernardo Melgaço da Silva

E por isso mesmo, a vida se torna um milagre e um acontecimento constante e belo. Não somos apenas detentores de verdades comuns percebidas pela razão e os sentidos comuns, mas reveladores de visões de mundo e verdades (captadas) profundas e transformadoras da realidade.

Cada um de nós é ao mesmo tempo criador e criatura.

Por esse fato, de existir uma polaridade energética-existencial na diversidade ontológica somos compreensíveis e incompreensíveis; amados e odiados, respeitados e desrespeitados, objetivos e subjetivos, conscientes e inconscientes, atraídos e atraentes, lembrados e esquecidos. Oscilamos entre dois modos de ser e existir: o ser silencioso Criador e o ser pensante-falante criativo. Assim sendo, a comunicação dependerá do emissor, do meio e do receptor.

A comunicação se dá numa sintonia perfeita entre o emissor que se preparou, o meio adequado e o emissor que se apresenta disposto a ouvir e conferir, acrescentar ou rejeitar o conteúdo transmitido mudando ou não o conteúdo acumulado ao longo de sua vida e memória. Por isso, não devemos enaltecer ou idolatrar ninguém. Pois, “Aquilo que menos se sabe acerca de qualquer coisa é o princípio dela” René Alleau (A ciência dos símbolos).

A humildade é a arte do sábio. E a sabedoria é reconhecer que nada sabe. Por isso, a tolerância é a ciência da paz (paciência). Engrandecer a si ou a quem quer que seja é não ver que o objeto visto é parte intrínseca de sua projeção psicológica, pois a Verdade (e a Beleza também) é algo irreconhecível pela razão humana. Ninguém fala racionalmente a Verdade,muito menos explica a Beleza, apenas manifesta o que pode ser reconhecido-sentido e ao mesmo tempo revelar (intuir) o sopro do que É em nós irreconhecível-não sentido(pelos outros insensíveis a esse sopro metafísico).

Por isso, não conseguimos explicar e formatar a beleza, a poesia, o canto, a inspiração do cientista, a devoção do crente, a contemplação do místico, o amor de mãe, entre tantas e outras virtudes. Isto porque todas as virtudes humanas são princípios que se revelam naturalmente nos diversos campos: arte, ciência, religião, espiritualidade, misticismo - isso sem perceber o epifenômeno da transição que realizam simultaneamente entre esses modos e níveis de ser e se realizar como Criador-criatura.

Muitos serão comunicados e poucos serão reconhecidos pelo que se comunica. Por isso, um amigo meu falecido (querido amigo e professor Miguel de Simoni) afirmava que em muitas das vezes não queria ser incluído ou reconhecido porque sua produção acadêmica, filosófica e artística não era utilitária, mas essencial – dizia ele: ela (sua produção) não serve para nada cujo objetivo seja utilitário. O essencial é o invisível aos olhos e ouvidos condicionados. Ele não pode ser vendido ou mesmo fabricado, mas apenas sentido e amado incondicionalmente – e nesse processo ensina e eleva qualquer ser humano dotando-o de sensibilidade e visão supra-humana.

Por isso, escrevo por impulso intuitivo (supra-racional) há mais de vinte anos seguidos. E muitas vezes anunciei que queria parar (sinto o que escrevo num ritmo natural – sem explicação!) de enviar minhas mensagens. E por várias vezes, pedi ou roguei ao poder sobrenatural que não soprasse em meu ouvido. Mas, quem recebe esse dom não pode rejeitá-lo – já faz parte do seu ser integral (natural-sobrenatural). E quando anunciava a minha intenção de parar, no dia seguinte alguém ligava, mandava um e-mail ou falava diretamente: “não pare de escrever”. O próprio ex-Senador Artur da Távola (falecido recentemente) foi um deles. Recentemente o Prof. Carlos Rafael da Urca e tantas outras pessoas no Rio de Janeiro e aqui no Cariri. Quem “me-dita” (de meditação) as coisas é o sobrenatural intuitivo que adoro Ouvi-Lo em Silêncio profundo!

Escrevo porque adoro escrever (sem querer e pretender que todos me entendam – isso seria impossível!) e por isso treino continuamente minha fé embalada pela Intuição sobrenatural!

Entretanto, respeito os espaços onde não querem as minhas mensagens. Assim, se determinadas pessoas sérias e “donos” dos espaços mostrarem a sua insatisfação – imediatamente retiro o meu Verbo, mas continuo falando em outro.

O Criador não se engana - nunca! - e não deixa vazios no ato humano criativo das coisas do mundo!


GANDHI:

“Onde andará em nossa vida atribulada de hoje o silêncio, aquele no qual podemos ouvir não apenas a voz de Deus (já seria tanto), mas igualmente a nossa?
Somos vítimas da impossibilidade de silêncio. Instância ao mesmo tempo esmagadora e transcendente, o silêncio desaparece da vida extrovertida do habitante consumista das sociedades industriais do século. Os espaços intra-pessoais foram invadidos por sons, imagens, atividades, obrigações, estudos, leituras. Sempre há alguém falando direta ou indiretamente com esse habitante, do século vinte, no afã de fazer-lhe a cabeça, ganhar-lhe a vontade, ocupar-lhe a opinião. É sempre de fora para dentro. Sempre. Aí ele (eu, tu, nós, vós, eles) vai desaprendendo a ouvir a própria voz interior e a consultar partes suas às quais nunca cede a vez. O homem de hoje já não sabe deixar fluir de dentro para fora os pensamentos livres de sua cabeça, que não tenham a necessidade de levar a alguma conclusão pragmática. Já não mais sabemos ouvir vozes do silêncio.

Temos duas formas de pensar. Uma, quando nos dedicamos a pensar diretamente em algo, problema a resolver, dificuldades a resolver. Outra, quando somos pensados pelo que emerge de dentro, sem a orientação da lógica. Ser pensado pelo próprio pensamento é uma necessidade do espírito humano e do inconsciente, que vivem a engendrar idéias, visões, atitudes, fantasias importantíssimas para expressar o que o nosso eu mais profundo está percebendo e sentindo. E só somos pensados pelo próprio pensamento, quando obtemos uma instância de silêncio na qual o resultado desse fluxo criativo, caótico, luminoso e incessante pode emergir e ocupar o lugar dos pensamentos dirigidos e pensados (sempre motivados por realidades externas à nós).

Vivemos tempos de ditadura do pensar dirigido, objetivo e pragmático. Sem deixar fluir o mistério individual, jamais seremos nós mesmos e sim o que os demais e os sistemas querem que sejamos.

Os pensamentos dirigidos a algum fim são muito importantes. Energéticos e implacáveis, eles se impõem sem pedir licença. São uma espécie de diretor executivo da cabeça. Já os pensamentos que nos pensam por virem de dentro, são “pessoas” educadíssimas finas, incapazes de aparecer se não deixamos. Só surgem quando lhes dedicamos uma instância de silêncio e paz. Qualquer abalo externo os fará recolherem-se, sensitivos. E neles está a nossa verdadeira verdade.
Domingo é dia bom para ouvirmos as doces vozes do silêncio”.

"O único tirano que aceito em vida é uma voz interior doce e suave" GANDHI

ATTENBOROUGH, RICHARD - As Palavras de Gandhi, 3a ed., Rio de Janeiro, Record, 1982.


PAULO COELHO:

“Não parto da caracterização fácil de que todos os especuladores, todos os homens que administram a economia mundial são os vilões da história. Parto da necessidade de relembrar que sem dois princípios básicos o que se tem é barbárie. Quando falo de ética falo de dois princípios: ama a Deus e ama o próximo. Sem o princípio amar o próximo, não existe civilização. Amar é muito além de gostar, tem gente que eu não gosto, mas amar é aceitar. Todo processo de exclusão funciona em mão dupla. Você exclui, mas se exclui e perde todas as possibilidades que aquele universo que acabou de excluir poderia oferecer. É um momento de de falta de visão, pode ser de um segundo, de um minuto, de horas, de anos ou de séculos. Mas em algum momento a situação poderá mudar e você verificar que aquilo que excluiu era o melhor que tinha a ganhar” (p.10).

“O homem sempre procura o mistério da existência, em todos os países e em todas as religiões. É preciso procurar encontrar o que nos cerca e descobrir a cada dia algo novo. E é essa busca é universal, mais ainda quando não fundamentalista, no sentido de que seja a mesma para todas as pessoas. A beleza está na diversidade. Um jardim é o melhor exemplo, requer o trabalho diário e diariamente apresentará surpresas. As ervas daninhas podem crescer, e será necessário que cresçam para que se possa separar o joio do trigo. Se você matar todas as plantas, estará matando as flores junto com as ervas daninhas. Esse mistério de separar o joio do trigo é fascinante. É o mistério da vida. E é comum a todos os povos. O fundamentalismo é a prova da total falta de fé. O que cara que vai por Deus é para convencer a si mesmo. O martírio é uma ótima forma para você lutar com você mesmo. O cara que luta por Deus não tem tanta fé quanto o que aceita Deus. O sagrado é pax, não é guerra. O fundamentalismo pode facilmente conduzir o homem à barbárie. O apelo ao martírio é muito forte. E se você empurrar o homem para o martírio ele vai. Esse é o risco. Os homens que procuram Deus em algumas ceitas e em pequenos grupos altamente convencidos cometem o maior de todos os erros, transferem a responsabilidade a alguém, ao guru, o mestre, o revelador de segredos, seja quem for, porque não querem pagar o preço. Não querem se aproximar de Deus. E a cultura da diversidade é uma forma de conversar com Deus. É importante por isso defender que a globalização não implique na perda de identidade regional” (p.10).
PAULO COEHO, “Alquimia no Fórum de Davos”, Jornal do Brasil, Caderno ENTREVISTA, 25/01/98.


DOM HÉLDER CÂMARA: O DESERTO É FÉRTIL

“Deus, pensando em todos, chama alguns. Decide-os a pular no escuro, a partir, caminhar. Prova-os, através de sacrifícios terríveis. Mas, sustenta-os, encoraja-os. Dá-lhes a missão arriscada e bela de ser instrumentos de chamadas divinas. Encarrega-os de ser presença discreta na hora decisiva das opções. Deles faz animadores de caminhadas de outros, e muitos outros. Torna-os sinais de Deus, quando surgem as provações.

...Se sente, no íntimo, o desejo de responder às qualidades que possui, se o egoísmo lhe parece estreito e irrespirável; se experimenta fome de verdade, de injustiça e de amor, saiba que pode e deve caminhar conosco. Sem saber e, talvez, sem querer, é nosso irmão ou nossa irmã. Aceite a nossa fraternidade: nós nos entenderemos e poderemos caminhar juntos.

...Quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, sente-se interpelado: como ser medíocres, quando temos nossa mensagem religiosa para manter-nos e encorajar-nos!?...
Seremos tão surdos a ponto de não perceber que o Deus de amor nos alerta para o perigo real de a humanidade caminhar para o suicídio?

Seremos tão egoisticamente fechados de modo a não notar que o Deus da Justiça exige que nos movamos e tentemos um esforço sincero para que as injustiças não continuem a asfixar o mundo e a preparar a guerra?

Seremos tão alienados, tão distantes e tão frios, de maneira a dar-nos ao luxo de procurar Deus, em horas cômodas de lazer, em templos luxuosos, através de liturgias pomposas e, não raro, vazias, sem vê-Lo, sem ouvi-Lo, sem tocá-Lo, lá onde Ele está, e nos espera e exige nossa presença: no humilhado, no pobre, no oprimido, no injustiçado, sendo nós, muitas vezes, coniventes com essa situação?...

É fácil, relativamente fácil, escutar o chamado de Deus através dos acontecimentos do nosso tempo e do nosso meio. Difícil é não parar em atitudes emotivas de compaixão e de pesar. Dificílimo é arrancar-nos do comodismo; quebrar estruturas interiores (as mais duras e penosas de quebrar); deixar-nos revolver pela graça; decidir-nos a mudar de vida; a converter-nos!

PARTIR É, antes de tudo, sair de si. Romper a crosta de egoísmo que tende a aprisionar-nos no próprio eu.

Partir é não rodar, permanentemente, em torno de si, numa atitude de quem, na prática, se constitui centro do Mundo e da vida.

Partir é não rodar apenas em volta dos problemas das instituições a que pertence. Por mais importantes que elas sejam, maior é a humanidade, a quem nos cabe servir.

Partir, mais do que devorar estradas, cruzar mares ou atingir velocidades supersônicas, é abrir-se aos outros, descobri-los, ir-lhes ao encontro.

...O bom caminheiro preocupa-se com os companheiros desencorajados, sem ânimo, sem esperança... Adivinha o instante em que se acham a um palmo do desespero. Apanha-nos onde se encontram. Deixa que desabafem e, com inteligência, com habilidade e, sobretudo, com amor, leva-os a recobrar ânimo e voltar a ter gosto na caminhada.

...Mais de dois terços da humanidade são escravos da fome, da falta de saúde, do analfabetismo, da ausência de perspectiva e de esperança...O terço restante é escravo do egoísmo e do medo”
DOM HÉLDER CÂMARA - O Deserto é Fértil, 13a ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1985.

EINSTEIN:
"Raros são aqueles que olham com os seus próprios olhos e sentem com a própria sensibilidade" (p.67)
EINSTEIN (Como Vejo o Mundo, Nova Fronteira)

PLATÃO:
“Tente mudar o mundo – o primeiro passo é mudar a si mesmo”

Assim, quando os meus olhos se fecharem de vez e o meu Verbo se for para outros mundos da realidade (ou Morada) de Deus, poderei dizer para mim mesmo: Meus Deus Interior, fiz o que pude e comuniquei do meu jeito o que me soprastes pela intuição. Espero ter cumprido minha meta e missão espiritual: revelar A Verdade do Amor que TU me passastes em 1988. A vida continuará e o Amor não se apagará ou se esfriará nos corações daqueles que buscam a Verdade dentro de si mesmo com devoção, adoração, fé e intuição.

5 comentários:

socorro moreira disse...

Imagens lindas. texto enriquecedor. obrigada !

Bernardo Melgaço disse...

Socorro,

Obrigado!

Claude Bloc disse...

Bernardo,

Sua palavra é pura luz. Não permita que ela se apague. Carecemos desse conforto.

Abraço,

Claude

Bernardo Melgaço disse...

Claude,

Obrigado..mais uma vez pelo incentivo, amizade e consideração.

Abraço,

Bernardo

socorro moreira disse...

Sempre que entro no Cariricult , mato minha sede de sabedoria , nos teus textos. Pela carência, preciso relê-los.