Tanto tempo dentro do ovo
ao rachar-se a casca
sente frio no ventre
treme o bico -
Imenso o céu,
loucura os telhados.
Aquiete-se, andorinha -
logo mais tarde
as asas crescem,
os olhos enxergam
e se tiver sorte
terá ao entardecer
debaixo da sua árvore
um poeta distraído
com os olhos para o alto.
Mire bem na testa,
lance seu míssil.
Acorde esse covarde
amante da clausura.
Um comentário:
grande poeta do cotidiano,
eis a nossa covardia
diante da poesia:
deixarmos que ela
não tome os espaços.
abraços
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